Collor pagou carros de luxo com dinheiro de propina, diz PF
Laudo anexado a processo contra o senador aponta indícios de que frota de luxo foi financiada com dinheiro do petrolão, segundo jornal. PGR já havia apontado a suspeita ao STF
Collor também é alvo de outros dois inquéritos no âmbito da Lava Jato, o mais recente foi aberto na semana passada. Nesta quarta-feira a PGR enviou mais dois pedidos de abertura de inquérito no âmbito da Lava Jato contra o senador. O conteúdo dos documentos encaminhados à Corte é mantido sob sigilo e será encaminhados ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos sobre o esquema de corrupção na Petrobras.
Pelo sistema do STF, até o momento, só é possível saber que os dois novos casos são apurações sobre corrupção passiva. Os novos inquéritos têm como base duas petições mantidas ocultas no Supremo - procedimento que costuma ser usado para abrigar delações premiadas ainda em segredo.
A denúncia feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Collor aponta para um esquema de uso de carros de luxo para lavagem de dinheiro. Segundo reportagem da Folha, a PF quebrou o sigilo de 110.000 operações bancárias em onze contas do parlamentar, de sua mulher e de empresas dele. Agentes identificaram depósitos em dinheiro vivo fracionados para o senador - os valores eram geralmente baixos, para não levantar suspeitas. A ação, de acordo com a PF, é indicativo de lavagem de dinheiro.
Foram identificados 469 depósitos de 2.000 reais, num total de 938.000 reais. Todos eles foram feitos da mesma agência do banco Itaú em Brasília. Justamente a que aparece nos comprovantes apreendidos com o doleiro Alberto Youssef, pivô do esquema de corrupção desvendado pela Lava Jato. "Os pagamentos dos veículos podem ser inequivocadamente associados aos depósitos em espécie", diz o documento, de acordo com o jornal.
Os veículos que teriam sido pagos com dinheiro sujo são uma Lamborghini Aventador, uma Ferrari 458, um Bentley Flying e um jipe Range Rover. A coleção custou 6,2 milhões de reais. A Polícia Federal chegou a apreender cinco carros de luxo de Collor durante uma das fases da Lava Jato. No mês passado, no entanto, o ministro Teori Zavascki atendeu a um pedido feito pela defesa do senador, que alegou que os veículos demandam cuidados especiais, e devolveu quatro carros à guarda do senador.
Em acordo de delação premiada, o doleiro Alberto Youssef apontou o senador alagoano como beneficiário de propina em uma operação da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A distribuição do dinheiro sujo contava com a participação do ex-ministro de Collor, Pedro Paulo Leoni Ramos, dono da GPI Investimentos e amigo de longa data do senador. Na triangulação do suborno, foi fechado um contrato com uma rede de postos de combustível de São Paulo e que previa a troca de bandeira da rede, para que o grupo se tornasse um revendedor da BR Distribuidora. O negócio totalizou 300 milhões de reais, e a cota de propina, equivalente a 1% do contrato, foi repassada a Leoni Ramos, que encaminhava finalmente a Collor. Na explosiva delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, Fernando Collor também foi citado como o destinatário de 20 milhões de reais em propina, pagos pela construtora entre 2010 e 2012, para que o senador defendesse interesses da companhia com a BR Distribuidora.
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