Dilma decide com Lula não mexer na gestão
Após longa conversa com ex-presidente, ela pediu ajuda para conter o racha entre PT e PMDB e concluiu que não fará mudanças sob pressão
25 de julho de 2013 | 23h 03
Vera Rosa e Tânia Monteiro - O Estado de S.
Paulo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff não cortará nenhum dos 39 ministérios
nem pretende mexer no primeiro escalão agora. Em conversa de três horas com o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira, em Salvador, Dilma
mostrou preocupação com a queda de popularidade do governo, registrada após as
manifestações de rua de junho, mas disse que não vai ceder, nesse momento, a
pressões por mudanças na equipe.
A portas fechadas houve muita reclamação sobre o comportamento do aliado PMDB
e também do PT. Não foi só: Dilma pediu ajuda a Lula para “enquadrar” o PT, que,
no seu diagnóstico, não está colaborando como deveria para defender o governo e
o plebiscito da reforma política. Para a presidente, divisões na seara petista e
o coro do “Volta Lula”prejudicam a governabilidade.
Embora os números da pesquisa CNI/Ibope só tenham sido divulgados ontem,
Dilma e Lula sabiam na reunião que a rejeição aos políticos afetaria a avaliação
não só da petista, mas também dos governadores. Apreensiva, a presidente chegou
a perguntar a auxiliares qual seria a repercussão na mídia da má avaliação do
governo, em meio à visita do papa Francisco ao Brasil.
O levantamento do Ibope mostra que o porcentual dos que consideram o governo
Dilma “ótimo” ou bom” caiu de 55% para 31% em um período de um mês, após as
manifestações de rua. Outros números indicam que a avaliação pessoal da
presidente despencou de 71% para 45% e que metade dos entrevistados não confia
nela.
Segundo o Estado apurou, Dilma e Lula expressaram contrariedade não só com o
racha no PT, mas também com a atitude do presidente da Câmara, Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN), que pregou publicamente o corte de ministérios como solução
para a crise política. A avaliação reservada é a de que o PMDB quer “surfar” na
onda dos protestos.
Cortes. A proposta de Alves prevê o corte de 14 dos 39
ministérios. Sem mencionar o número de pastas que deveriam ser extintas e
ressalvando que a decisão é de Dilma, o vice-presidente Michel Temer considerou
“razoável” a ideia de diminuir o tamanho da Esplanada.
Menos de uma semana depois, porém, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES)
afirmou que seu partido deveria entregar os cinco ministérios que ocupa (Minas e
Energia, Previdência, Agricultura, Turismo e Secretaria da Aviação Civil) para
dar o exemplo. “Há uma grande desfaçatez de líderes do PMDB, que exigem o
enxugamento da máquina, mas não abrem mão de seus postos”, criticou o senador
capixaba.
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse que o corte linear de cargos
não é solução. “Não é reduzindo ministério que se dá eficiência à máquina
pública. É preciso saber para que cada ministério foi construído, e isso todos
nós sabemos. Quando criamos a Secretaria para Mulheres, por exemplo, é porque
sabíamos que era preciso ter foco no que foi abandonado ao longo da história”,
argumentou o governador.
Wagner e o presidente do PT, Rui Falcão, participaram de um pedaço da reunião
entre Lula e Dilma. O ex-presidente contou como foi sua conversa, no fim de
junho, com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), possível adversário
de Dilma na disputa de 2014. Na avaliação de Lula, Campos só não lançou ainda a
candidatura ao Planalto para não ficar com uma “flecha” sobre sua cabeça, sendo
alvo de ataques.
Apesar das queixas recebidas nos últimos dias a respeito de problemas na
articulação política e na comunicação do governo, Dilma avisou que não fará
mudanças sob pressão. Na prática, ela não quer mostrar fragilidade num momento
em que a própria base aliada está conflagrada. Lula apoiou a decisão.
Em conversas reservadas, porém, petistas próximos a Lula dizem que Dilma
“passou do prazo” para promover uma reforma ministerial. Agora, a presidente
planeja trocas na equipe no fim do ano ou até mesmo no início de 2014, pouco
antes do prazo estipulado pela Lei Eleitoral para quem for candidato deixar o
Executivo.
Vera Rosa e Tânia Monteiro - O Estado de S.
Paulo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff não cortará nenhum dos 39 ministérios
nem pretende mexer no primeiro escalão agora. Em conversa de três horas com o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira, em Salvador, Dilma
mostrou preocupação com a queda de popularidade do governo, registrada após as
manifestações de rua de junho, mas disse que não vai ceder, nesse momento, a
pressões por mudanças na equipe.
A portas fechadas houve muita reclamação sobre o comportamento do aliado PMDB e também do PT. Não foi só: Dilma pediu ajuda a Lula para “enquadrar” o PT, que, no seu diagnóstico, não está colaborando como deveria para defender o governo e o plebiscito da reforma política. Para a presidente, divisões na seara petista e o coro do “Volta Lula”prejudicam a governabilidade.
