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Delator diz que Vaccari mandou pagar R$ 120 mil a 'mulher humilde do PT'

Segundo Milton Pascowitch, o valor foi descontado do total da propina reservada ao ex-tesoureiro do PT na empresa Consist Software

O tesoureiro do PT e ex-presidente da Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo), João Vaccari Neto, durante depoimento à CPI das ONGs, sobre desvio de recursos da cooperativa e a existência de recursos públicos na Bancoop, no Senado em 2010
Ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto(Estadão Conteúdo)
O esquema de propinas desmontado pela Operação Lava Jato revelou um perfil generoso do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso desde o dia 15 de abril sob acusação formal de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo o delator e lobista de empreiteira na Petrobras Milton Pascowitch, o ex-tesoureiro do partido do governo "pediu ajuda para uma senhora humilde ligada ao PT".
Por sugestão de Vaccari, a mulher recebeu 120.000 reais, valor que foi descontado do total de uma propina reservada ao próprio petista na empresa Consist Software - sob investigação da Pixuleco II, 18º fase da Lava Jato, que descobriu uma trama com empréstimos consignados no âmbito do Ministério do Planejamento.
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Pascowitch contou que a transferência exigiu alguns trâmites de ordem burocrática, como a criação de uma pessoa jurídica pela "mulher humilde", o que possibilitou a emissão de nota fiscal da Jamp Engenheiros, de sua titularidade. O delator disse ainda que Vaccari chegou a sugerir o pagamento a "alguma central sindical ligada ao PT". Pascowitch contou que explicou ao ex-tesoureiro que não tinha como fazer essa operação com um sindicato porque tinha que emitir nota contra alguma empresa. Foi, então, que surgiu a "mulher ligada ao PT".
"Ela foi ao meu escritório e conversou com meu irmão [José Adolfo]. Ela disse que iria constituir uma empresa e dois meses depois retornou ao escritório apresentando os dados da Gomes e Gomes Promoção de Eventos e Consultoria". Foram realizados quatro pagamentos no valor de 30.000 reais cada. "Não houve qualquer formalização de contrato, mas somente a emissão de nota fiscal contra a Jamp. Não houve qualquer prestação de serviços à Gomes e Gomes".
Pascowitch disse que "não se recorda" do nome da mulher e que o valor de 120.000 reais "foi definido por João Vaccari". Segundo ele, "o valor pago foi abatido do valor que estava à disposição de João Vaccari referente ao contrato da Consist".
O criminalista Luiz Flávio Borges D Urso, que defende Vaccari, tem reiterado que o ex-tesoureiro do PT jamais arrecadou propinas para seu partido. Segundo D Urso, "todas as doações recebidas foram contabilizadas no PT e declaradas às autoridades competentes". O criminalista Theo Dias, que defende Pascowitch, disse que não pode se manifestar porque acata a cláusula de sigilo da colaboração premiada de seu cliente.
(Com Estadão Conteúdo)

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