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Sem reajuste de gasolina, Petrobrás gasta R$ 900 milhões a mais por mês

Alta do dólar eleva custo de importação da Petrobrás, que pode ser compensado por reajuste de combustíveis

BRASÍLIA - A demora na autorização de um novo reajuste para a gasolina e o óleo diesel no País deve provocar um gasto adicional para a Petrobrás de R$ 900 milhões por mês na importação desses combustíveis, segundo cálculos do Itaú BBA. Mas a presidente Dilma, apesar de decidida a autorizar o reajuste, quer esperar que o câmbio e a inflação estejam sob controle para definir o aumento.
A presidente avisou à estatal e aos auxiliares envolvidos com os cálculos do reajuste, segundo uma fonte graduada do governo, que aguardará a "acomodação" do câmbio numa "banda mais estável" de variação. E também quer projeções da área econômica sobre eventuais impactos de um choque de oferta global nas commodities agrícolas causado por nova quebra de safra nos Estados Unidos.
Dilma quer ter segurança sobre o "espaço na inflação" que o governo terá para amortecer seu efeito nos índices de custo de vida. O adiamento do reajuste é uma aposta na "convergência" dessas variáveis para estreitar o aumento. O governo já "precificou" que, a partir de agosto, a inflação medida pelo IPCA voltará a subir. "Todo ano é assim. Por isso, vamos esperar essas duas variáveis para decidir o tamanho do reajuste", informou a autoridade.
Esse "espaço" será decisivo para dimensionar o aumento nos preços na refinaria, uma medida considerada altamente impopular, mas necessária para reduzir as perdas da petroleira estatal com esses combustíveis.
Custo. A Petrobrás deverá gastar cerca de R$ 900 milhões mensais com importações sem esse aumento, avaliou relatório do Itaú BBA divulgado ontem. Esse gasto adicional, calcula a corretora, elevará a relação dívida líquida/Ebitda (lucro antes de juros, imposto, depreciação e amortização) para 4,2 vezes até o fim de 2014 e a relação dívida líquida/capital total a 46%.
O óleo diesel já foi reajustado duas vezes neste ano - 6,6% em janeiro e 5% em março. A gasolina teve aumento de 5,4% na refinaria em janeiro. A Petrobrás alega perdas com a defasagem entre os preços internos e a cotação internacional de derivados de petróleo, cotado em dólar - a moeda americana caiu 0,71% e fechou ontem a R$ 2,37.
O governo não tem mais espaço para neutralizar um novo aumento, já que zerou o imposto da gasolina (Cide) e elevou ao teto a mistura de etanol.
Volatilidade. A presidente avalia que a instabilidade do dólar impede, neste momento, qualquer projeção ou cálculo para o reajuste da gasolina e do óleo diesel. Por isso, o governo vai esperar o dólar flutuar de maneira mais suave. "Quando ficar em um intervalo durante um período mais longo, pode ser o momento de reajustar", disse a fonte. Mas os ruídos externos, com a iminência de mudanças na política monetária dos EUA, mantêm as dúvidas sobre essa variação menos brusca.
Dilma também avalia que é mais prudente esperar eventuais efeitos de nova seca nas principais regiões agrícolas americanas antes de definir. Isso pode alterar o quadro global de oferta e demanda de alimentos, puxando ainda mais para cima os preços dessas commodities. O reflexo do problema climático na inflação de alimentos pode alterar todo o panorama inflacionário neste semestre. Em 2012, quando ocorreu uma seca nas lavouras americanas, houve forte pressão dos alimentos no IPCA. "Temos de ter certeza sobre isso", disse a fonte.
Impactos. A estimativa do Itaú BBA mostra os potenciais impactos de uma alta dos preços na economia. Um reajuste de 10% no diesel e na gasolina tem impacto de 0,27 ponto porcentual no IPCA de 2013. A redução de alíquotas de PIS e Cofins pode neutralizar esse impacto ao consumidor final, mas custaria cerca de R$ 4 bilhões ao Tesouro. Isso reduzindo o superávit primário em 0,1% do PIB, o que é significativo, já que cumprir a meta atual de 2,3% já parece difícil, diz o relatório.
O cálculo da corretora não inclui o impacto indireto em toda a cadeia de valor da produção, o que poderia adicionar cerca de 0,10% do PIB em período mais prolongado.
"Acrescente a isso o risco de protestos de rua e greves de motoristas de caminhão, ou uma possível reação dos prefeitos de cidades como São Paulo ou Rio, que estão pedindo o restabelecimento da Cide sobre a gasolina para financiar a redução das tarifas de transporte público", avaliam os analistas Paula Kovarsky e Diego Mendes

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