Para salvar família, Corrêa diz que assume propina
Mensaleiro agora preso pelo petrolão, ex-deputado afirma à Justiça que era o único responsável pela propina: 'Eles faziam apenas as determinações que eu mandava'
Antes mesmo de ser questionado pelo juiz, o mensaleiro pediu permissão para falar: "Eu realmente estou sendo acusado com outras pessoas e quero dizer que essas outras pessoas não têm nenhuma responsabilidade nos fatos. Eu assumo a responsabilidade de todos os fatos".
Em seguida, Corrêa citou nominalmente seus filhos, Aline Corrêa e Fábio Corrêa, a nora Márcia Danzi e o ex-funcionário de gabinete Ivan Verson, todos réus no esquema de corrupção na Petrobras. "Eles faziam apenas as determinações que eu mandava. Eu era a pessoa que tratava sobre todos os assuntos referentes às imputações que estão sendo feitas através do Paulo Roberto Costa e do Alberto Youssef."
Surpreso, Moro disse não estar entendendo bem o depoimento e questionou se o réu estava assumindo as acusações contra ele. Corrêa foi enfático: "Eu estou assumindo a responsabilidade de que os outros réus não têm nada a ver com isso. Eu assumo a responsabilidade".
No entanto, após ser interrompido por sua defesa, recuou: "Eu não estou dizendo que eu cometi. Eu estou dizendo que eles não participaram. Eu vou me defender. Eles não têm participação. Essa participação é única e exclusiva minha. Se o Fábio recebeu algum dinheiro, fui eu que mandei. Se depositou algum dinheiro na conta de alguém, fui eu que mandei. Eles não tinham nenhuma participação sobre o fato", disse, em seguida negando que essa seria uma confissão de culpa. Corrêa permaneceu em silêncio no resto do depoimento.
Delação - Em delação premiada, o carregador de malas do doleiro Alberto Youssef, Rafael Ângulo Lopes confirmou na segunda-feira que pagou propina a Pedro Corrêa. Lopes disse que a propina ao ex-parlamentar chegava a até 200.000 reais por mês. A acusação estima que Corrêa e auxiliares embolsaram cerca de 40 milhões de reais em dinheiro sujo entre 2004 e 2014. Na planilha de propinas do delator, os repasses de dinheiro sujo a políticos eram anotados com a abreviatura "band", em referência a "bandidos".
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