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Governo mobiliza base para votar hoje mudança na meta fiscal de 2015

Lideranças estão preocupadas em no conseguir quórum suficiente para alterar o alvo fiscal deste ano de superávit para déficit; parlamentares do PSDB e do DEM já dizem que vão tentar obstruir a deliberação

A Presidente da República, Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF)
Se não conseguir alterar a meta fiscal neste ano, presidente Dilma pode ser enquadrada pela Lei de Responsabilidade Fiscal (/Reuters)
Lideranças alinhadas com o governo na Comissão Mista do Orçamento (CMO) deflagraram uma mobilização para aprovar nesta terça-feira o projeto de lei que altera a meta fiscal de 2015. Parlamentares governistas passaram os últimos dias procurando aliados do colegiado a fim de garantir o quórum para apreciar a proposta, uma das principais matérias em discussão no Congresso.
O Palácio do Planalto está preocupado em não conseguir votar até o final do ano o projeto que prevê uma mudança na meta de um superávit primário de 1,13% do PIB para um déficit que pode superar os 2% do PIB. Se não cumprir o alvo previsto originalmente e não mudá-lo via Congresso, a presidente Dilma Rousseff poderá ser enquadrada pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e também por crime de responsabilidade. No limite, abriria uma brecha para ela ser alvo de um novo pedido de processo de impeachment.
Na semana passada, aliados do governo disseram ter fechado nos bastidores um acordo com a oposição para aprovar na CMO o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2016 sem a possibilidade de se abater investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Em troca, os oposicionistas não iriam criar dificuldades regimentais para permitir a votação do projeto que altera a meta fiscal.
Governistas, contudo, desconfiam que a oposição não vai cumprir o acerto e decidiram buscar os parlamentares aliados para que compareçam à reunião desta terça-feira prevista para votar o projeto. A expectativa de quem coordena a estratégia é de presença maciça de aliados. Por serem maioria da comissão, deputados e senadores da base estão sendo convocados por telefone para derrotar no voto a oposição.
O colegiado é composto por 63 deputados e 21 senadores titulares, sendo que, para votação, é preciso a presença de pelo menos 14 representantes da Câmara e seis do Senado. Após passar pela CMO, a matéria tem de ir à votação no Congresso.
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Uma das razões para não acreditar que a oposição ajudará o governo é que a deputada Professora Dorinha (DEM-TO) apresentou na semana passada um voto em separado para rejeitar a mudança da meta fiscal. "O governo tem maioria na comissão, mas tem que saber exercê-la", afirmou o deputado Hugo Leal (PROS-RJ), relator do projeto que muda a meta, que destacou estar "pronto" para a discussão com a oposição.
O deputado Domingos Sávio (PSDB-MG) negou que tenha havido na semana passada um acordo com a base para permitir a aprovação da proposta que muda a meta fiscal. Embora admita que não tenha votos suficientes para vencer o governo na CMO, ele adiantou que a oposição não concorda com a alteração da meta e que usará de todos os instrumentos previstos no regimento para estender a votação ao máximo.
"É praticamente uma missão impossível para a oposição impor uma derrota ao governo", reconheceu Domingos Sávio. "Não é o nosso estilo tumultuar ou fazer uma obstrução que inviabilize os trabalhos, mas queremos discutir porque se quer legalizar um déficit de até 120 bilhões de reais", completou o tucano.
Deputados do PSDB e DEM anunciaram nesta segunda que vão recorrer a todas as manobras possíveis para tentar obstruir a votação da revisão da meta fiscal. A ideia dos parlamentares é já começar a obstrução a partir da análise do Relatório de Receitas e Despesas, também previsto para ser votado hoje. "Vamos obstacular a CMO para não votar e já vamos tentar obstruir o relatório de receitas e despesas", afirmou o líder da minoria na Câmara, Bruno Araújo (PSDB-PE). "O DEM também vai obstruir. Essa revisão é uma tentativa do governo de limpar a cena do crime", disse o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que foi escolhido hoje relator da Proposta da Emenda à Constituição (PEC) que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) na comissão especial que analisará o mérito da matéria.

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