Anulação de casamento será revista, diz papa
Francisco falou também sobre escândalos financeiros, ordenação de mulher e aborto
Trinta minutos depois de o voo decolar do Rio, o papa Francisco deixou a primeira classe e cumpriu uma promessa que fizera na viagem de Roma para o Brasil: responderia perguntas dos jornalistas. Poucos imaginaram que a conversa duraria quase uma hora e meia. Eis os principais trechos.
Banco do Vaticano. Eu não sei como o IOR (Instituto das Obras de Religião, o Banco do Vaticano) vai ficar. Alguns acham melhor que seja um banco, outros que deveria ser um fundo, uma instituição de ajuda. Eu não sei. Eu confio no trabalho das pessoas que estão trabalhando sobre isso. O presidente do IOR permanece, o tesoureiro também, enquanto o diretor e o vice-diretor pediram demissão. Não sei como vai terminar essa história. E isso é bom. Não somos máquinas. Temos de achar o melhor. Mas o fato é que, seja o que for, tem de ser feito com transparência e honestidade.
O que carrega na bolsa. Não tenho a chave da bomba atômica. Eu sempre fiz isso. Quando viajo, levo minhas coisas. E dentro o que tem? Um barbeador, um breviário (livro de liturgia), uma agenda, tinha um livro para ler, sobre Santa Terezinha. Sempre levei minha maleta. É normal. Temos de ser normais.
Rezem por mim. Sempre pedi isso. Comecei a pedir mais frequentemente quando passei a ser bispo. De verdade, me sinto com tantos limites, tantos problemas e também pecador. Peço a Nossa Senhora que reze por mim. É um hábito, mas que vem da necessidade. Eu sinto que devo pedir.
Austeridade. Fico na Casa Santa Marta (em Roma). Eu não poderia viver sozinho no Palácio (Apostólico), que não é luxuoso. Preciso de gente, falar com gente, trabalhar com as pessoas. Porque é que, quando os meninos da escola jesuíta me perguntaram se eu estava aqui pela austeridade e pobreza, eu respondi: não, não. É por motivos psiquiátricos. Psicologicamente, não posso. A austeridade é necessária para todos. Há santos na Cúria. Também há alguns que não são muito santos. E são estes que fazem mais barulho. Faz mais barulho uma árvore que cai do que uma floresta que nasce. Isso me dói. Porque são alguns que causam escândalos. Temos o monsenhor que foi para a cadeia (por lavagem de dinheiro). São escândalos que fazem mal.
Aborto e casamento gay. A Igreja já se expressou perfeitamente sobre isso. Eu não queria voltar sobre isso (no Rio). Não era necessário, como também não falei sobre outros assuntos. Eu também não falei sobre o roubo, sobre a mentira. Para isso, a Igreja tem um doutrina clara. Queria falar de coisas positivas, que abrem caminho aos jovens. E qual é a do papa? É a da Igreja, sou filho da Igreja.
'Jaula'. Vocês sabem que eu tenho vontade de passear pelas ruas de Roma? Adoro andar pelas ruas. E por isso me sinto um pouco enjaulado, mas tenho de dizer que a segurança vaticana é boa. Agora me deixam fazer algumas coisas mais. Mas seu dever é garantir minha segurança. (Me sinto) Enjaulado nesse sentido, de que gostaria de estar nas ruas. Mas entendo que não é possível.
Carismáticos. É verdade, as estatísticas mostram (a perda de fiéis
Banco do Vaticano. Eu não sei como o IOR (Instituto das Obras de Religião, o Banco do Vaticano) vai ficar. Alguns acham melhor que seja um banco, outros que deveria ser um fundo, uma instituição de ajuda. Eu não sei. Eu confio no trabalho das pessoas que estão trabalhando sobre isso. O presidente do IOR permanece, o tesoureiro também, enquanto o diretor e o vice-diretor pediram demissão. Não sei como vai terminar essa história. E isso é bom. Não somos máquinas. Temos de achar o melhor. Mas o fato é que, seja o que for, tem de ser feito com transparência e honestidade.
