Inspetores deixam a Síria; Obama pondera 'ataque restrito'
Enquanto o grupo de especialistas da ONU termina o trabalho de coleta de provas em Damasco, presidente americano defende ação limitada contra Assad
Especialistas em armas químicas da ONU visitam pessoas afetadas pelo suposto ataque com gás, em um hospital no subúrbio de Damasco - (26/08/2013) - Abo Alnour Alhaji
“Este não é um processo eleitoral, onde você tem sondagens e resultados preliminares. Este é um processo científico”, defendeu o porta-voz da ONU, Martin Nesirky, que garantiu que a intenção do órgão é agilizar ao máximo a conclusão da investigação.
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Estados Unidos - O anúncio de que os inspetores da ONU não divulgarão suas descobertas imediatamente ocorre no momento em que Washington sugeriu que o relatório da organização não teria influência sobre uma futura decisão americana de atacar o regime sírio em retaliação ao ataque com gás venenoso contra civis.
“A ONU não pode nos dizer nada que nós já não saibamos”, defendeu o secretário de Estado John Kerry em pronunciamento nesta sexta-feira, lembrando que as Nações Unidas não tem responsabilidade de apontar culpados, apenas de dizer se o ataque realmente aconteceu. Em um discurso que fortalece os indícios de que os EUA vão mesmo atacar a Síria, Kerry afirmou que há evidências de que foi o ditador Bashar Assad que lançou gases tóxicos no subúrbio de Damasco no dia 21 de agosto. Segundo um relatório da inteligência americana, 1 429 sírios foram mortos no ataque, incluindo 426 crianças.
Em conversa com repórteres, o presidente Barack Obama disse que ainda não decidiu qual será a resposta americana aos ataques, mas destacou que seu governo trabalha com a possibilidade de uma “ação restrita”, sem o envio de tropas por terra, e não uma campanha duradoura. O ataque seria um recado para a Síria e outras nações de que os EUA não irão tolerar o uso de armas químicas em nenhuma situação.
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Oportunidade - Especialistas defendem que, com a saída do grupo de inspetores da ONU, abre-se uma “janela de oportunidade” para a intervenção americana, que poderia acontecer a qualquer momento a partir de agora. "A partida dos inspetores remove os obstáculos práticos e políticos para uma ação militar", analisa o correspondente da rede britânica BBC no Oriente Médio, Kevin Connolly. “Qualquer ataque que colocasse (os inspetores) em perigo seria impensável e pareceria prematuro antes que o trabalho de coleta deles estivesse terminado.”
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