China é o único ‘Bric’ digno de manter o título, diz O’Neill
O ritmo de crescimento econômico em outros integrantes do grupo tem desapontado
SÃO PAULO - O ex-presidente de gestão de ativos do Goldman Sachs Jim O'Neill, que cunhou o acrônimo Bric para descrever os quatro países emergentes de melhor desempenho no começo da década passada, defende o termo inventado por ele, mas admite que três dessas nações o decepcionaram nos últimos anos.
Criado em 2001, o acrônimo reúne Brazil, Rússia, Índia e China, e tornou-se uma referência para o que era percebido como uma mudança do poder econômico para economias em desenvolvimento.
"Se fosse para revisar o termo, eu deixaria apenas o 'C'", disse O'Neill em uma entrevista. "Mas aí, eu acho que deixaria de ser um acrônimo."
O ritmo de crescimento econômico em outros integrantes do grupo tem desapontado e a perspectiva para os mercados emergentes de modo geral mudou nos últimos anos com o fim do boom das commodities e a desaceleração na China, que, no entanto, continua apresentando forte expansão em relação aos parceiros no Bric.
Enquanto isso, sinais de recuperação nos Estados Unidos e expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) logo comece a desfazer sua política de estímulos, talvez já a partir de setembro, têm ajudado a sustentar o dólar, sugando capitais dos emergentes e pressionando suas economias menos desenvolvidas.
Segundo O'Neill, "virou moda" dizer que o mundo desenvolvido está se recuperando enquanto todos os emergentes perdem força. "Mas o que as pessoas não entendem é o tamanho da China."
O'Neill calcula que se a China crescer 7,5% este ano, como previsto por ele, isso criará uma riqueza adicional de US$ 1 trilhão. "Para os EUA contribuírem no mesmo nível, o país teria de crescer cerca de 3,75%", argumentou.
Uma pesquisa recente do Federal Reserve da Filadélfia mostra que os economistas agora preveem crescimento de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano este ano, ante uma projeção anterior de 2% em maio.
Entre 2011 e 2020, O'Neill estima que os Brics terão expansão média anual de 6,6%, menor do que a média de 8,5% verificada na década passada. Até agora, a China tem respondido pela maior parte desse desempenho.
A Índia é a maior decepção entre os Brics, enquanto o Brasil tem sido o país mais volátil no que diz respeito à percepção dos investidores, avalia O'Neill.
"De 2001 a 2004, muitos me disseram que eu jamais deveria ter incluído o Brasil (no Bric)", lembrou O'Neill. Depois, entre 2008 e 2010, me chamaram de gênio por ter incluído o Brasil e agora, mais uma vez, estão dizendo que o Brasil não merece estar lá."
A taxa de expansão no Brasil, que chegou a 7,5% em 2010, tem sido fraca desde então, apesar das múltiplas medidas de estímulo adotadas pelo governo. As últimas projeções indicam que o país está condenado a crescer 2% ou um pouco mais que isso tanto em 2013 quanto em 2014. O forte desempenho brasileiro elevou as expectativas, mas muitos esqueceram que o país é vulnerável a grandes oscilações nos preços das commodities, comentou O'Neill.
Outra questão, diz ele, é que os investimentos privados continuam representando uma pequena parcela do PIB do Brasil. A taxa de investimento tem ficado em torno de 18% do PIB - o menor nível entre os Brics - há uma década.
Seu conselho para autoridades brasileiras, que têm mostrado desconforto com a rápida desvalorização do real e têm feito intervenções frequentes no mercado de câmbio é "relaxar". "Elas só deveriam se preocupar se houvesse uma alta nas expectativas de inflação", disse. A fraqueza da moeda, segundo ele, tem mais a ver com o que acontece no exterior do que com problemas domésticos.
Hoje, a taxa anual de inflação no Brasil está em 6,15%, perto do teto da margem de tolerância do banco central para 2013, fixada em 6,5%. Mesmo diante da perspectiva de crescimento fraco, O'Neill diz que não planeja acrescentar ou retirar letras de seu famoso acrônimo.
"Se, até o fim de 2015, a expansão continuar fraca no Brasil, Índia ou Rússia, aí eu posso (fazer isso)", comentou, observando, no entanto, que espera que o Brasil surpreenda positivamente em 2015, ou até mesmo em 2014.
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"Se fosse para revisar o termo, eu deixaria apenas o 'C'", disse O'Neill em uma entrevista. "Mas aí, eu acho que deixaria de ser um acrônimo."
O ritmo de crescimento econômico em outros integrantes do grupo tem desapontado e a perspectiva para os mercados emergentes de modo geral mudou nos últimos anos com o fim do boom das commodities e a desaceleração na China, que, no entanto, continua apresentando forte expansão em relação aos parceiros no Bric.
Enquanto isso, sinais de recuperação nos Estados Unidos e expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) logo comece a desfazer sua política de estímulos, talvez já a partir de setembro, têm ajudado a sustentar o dólar, sugando capitais dos emergentes e pressionando suas economias menos desenvolvidas.
Segundo O'Neill, "virou moda" dizer que o mundo desenvolvido está se recuperando enquanto todos os emergentes perdem força. "Mas o que as pessoas não entendem é o tamanho da China."
O'Neill calcula que se a China crescer 7,5% este ano, como previsto por ele, isso criará uma riqueza adicional de US$ 1 trilhão. "Para os EUA contribuírem no mesmo nível, o país teria de crescer cerca de 3,75%", argumentou.
Uma pesquisa recente do Federal Reserve da Filadélfia mostra que os economistas agora preveem crescimento de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano este ano, ante uma projeção anterior de 2% em maio.
Entre 2011 e 2020, O'Neill estima que os Brics terão expansão média anual de 6,6%, menor do que a média de 8,5% verificada na década passada. Até agora, a China tem respondido pela maior parte desse desempenho.
A Índia é a maior decepção entre os Brics, enquanto o Brasil tem sido o país mais volátil no que diz respeito à percepção dos investidores, avalia O'Neill.
"De 2001 a 2004, muitos me disseram que eu jamais deveria ter incluído o Brasil (no Bric)", lembrou O'Neill. Depois, entre 2008 e 2010, me chamaram de gênio por ter incluído o Brasil e agora, mais uma vez, estão dizendo que o Brasil não merece estar lá."
A taxa de expansão no Brasil, que chegou a 7,5% em 2010, tem sido fraca desde então, apesar das múltiplas medidas de estímulo adotadas pelo governo. As últimas projeções indicam que o país está condenado a crescer 2% ou um pouco mais que isso tanto em 2013 quanto em 2014. O forte desempenho brasileiro elevou as expectativas, mas muitos esqueceram que o país é vulnerável a grandes oscilações nos preços das commodities, comentou O'Neill.
Outra questão, diz ele, é que os investimentos privados continuam representando uma pequena parcela do PIB do Brasil. A taxa de investimento tem ficado em torno de 18% do PIB - o menor nível entre os Brics - há uma década.
Seu conselho para autoridades brasileiras, que têm mostrado desconforto com a rápida desvalorização do real e têm feito intervenções frequentes no mercado de câmbio é "relaxar". "Elas só deveriam se preocupar se houvesse uma alta nas expectativas de inflação", disse. A fraqueza da moeda, segundo ele, tem mais a ver com o que acontece no exterior do que com problemas domésticos.
Hoje, a taxa anual de inflação no Brasil está em 6,15%, perto do teto da margem de tolerância do banco central para 2013, fixada em 6,5%. Mesmo diante da perspectiva de crescimento fraco, O'Neill diz que não planeja acrescentar ou retirar letras de seu famoso acrônimo.
"Se, até o fim de 2015, a expansão continuar fraca no Brasil, Índia ou Rússia, aí eu posso (fazer isso)", comentou, observando, no entanto, que espera que o Brasil surpreenda positivamente em 2015, ou até mesmo em 2014.
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