O que carrega na bolsa. Não tenho a chave da bomba atômica. Eu sempre fiz isso. Quando viajo, levo minhas coisas. E dentro o que tem? Um barbeador, um breviário (livro de liturgia), uma agenda, tinha um livro para ler, sobre Santa Terezinha. Sempre levei minha maleta. É normal. Temos de ser normais.
Rezem por mim. Sempre pedi isso. Comecei a pedir mais frequentemente quando passei a ser bispo. De verdade, me sinto com tantos limites, tantos problemas e também pecador. Peço a Nossa Senhora que reze por mim. É um hábito, mas que vem da necessidade. Eu sinto que devo pedir.
Austeridade. Fico na Casa Santa Marta (em Roma). Eu não poderia viver sozinho no Palácio (Apostólico), que não é luxuoso. Preciso de gente, falar com gente, trabalhar com as pessoas. Porque é que, quando os meninos da escola jesuíta me perguntaram se eu estava aqui pela austeridade e pobreza, eu respondi: não, não. É por motivos psiquiátricos. Psicologicamente, não posso. A austeridade é necessária para todos. Há santos na Cúria. Também há alguns que não são muito santos. E são estes que fazem mais barulho. Faz mais barulho uma árvore que cai do que uma floresta que nasce. Isso me dói. Porque são alguns que causam escândalos. Temos o monsenhor que foi para a cadeia (por lavagem de dinheiro). São escândalos que fazem mal.
Aborto e casamento gay. A Igreja já se expressou perfeitamente sobre isso. Eu não queria voltar sobre isso (no Rio). Não era necessário, como também não falei sobre outros assuntos. Eu também não falei sobre o roubo, sobre a mentira. Para isso, a Igreja tem um doutrina clara. Queria falar de coisas positivas, que abrem caminho aos jovens. E qual é a do papa? É a da Igreja, sou filho da Igreja.
'Jaula'. Vocês sabem que eu tenho vontade de passear pelas ruas de Roma? Adoro andar pelas ruas. E por isso me sinto um pouco enjaulado, mas tenho de dizer que a segurança vaticana é boa. Agora me deixam fazer algumas coisas mais. Mas seu dever é garantir minha segurança. (Me sinto) Enjaulado nesse sentido, de que gostaria de estar nas ruas. Mas entendo que não é possível.
Carismáticos. É verdade, as estatísticas mostram (a perda de fiéis
Bento XVI. É um homem de Deus, de reza. Hoje, ele mora no Vaticano. Alguns me perguntam: como dois papas podem viver no Vaticano? Eu achei uma frase para explicar isso. É como ter um avô em casa. Um avô sábio. Eu o convidei para vir comigo em algumas ocasiões. Ele prefere ficar reservado. Se tenho alguma dificuldade, não entendo alguma coisa, posso ir até ele. Sobre o problema grave do Vatileaks (vazamento de documentos secretos do Vaticano), ele me disse tudo com simplicidade.
Matrimônio. Essa é uma pergunta que sempre se faz. A misericórdia é maior do que o exemplo que você deu. A Igreja é mãe. Ela cura os feridos. Ela não se cansa de perdoar. Os divorciados podem fazer a comunhão. Não podem quando estão na segunda união. Esse problema deve ser estudado pela Pastoral Matrimonial. Há 15 dias, esteve comigo o secretário do sínodo dos bispos, para discutir o tema do próximo sínodo. E posso dizer que estamos a caminho de uma Pastoral Matrimonial mais profunda. Um cardeal disse ao meu antecessor que a metade dos matrimônios é nula, porque as pessoas se casam sem maturidade ou porque socialmente devem se casar. A questão da anulação do casamento deve ser revisada.
Vatileaks. Vou contar uma anedota sobre o informe do Vatileaks. Quando fui ver o papa Bento, ele disse: 'Aqui está uma caixa com tudo o que disseram as testemunhas'. Havia ainda um envelope com o resumo. E ele sabia tudo de memória. Mas não me assustei. São problemas grandes, mas não me assustei.
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