Conflito na Colômbia deixou 220.000 mortos desde 1958
Relatório analisa guerra interna que envolve guerrilhas, grupos armados e milícias paramilitares, além das forças do estado
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos
O relatório, entregue ao presidente Juan Manuel Santos, analisa as ações das guerrilhas, dos grupos paramilitares e dos grupos armados e também coloca sobre a mesa as responsabilidades que o estado e seus agentes, como a Justiça, têm por ação, omissão ou decisões políticas – algo inédito para um informe elaborado por mandato legal, como destacou a revista Semana. A publicação acrescenta que, em matéria de atribuir responsabilidades, o documento pode se converter em uma referência para as complexas negociações entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Iniciado em outubro do ano passado, este é o quarto processo de paz encampado pelo governo colombiano com a narcoguerrilha em três décadas – e corre o risco de terminar sem avanços, como os anteriores.
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A situação descrita no relatório ajuda a explicar a dificuldade em negociar um processo de paz em um país que há décadas vive uma rotina de horrores. Entre 1980 e 2012 foram quase 2.000 massacres, 59% cometidos por grupos paramilitares, 17% por guerrilhas e 8% por agentes do estado. No total, deixaram mais de 11 000 vítimas. Em relação aos sequestros, foram registrados mais de 27 000 no país, entre 1970 e 2010, sendo que mais de 90% foram realizados por guerrilhas. O restante foi obra de paramilitares.
O historiador Gonzalo Sánchez, atual diretor do centro, explica as formas de ação mais comuns de cada um dos atores do conflito. “Os paramilitares matam mais que as guerrilhas, que sequestram mais e causam mais destruição que os paramilitares”.
Há, ainda, um saldo de 25.000 desaparecidos, 6.000 crianças recrutadas e quase cinco milhões de deslocados. O documento ressalta, no entanto, que os dados apontados “não dão conta de tudo o que aconteceu realmente, na medida em que parte da dinâmica e do legado da guerra é o anonimato, a invisibilidade ea impossibilidade de reconhecer todas as vítimas”.
Em resposta ao relatório, o presidente colombiano reconheceu a responsabilidade do estado, em uma intervenção diante da Corte Constitucional. "O estado colombiano foi responsável, em alguns casos por omissão, em outros casos por ação direta de alguns de seus agentes, por graves violações aos direitos humanos e infrações ao direito internacional humanitário ocorridas ao longo destes 50 anos de conflito armado interno".
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