Entenda o que está acontecendo na China e os reflexos nos mercados
Aumentam os temores sobre a desaceleração da economia chinesa.
'A bolha da economia chinesa começou a estourar', diz economista.
Um investidor é visto na frente de uma placa eletrônica que mostra informações de ações em uma corretora em Xangai, na China. (Foto: Aly Song/Reuters)
As preocupações em torno da economia da China têm abalado os mercados internacionais, provocando uma onda de fuga de ativos considerados mais arriscados e uma derrubada nas principais bolsas de valores do mundo.
Crescimento da China
PIB anual em %
A forte turbulência nos mercados tem como pano de fundo as indicações de que a desaceleração da economia chinesa poderá ser maior do que vêm indicando as projeções para o PIB (Produto Interno Bruto) oficial.
Paralelo a isso, as medidas do governo de socorro à bolsa chinesa vêm afastando os poupadores e atraindo mais especulação.
O movimento recente do banco central da China de desvalorizar o iuan também levou a um choque negativo no apetite de risco e elevou a preocupação de contaminação no crescimento global.
Confira abaixo perguntas e respostas sobre China:
"A bolha da economia chinesa começou a estourar depois de vários anos de crescimento robusto. Agora, está virando uma bola de neve e levando a bolsa junto", analisa o professor de finanças Alexandre Cabral, para quem os sinais de que a China desacelerava surgiram desde o ano passado.
Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management, afirma que a avaliação feita no mercado é de que a China nunca mais voltará a crescer a taxas ao redor de 10% ao ano por conta das fortes alterações macroeconômicas realizadas no país.
O Banco Central da China se comprometeu a apoiar o crescimento ‘sustentável’ do país e passou a limitar investimentos do exterior. As exportações, que apoiavam a economia chinesa, passaram a cair e o governo precisou desvalorizar o iuan.
Para o FMI, a desaceleração da China e a forte queda de seu mercado acionário não é o anúncio de uma crise, mas um ajuste "necessário".
"Os grandes afetados neste panorama são os países emergentes que se alinharam à China, principalmente depois da crise de 2008", diz Vieira. "A expectativa é sobre como a China irá se inserir nesse novo cenário de crescimento mais modesto e como os países que se tornaram dependentes da China vão se comportar a partir disso", diz Vieira.
Além do impacto no preço de commodities e volume exportado para a China, um menor crescimento chinês pode ocasionar uma fuga maior de recursos feitos por investidores internacionais em países emergentes como o Brasil.
"Os gringos podem começar a sair do país, não devido aos problemas internos da economia, mas porque os estrangeiros podem precisar fazer caixa e vender suas ações", diz Cabral.
O ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse que o governo tem agido para reduzir a volatilidade no câmbio e que o Brasil 'está preparado' para enfrentar turbulências como a provocada nesta segunda nos mercados após novo tombo da bolsa chinesa. "Temos um elevado estoque de reservas internacionais que dá ao Brasil segurança e capacidade para enfrentar essa flutuação cambial sem gerar um problema financeiro no país", destacou.
Outro lado da questão é que investidores de longo prazo estão investindo menos em ações porque muitos acumularam bons ganhos no último ano. O índice de Xangai, por exemplo, havia acumulado alta de 150% até junho.
O governo de Pequim tinha visto nos mercados acionários uma peça importante na estratégia de transformar o país numa sociedade de consumo. A popularização das bolsas serviria para recapitalizar as endividadas empresas do país e, ao mesmo tempo, fazer com que o pequeno investidor se sentisse rico. No entanto, o efeito tem sido oposto.
Outras medidas foram tomadas incluem emissões de bônus financeiros ou refinanciamento de empréstimos e o aumento das compras de ações de pequenas e médias empresas pela Comissão Reguladora da Bolsa de Valores da China para aumentar a liquidez do mercado.
"Boa parte do que eles produzem também depende de importação. Se a China manter esse pretenso ritmo econômico e se isso gerar inflação, o tiro pode sair pela culatra", avalia Jason Vieira,
Outros analistas acreditam que a desvalorização poderá desencadear guerras cambiais, com a desvalorização da moeda de outros países emergentes, na tentativa de se tornarem mais competitivos.
Os contratos futuros do açúcar bruto recuaram para uma mínima de sete anos, enquanto o café arábica caiu para o menor nível em um ano e meio. Operadores disseram que a fraqueza do real também era um fator chave de pressão para o açúcar e o café, que têm o Brasil como principal produtor, uma vez que a desvalorização da moeda local torna as vendas mais atrativas para os produtores.
Comentários
Postar um comentário