Pular para o conteúdo principal

Eike admite ter recorrido a Lula, mas nega atuação de Bumlai em favor do Grupo X

O empresário Eike Batista em audiência pública na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga supostas irregularidades na gestão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em Brasília
O empresário Eike Batista em audiência pública na CPI do BNDES nesta terça-feira, em Brasília(/Folhapress)
Citado pelo lobista Fernando Baiano como um dos empresários que poderia ser ajudado pelo pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, em contratos de navios-sonda para o grupo OSX, o ex-bilionário Eike Batista admitiu nesta terça-feira ter ele próprio tentado a ajuda do petista quando empresas do Grupo X estavam à beira da derrocada, mas disse que o governo - ou mesmo "qualquer governo" - não ajudaria um grupo antes tão próspero como o dele.
"É impossível um governo, qualquer governo, querer apoiar um grupo considerado enorme e gigante do jeito que era com qualquer tipo de ajuda. Não funciona. Fui o primeiro que me rendi e disse 'vamos reestruturar com os bancos não querendo ajuda pública", disse. Segundo ele, o prejuízo que o Grupo X causou ao BNDES foi "zero". "O mundo empresarial é isso. Fracassou, tem que pagar a conta. Paguei toda a conta", afirmou.
Condenado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) à inabilitação temporária de cinco anos para o exercício de cargo de administrador ou de conselheiro fiscal de companhias abertas, Eike disse que não sabia "em absoluto" que Bumlai poderia estar atuando em favor da OSX e afirmou que, ainda que conhecesse Baiano, não pagou comissões ou propinas ao lobista. "Essas coisas não fluem na companhia. Nunca houve nada, absolutamente nada [de pagamento de propina], disse.
Leia mais:
Eike, nada modesto: 'Eu sei que sou um fenômeno'
Eike Batista não poderá comandar companhias abertas até 2020
"Nunca tive nada com ele, nunca paguei nada para o senhor Bumlai. Conheço, já encontrei com eles duas vezes, mas não tive nada com o senhor Bumlai. Meu relacionamento com o BNDES e com apoio político, talvez se eu tivesse relacionamento melhor não tivesse entrado nessa crise", disse. Sobre Baiano, deu poucas explicações: "qualquer coisa aparecia lá. Não sei [quem apresentou]. Só sei que ele apareceu lá no escritório. Como todo mundo, ele queria vender serviços para a empresa".
Segundo o também delator e ex-gerente da área internacional da Petrobras, Eduardo Musa, entre as obras "contaminadas" por dinheiro sujo na Petrobras estavam contratos de montagem de módulos para plataformas da Petrobras, com a participação da empresa OSX, do próprio Eike Batista. Para o ex-bilionário, as acusações gerais de irregularidades no Grupo X são falsas. "Não era o queridinho da mídia, nunca fui o queridinho da Petrobras e nem era o queridinho das empreiteiras", resumiu.
José Dirceu - Na CPI do BNDES, Eike Batista também admitiu ter contratado serviços de uma suposta consultoria do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu para prospectar negócios na Bolívia durante o governo Evo Morales. Os serviços de Dirceu por meio da JD Consultoria são investigados pela Operação Lava Jato como um dos mecanismos utilizados pelo petista para lavar dinheiro do escândalo do petrolão. Segundo o ex-bilionário, as negociações envolviam uma siderúrgica. Eike afirmou que se considera "amigo" de Lula, mas disse que não tem a mesma relação com Dirceu. Ele condenou a postura do governo brasileiro de não defender os investidores que haviam investido na Bolívia e que perderam seus ativos com a nacionalização da exploração de hidrocarbonetos decretada por Morales e ainda disse que a consultoria paga a Dirceu "não valeu" o que ele pagou ao petista.
"Me espanta muito não ter recebido ajuda [do governo brasileiro na época da nacionalização]. Achei que valia a pena o risco da Bolívia e subestimei que Evo fosse assim tão reativo. Esperava que meu país fosse defender o interesse de um investidor brasileiro no exterior".
Em seu depoimento à CPI, Eike Batista ainda tentou a todo momento destacar seu empreendedorismo e rechaçar a tese de que lesou o contribuinte, por meio do BNDES, com seus negócios falidos. "O povo brasileiro não foi lesado com os meus negócios. Nunca houve [investimento a fundo perdido do BNDES]. O BNDES teve zero de prejuízo com o Grupo X. E não tenho absolutamente nenhuma pendência com o BNDES".
O empresário aproveitou boa parte de seu depoimento aos deputados para atacar a mídia e acusar veículos de imprensa de o denegrirem porque não pagava anúncios em jornais e revistas. "Acredito que nunca paguei dinheiro para a mídia, de propaganda. Como a gente tinha que pagar os balanços, fora isso não fazia propaganda. Sei lá, se criou um buraco em volta do grupo OGX. Impressionante como fomos massacrados. Não devo nada ao BNDES , foi tudo pago de volta", disse.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular