Tesoureiro do PT citado no petrolão é delegado da campanha de Dilma
Documento obtido pelo site de VEJA mostra que João Vaccari Neto tem a função-chave de representar a candidata no Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
João Vaccari Neto, bancário, tesoureiro do PT, ex-presidente da Bancoop, em 2010
A função de Vaccari, no entanto, vai além de cuidar do financeiro do PT: ele tem posto privilegiado no projeto eleitoral da presidente Dilma. Documento obtido pelo site de VEJA mostra que o tesoureiro foi nomeado delegado da campanha de Dilma e tem a função-chave de representar a candidata no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Tamanha é a autonomia que Vaccari, tem, inclusive, a prerrogativa de fazer petições e assinar as credenciais dos fiscais da coligação.
Ao lado dele estão outros quatro delegados – todos ocupam posições no projeto de reeleição de Dilma: o secretário-geral do PT, Geraldo Magela, deputado federal derrotado na única vaga ao Senado pelo Distrito Federal; o ex-presidente do diretório paulista do PT e tesoureiro da campanha, Edinho Silva; o ex-ministro do TSE, Arnaldo Versiani, e Luis Gustavo Severo, ambos responsáveis pela área jurídica da campanha.
Embora tenha sido apontado como a ponte para o recebimento da propina, o PT tem se mostrando reticente a afastar o tesoureiro. Ao contrário: saiu em defesa dele e processou Paulo Roberto Costa por difamação.
Durante debate entre os candidatos à Presidência realizado no último domingo, Dilma evitou se voltar contra Vaccari. Questionada por Aécio se confia no tesoureiro, a presidente tergiversou: “Da última vez que um delator denunciou pessoas do seu partido, no caso do metrô e da compra dos trens, o senhor disse que não ia confiar na palavra de um delator. Eu sou diferente. Eu sei que há indícios de desvio de dinheiro. O que ninguém sabe é quanto foi e quem foi. Isso é muito importante”, disse.
O tucano insistiu na pergunta, ressaltando os tentáculos do esquema de propina podem alcançar outros órgãos, como a hidrelétrica de Itaipu, da qual Vaccari integra o Conselho de Administração. Mas a presidente novamente se esquivou: “Eu mando investigar. Eu faço questão que a Polícia Federal investigue. Eu não transferi nenhum delegado para outro Estado, eu não engavetei processos. É isso que não pode ocorrer no Brasil”, disse.
Leia também:
Datafolha: Dilma tem 52%, e Aécio, 48%
'O passado são eles', diz Aécio sobre 12 anos de PT
Dilma diz que eleição é a mais agressiva da história
Conforme mostra o site da Itaipu, também faz parte do Conselho de Administração do órgão o ministro licenciado da Casa Civil e braço-direito de Dilma Aloizio Mercadante, cotado para assumir o Ministério da Fazenda caso a petista seja reeleita. Mas a relação de Mercadante e Vaccari vem de longa data: nas eleições de 2002, quando conquistou a vaga no Senado, o ex-ministro tinha Vaccari como segundo suplente.
Comentários
Postar um comentário