Embora os números da pesquisa CNI/Ibope só tenham sido divulgados ontem, Dilma e Lula sabiam na reunião que a rejeição aos políticos afetaria a avaliação não só da petista, mas também dos governadores. Apreensiva, a presidente chegou a perguntar a auxiliares qual seria a repercussão na mídia da má avaliação do governo, em meio à visita do papa Francisco ao Brasil.
O levantamento do Ibope mostra que o porcentual dos que consideram o governo Dilma “ótimo” ou bom” caiu de 55% para 31% em um período de um mês, após as manifestações de rua. Outros números indicam que a avaliação pessoal da presidente despencou de 71% para 45% e que metade dos entrevistados não confia nela.
Segundo o Estado apurou, Dilma e Lula expressaram contrariedade não só com o racha no PT, mas também com a atitude do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que pregou publicamente o corte de ministérios como solução para a crise política. A avaliação reservada é a de que o PMDB quer “surfar” na onda dos protestos.
Cortes. A proposta de Alves prevê o corte de 14 dos 39 ministérios. Sem mencionar o número de pastas que deveriam ser extintas e ressalvando que a decisão é de Dilma, o vice-presidente Michel Temer considerou “razoável” a ideia de diminuir o tamanho da Esplanada.
Menos de uma semana depois, porém, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) afirmou que seu partido deveria entregar os cinco ministérios que ocupa (Minas e Energia, Previdência, Agricultura, Turismo e Secretaria da Aviação Civil) para dar o exemplo. “Há uma grande desfaçatez de líderes do PMDB, que exigem o enxugamento da máquina, mas não abrem mão de seus postos”, criticou o senador capixaba.
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse que o corte linear de cargos não é solução. “Não é reduzindo ministério que se dá eficiência à máquina pública. É preciso saber para que cada ministério foi construído, e isso todos nós sabemos. Quando criamos a Secretaria para Mulheres, por exemplo, é porque sabíamos que era preciso ter foco no que foi abandonado ao longo da história”, argumentou o governador.
Wagner e o presidente do PT, Rui Falcão, participaram de um pedaço da reunião entre Lula e Dilma. O ex-presidente contou como foi sua conversa, no fim de junho, com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), possível adversário de Dilma na disputa de 2014. Na avaliação de Lula, Campos só não lançou ainda a candidatura ao Planalto para não ficar com uma “flecha” sobre sua cabeça, sendo alvo de ataques.
Apesar das queixas recebidas nos últimos dias a respeito de problemas na articulação política e na comunicação do governo, Dilma avisou que não fará mudanças sob pressão. Na prática, ela não quer mostrar fragilidade num momento em que a própria base aliada está conflagrada. Lula apoiou a decisão.
Em conversas reservadas, porém, petistas próximos a Lula dizem que Dilma “passou do prazo” para promover uma reforma ministerial. Agora, a presidente planeja trocas na equipe no fim do ano ou até mesmo no início de 2014, pouco antes do prazo estipulado pela Lei Eleitoral para quem for candidato deixar o Executivo.
A portas fechadas houve muita reclamação sobre o comportamento do aliado PMDB e também do PT. Não foi só: Dilma pediu ajuda a Lula para “enquadrar” o PT, que, no seu diagnóstico, não está colaborando como deveria para defender o governo e o plebiscito da reforma política. Para a presidente, divisões na seara petista e o coro do “Volta Lula”prejudicam a governabilidade.
Embora os números da pesquisa CNI/Ibope só tenham sido divulgados ontem, Dilma e Lula sabiam na reunião que a rejeição aos políticos afetaria a avaliação não só da petista, mas também dos governadores. Apreensiva, a presidente chegou a perguntar a auxiliares qual seria a repercussão na mídia da má avaliação do governo, em meio à visita do papa Francisco ao Brasil.
O levantamento do Ibope mostra que o porcentual dos que consideram o governo Dilma “ótimo” ou bom” caiu de 55% para 31% em um período de um mês, após as manifestações de rua. Outros números indicam que a avaliação pessoal da presidente despencou de 71% para 45% e que metade dos entrevistados não confia nela.
Segundo o Estado apurou, Dilma e Lula expressaram contrariedade não só com o racha no PT, mas também com a atitude do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que pregou publicamente o corte de ministérios como solução para a crise política. A avaliação reservada é a de que o PMDB quer “surfar” na onda dos protestos.
Cortes. A proposta de Alves prevê o corte de 14 dos 39 ministérios. Sem mencionar o número de pastas que deveriam ser extintas e ressalvando que a decisão é de Dilma, o vice-presidente Michel Temer considerou “razoável” a ideia de diminuir o tamanho da Esplanada.
Menos de uma semana depois, porém, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) afirmou que seu partido deveria entregar os cinco ministérios que ocupa (Minas e Energia, Previdência, Agricultura, Turismo e Secretaria da Aviação Civil) para dar o exemplo. “Há uma grande desfaçatez de líderes do PMDB, que exigem o enxugamento da máquina, mas não abrem mão de seus postos”, criticou o senador capixaba.
