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Obama nomeia 'czar' do ebola, e surto entra no debate político

Republicanos criticam indicação de figura política para gerenciar uma crise na área da saúde. Advogado Ron Klain trabalhou com Al Gore e Joe Biden

Ron Klain coordenará a resposta dos Estados Unidos à epidemia de ebola
Ron Klain coordenará a resposta dos Estados Unidos à epidemia de ebola 
Com seu governo cada vez mais criticado pelos esforços tímidos na resposta aos casos de ebola identificados no país, o presidente Barack Obama decidiu nomear um ‘czar’ para coordenar a resposta de sua administração ao vírus mortal. O escolhido foi Ron Klain, advogado que foi chefe de gabinete dos vice-presidentes Al Gore e Joe Biden.
A função principal do ‘czar’ será ajudar a controlar um assunto que parece sair do controle da Casa Branca, como destacou um funcionário de alto escalão do partido Democrata ao jornal The New York Times. “Ele controlará a mensagem muito melhor do que a maioria das pessoas o faria. Isso é muito importante de um ponto de vista econômico e da saúde, mas também de uma perspectiva política”, afirmou a fonte. “Se alguém pode controlar a forma como o assunto está sendo divulgado e discutido em um período curto de tempo, ele é essa pessoa”.
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Muitos republicanos reclamaram da nomeação de Klain, por sua falta de experiência na área de saúde. No entanto, ele tem muito conhecimento em administração de crises, algo que a Casa Branca busca para este momento pré-eleições de meio de mandato. Bill Cassidy, médico que representa a Louisiana na Câmara dos Deputados e que tenta uma vaga no Senado, divulgou um comunicado dizendo que a nomeação de Klain “deixa claro que o presidente vê o ebola como uma crise política, não como uma crise de saúde”.
O republicano Ted Cruz, senador do Texas, foi duro na crítica a Obama. “Nós não precisamos de outro ‘czar’, precisamos de liderança presidencial. Essa é uma crise de saúde pública e a resposta não é outra figura política na Casa Branca”, disse, em comunicado. “A resposta é um comandante em chefe que lidere, banindo voos de nações atingidas pelo ebola e agindo decisivamente para garantir a segurança em nossa fronteira no sul”.
Uma das atuações de destaque do advogado foi na supervisão, pelo lado democrata, da recontagem de votos das eleições presidenciais de 2000. Em um filme da HBO sobre o assunto, ele foi interpretado por Kevin Spacey. Além da experiência em gerenciar crises e supervisionar operações complexas, Klain também tem boas relações com lideranças do Congresso, o que poderá ser crucial quando o governo pedir ao Legislativo a aprovação de recursos adicionais para ajudar na resposta ao ebola. A solicitação poderá ser feita depois das eleições do dia 4 de novembro.
O ‘czar’ responderá diretamente a Lisa Monaco, conselheira de segurança interna de Obama, e a Susan Rice, conselheira de segurança nacional. A Casa Branca declarou que as duas conselheiras estão fazendo um trabalho “excelente” diante desse desafio, mas como têm outras crises para supervisionar – o combate aos terroristas do Estado Islâmico, por exemplo – precisavam de ajuda em relação ao ebola.
Pânico – A ansiedade entre os americanos cresceu diante das falhas observadas em um hospital no Texas onde o primeiro paciente diagnosticado com ebola nos Estados Unidos foi tratado. Duas enfermeiras que trataram do paciente em Dallas, no Texas, também contraíram a doença e as autoridades disseram que outros cinquenta funcionários do hospital podem ter sido expostos ao vírus, por isso, estão sendo monitorados. O temor aumentou com a notícia de que uma enfermeira infectada viajou em um avião. Embora especialistas descartem qualquer possibilidade de uma epidemia do vírus ocorrer no Ocidente, diversos americanos já se mostram alarmados com o alcance da doença e céticos em relação à preparação das instituições de saúde para lidar com o problema. O reflexo poderá ser sentido nas urnas.
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Cargo vago – Em artigo para o Wall Street Journal, Linda Killian, do Woodrow Wilson Center, centro de pesquisas com sede em Washington, explicou que a nomeação de Klain poderia ter sido evitada se o cargo de ‘médico chefe’ dos Estados Unidos não estivesse vago há mais de um ano. Quem ocupa essa função chefia o Serviço de Saúde Pública do país e coordena as atividades do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, dos Institutos Nacionais de Saúde e de profissionais da área em todo o país. Também é o responsável pela comunicação com o público sobre temas de saúde – exatamente o que os EUA precisam agora.
A pessoa nomeada para a função, há cerca de um ano, era uma figura controversa demais. Vivek Murthy defende que a questão das armas é um tema de saúde. Ele pediu que armas de assalto fossem banidas e se indispôs com a Associação Nacional do Rifle, criticando sua influência no Congresso. Seu nome acabou não sendo votado no Senado.

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