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Novo grupo neonazista alarma a Alemanha

'Hooligans contra Salafitas', organização nascida no oeste do país, recruta torcedores violentos e prega a luta contra estrangeiros e muçulmanos

Manifestação do grupo neonazista 'Hooligans contra Salafitas'. em Colônia, na Alemanha
Manifestação do grupo neonazista 'Hooligans contra Salafitas'. em Colônia, na Alemanha 
O surgimento do grupo 'Hooligans contra Salafitas', uma organização violenta e ultradireitista, fez soar o alarme na Alemanha, tanto por sua virulência como pela capacidade de mobilização, maior que a de outros grupos neonazistas alemães. O governo federal, os Estados, o sindicato da polícia e a Liga de Futebol Alemã tentam entender o movimento e preocupam-se com a agressividade do grupo, que no domingo reuniu em Colônia, no oeste da Alemanha, cerca de 4.800 seguidores e entrou em confronto com policiais que tentavam contê-los.
Centenas de manifestantes atiraram pedras, garrafas e rojões contra os policiais e deixaram 44 agentes feridos. Várias viaturas foram destruídas na primeira grande convocação da organização recém-nascida. Um porta-voz do Ministério do Interior informou nesta quarta-feira que, desde fevereiro, o governo sabe da existência de contatos entre os violentos torcedores e a extrema-direita. A mesma fonte negou que as autoridades policiais tenham sido surpreendidas pelo potencial violento da convocação, mas admitiu que não esperavam tanto poder de mobilização, e esperavam no máximo 1.500 manifestantes.
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A Liga Alemã de Futebol fez questão de separar esse novo fenômeno e torcedores que têm sido identificados como violentos ou muito violentos em seus arquivos. “Não têm nada a ver com o futebol, era uma manifestação de orientação política e violenta, que adotou como inimigo comum o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) para recrutar adeptos e garantir certa aceitação social”, afirmou o secretário-executivo da Liga Alemã de Futebol, Andreas Rettig.
'Hooligans contra Salafitas' (HoGeSa, na sigla em alemão) tem um site muito ativo e simbologia claramente neonazista. Eles convidam os adeptos da extrema-direita para lutarem juntos contra os estrangeiros que moram na Alemanha, principalmente os muçulmanos. Segundo as autoridades, a organização incorporou militantes do partido ultradireitista Pró-NRW, uma facção da Renânia do Norte-Vestfália com apenas 1.900 militantes que luta contra a construção de mesquitas nesse Estado, que abriga Colônia. A cidade, nos últimos anos, já teve episódios e batalhas populares contra a minoria salafita da Alemanha, composta por cerca de 5.000 pessoas.
O Pró-NRW obteve 1,2% dos votos nas últimas eleições regionais, resultado alinhado com o baixo desempenho da extrema-direita nas urnas, que nunca conquistou cadeiras no Parlamento federal alemão. Colônia e a vizinha região do Vale do Ruhr são o terreno alvo da nova denominação do grupo, por concentrar a torcida de cinco clubes da primeira divisão da Liga Alemã de Futebol – Dortmund, Schalke 04, Bayer Leverkussen, Borussia Mönchengladbach e o FC Colônia – e outros tantos da segunda. O grupo neonazista recruta adeptos entre os torcedores mais violentos, daí o nome 'Hooligans contra Salafitas'.
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O Estado Renânia do Norte-Vestfália é empobrecido e está altamente endividado por causa do desmantelamento de seu tecido industrial e minerador, e suas autoridades têm de se dividir em duas frentes para combater tanto a extrema-direita como o islamismo extremista, que no ano passado realizou uma provocadora campanha de distribuição de exemplares gratuitos do Corão nas ruas.
A ressonância obtida pelo HoGeSa em sua estreia na Colônia fez as autoridades temerem novos e maiores confrontos nos eventos anunciados para o dia 15 de novembro, em Berlim e Hamburgo. O presidente do sindicato policial, Rainer Wendt, é a favor da proibição dessas convocações, que para ele não têm perfil de manifestação futebolística, mas de mero confronto com a polícia e de exaltação da ideologia neonazista.
(Com agências EFE e Reuters)

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