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse que o corte linear de cargos não é solução. “Não é reduzindo ministério que se dá eficiência à máquina pública. É preciso saber para que cada ministério foi construído, e isso todos nós sabemos. Quando criamos a Secretaria para Mulheres, por exemplo, é porque sabíamos que era preciso ter foco no que foi abandonado ao longo da história”, argumentou o governador.
Wagner e o presidente do PT, Rui Falcão, participaram de um pedaço da reunião entre Lula e Dilma. O ex-presidente contou como foi sua conversa, no fim de junho, com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), possível adversário de Dilma na disputa de 2014. Na avaliação de Lula, Campos só não lançou ainda a candidatura ao Planalto para não ficar com uma “flecha” sobre sua cabeça, sendo alvo de ataques.
Apesar das queixas recebidas nos últimos dias a respeito de problemas na articulação política e na comunicação do governo, Dilma avisou que não fará mudanças sob pressão. Na prática, ela não quer mostrar fragilidade num momento em que a própria base aliada está conflagrada. Lula apoiou a decisão.
Em conversas reservadas, porém, petistas próximos a Lula dizem que Dilma “passou do prazo” para promover uma reforma ministerial. Agora, a presidente planeja trocas na equipe no fim do ano ou até mesmo no início de 2014, pouco antes do prazo estipulado pela Lei Eleitoral para quem for candidato deixar o Executivo.
Após longa conversa com ex-presidente, ela pediu ajuda para conter o racha entre PT e PMDB e concluiu que não fará mudanças sob pressão
- BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff não cortará nenhum dos 39 ministérios nem pretende mexer no primeiro escalão agora. Em conversa de três horas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na quarta-feira, em Salvador, Dilma mostrou preocupação com a queda de popularidade do governo, registrada após as manifestações de rua de junho, mas disse que não vai ceder, nesse momento, a pressões por mudanças na equipe.
A portas fechadas houve muita reclamação sobre o comportamento do aliado PMDB e também do PT. Não foi só: Dilma pediu ajuda a Lula para “enquadrar” o PT, que, no seu diagnóstico, não está colaborando como deveria para defender o governo e o plebiscito da reforma política. Para a presidente, divisões na seara petista e o coro do “Volta Lula”prejudicam a governabilidade.
Embora os números da pesquisa CNI/Ibope só tenham sido divulgados ontem, Dilma e Lula sabiam na reunião que a rejeição aos políticos afetaria a avaliação não só da petista, mas também dos governadores. Apreensiva, a presidente chegou a perguntar a auxiliares qual seria a repercussão na mídia da má avaliação do governo, em meio à visita do papa Francisco ao Brasil.
O levantamento do Ibope mostra que o porcentual dos que consideram o governo Dilma “ótimo” ou bom” caiu de 55% para 31% em um período de um mês, após as manifestações de rua. Outros números indicam que a avaliação pessoal da presidente despencou de 71% para 45% e que metade dos entrevistados não confia nela.
Segundo o Estado apurou, Dilma e Lula expressaram contrariedade não só com o racha no PT, mas também com a atitude do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que pregou publicamente o corte de ministérios como solução para a crise política. A avaliação reservada é a de que o PMDB quer “surfar” na onda dos protestos.
Cortes. A proposta de Alves prevê o corte de 14 dos 39 ministérios. Sem mencionar o número de pastas que deveriam ser extintas e ressalvando que a decisão é de Dilma, o vice-presidente Michel Temer considerou “razoável” a ideia de diminuir o tamanho da Esplanada.
Menos de uma semana depois, porém, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) afirmou que seu partido deveria entregar os cinco ministérios que ocupa (Minas e Energia, Previdência, Agricultura, Turismo e Secretaria da Aviação Civil) para dar o exemplo. “Há uma grande desfaçatez de líderes do PMDB, que exigem o enxugamento da máquina, mas não abrem mão de seus postos”, criticou o senador capixaba.
O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse que o corte linear de cargos não é solução. “Não é reduzindo ministério que se dá eficiência à máquina pública. É preciso saber para que cada ministério foi construído, e isso todos nós sabemos. Quando criamos a Secretaria para Mulheres, por exemplo, é porque sabíamos que era preciso ter foco no que foi abandonado ao longo da história”, argumentou o governador.
Wagner e o presidente do PT, Rui Falcão, participaram de um pedaço da reunião entre Lula e Dilma. O ex-presidente contou como foi sua conversa, no fim de junho, com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), possível adversário de Dilma na disputa de 2014. Na avaliação de Lula, Campos só não lançou ainda a candidatura ao Planalto para não ficar com uma “flecha” sobre sua cabeça, sendo alvo de ataques.
Apesar das queixas recebidas nos últimos dias a respeito de problemas na articulação política e na comunicação do governo, Dilma avisou que não fará mudanças sob pressão. Na prática, ela não quer mostrar fragilidade num momento em que a própria base aliada está conflagrada. Lula apoiou a decisão.
Em conversas reservadas, porém, petistas próximos a Lula dizem que Dilma “passou do prazo” para promover uma reforma ministerial. Agora, a presidente planeja trocas na equipe no fim do ano ou até mesmo no início de 2014, pouco antes do prazo estipulado pela Lei Eleitoral para quem for candidato deixar o Executivo.
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