Moro diz ao STF que delator omitiu o nome de Cunha
Em documento enviado à corte, juiz defendeu a homologação do acordo de delação de Júlio Camargo – apesar de o lobista ter omitido o nome do deputado nos primeiros depoimentos
Cerveró e Fernando Baiano são condenados por corrupção
Sergio Moro reforça que Curitiba não investiga Eduardo Cunha
No ofício, Moro reconhece que Camargo "omitiu" informações, mas aponta que não há como dizer que o acordo de delação não poderia ter sido homologado. "Não se pode, ainda, afirmar que o acordo de colaboração celebrado por Júlio Camargo não poderia ter sido homologado por este juízo em outubro de 2014, porque, em 16/07/2015, revelou fato que havia então omitido, de que parte da propina nos contratos dos navios-sondas havia sido destinada ao referido deputado federal", escreveu o juiz. "Evidentemente, tempus regit actum (o tempo rege o ato), não tendo o juízo em outubro de 2014 qualquer conhecimento a respeito do fato admitido por Júlio Camargo somente em julho de 2015", completou Moro.
Foro privilegiado - O juiz também reiterou o que já havia apontado ao responder reclamação de Cunha ao STF dizendo que a "mera menção" ao presidente da Câmara no depoimento de Camargo não transforma o deputado em "acusado ou investigado". "O foro privilegiado não torna o detentor inominável nas instâncias inferiores", escreveu. Cunha alega que Moro "usurpou" a competência do STF de investigar deputados federais, que possuem foro privilegiado perante a Corte.
As diferentes versões apresentadas por Camargo nos depoimentos à Justiça Federal são usadas para fundamentar pedidos de anulação da delação do lobista feitos por réus nas ações no Paraná e também pela defesa de Cunha. Os advogados do presidente da Câmara também pedem a suspensão do processo, por entenderem que cabe ao Supremo presidir o inquérito, em razão da citação ao parlamentar. Ainda não houve decisão do STF.
(Com Estadão Conteúdo)
Comentários
Postar um comentário