Comboio de investigadores da ONU na Síria é atacado
Grupo seguia para local onde teria ocorrido ataque com armas químicas
Vítimas do ataque na região de Goutha, na Síria, em 21/08/2013
Depois de substituir o veículo atingido, os investigadores chegaram a um dos locais onde pessoas foram mortas no ataque da semana passada, informaram ativistas.
O governo sírio chamou os atiradores que agiram nesta segunda-feira de “terroristas” – termo que usa para designar os grupos rebeldes –, em comunicado divulgado pela TV estatal. A agência oficial Sana afirmou que três pessoas ficaram feridas. E o ditador Bashar Assad voltou a negar que suas tropas tenham usado armas químicas. “A área do suposto ataque fica junto às posições do Exército sírio. Então como é possível que um país use armas químicas em uma área controlada pela suas próprias forças?”, disse ao jornal russo Izvestia.
A autorização para que os inspetores tivessem acesso aos locais do massacre de civis foi dada pelo governo sírio neste domingo. A oposição síria acusou as forças de segurança pela morte de centenas de civis com gás venenoso na última quarta-feira. A demora para liberar o acesso fez com que um funcionário da administração Obama avaliasse que a autorização chegou ‘tarde demais’ para ter alguma credibilidade. “Se o governo da Síria não tem nada a esconder e quer provar para o mundo que não usou armas químicas nesse incidente, deveria ter garantido acesso imediato à equipe das Nações Unidas – cinco dias atrás”, disse o oficial, que não foi identificado.
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Provas - A Grã-Bretanha disse neste domingo que as provas de ataque com armas químicas poderiam já ter sido destruídas antes da visita de inspetores. "Nós temos de ser realistas sobre o que a equipe da ONU pode conseguir", disse a repórteres o secretário de Relações Exteriores William Hague.
"O fato é que boa parte das evidências pode ter sido destruída por um bombardeio de artilharia. Outras provas podem ter se degradado ao longo dos últimos dias e outras ainda podem ter sido adulteradas", disse, referindo-se aos relatos de ativistas de oposição de que o exército sírio bombardeou a área nos últimos dias.
Estados Unidos - O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, disse nesta segunda-feira que o governo americano só intervirá na Síria em conjunto com a comunidade internacional e com uma justificativa legal. “Os EUA estão analisando todas as opções em relação à situação na Síria. Estamos trabalhando com nossos aliados e com a comunidade internacional”, disse, em entrevista coletiva concedida em Jacarta, na Indonésia. “Se houver alguma ação a ser tomada, isso ocorrerá em conjunto com a comunidade internacional”.
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Hagel deverá discutir o tema com os secretários da França e Grã-Bretanha. O ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, apontou dificuldades diplomáticas para se alcançar um acordo internacional, salientando que Rússia e China provavelmente vetariam uma ação contra Assad no Conselho de Segurança da ONU. Isso representaria um problema para se criar uma base legal para uma intervenção. O chanceler britânico, William Hague, disse que seria possível responder a um ataque químico na Síria sem a anuência do conselho.
Além de França e Grã-Bretanha, a Turquia, ex-aliada de Assad, também afirma que se uniria a uma coalizão internacional para agir na Síria, mesmo se a decisão para agir for tomada sem um consenso nas Nações Unidas. A Rússia segue contra e manifestou "profunda preocupação" com as declarações oficiais do governo dos Estados Unidos sobre a disposição das Forças Armadas americanas de intervir na Síria.
O mandato dos investigadores da ONU inclui a busca de indícios de uso de armas químicas, sem que o grupo tenha que culpar alguém por um eventual uso. No entanto, as provas que os inspetores coletarem, como por exemplo, que míssil foi usado, pode indicar a origem do ataque. O secretário-geral das Nações Unidas disse nesta segunda que “cada hora conta”, no trabalho de análise dos indícios sobre o possível uso de arma química. “Não podemos permitir que haja mais atrasos. Todos vimos as terríveis imagens em nossas TVs e nas redes sociais. Claramente este foi um incidente maior e horrível. Devemos isso (a análise dos fatos) às famílias das vítimas do ataque”, afirmou Ban Ki-moon.
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