Pular para o conteúdo principal

Collor pagou carros de luxo com dinheiro de propina, diz PF

Laudo anexado a processo contra o senador aponta indícios de que frota de luxo foi financiada com dinheiro do petrolão, segundo jornal. PGR já havia apontado a suspeita ao STF

Reviravolta: de inimigo visceral do PT nos anos 90, Fernando Collor converteu-se em um de seus mais fieis aliados
Fernando Collor: frota de luxo.
Laudo da Polícia Federal anexado ao processo contra o senador Fernando Collor (PTB-AL) no Supremo Tribunal Federal aponta os indícios de que os carros de luxo apreendidos na casa do parlamentar em operação da PF foram comprados parcialmente com dinheiro de propina. As informações são do jornal Folha de S. Paulo. Em agosto, Collor foi um dos primeiros políticos com mandato denunciados pela Procuradoria-Geral da República ao STF por envolvimento no petrolão. Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.
Collor também é alvo de outros dois inquéritos no âmbito da Lava Jato, o mais recente foi aberto na semana passada. Nesta quarta-feira a PGR enviou mais dois pedidos de abertura de inquérito no âmbito da Lava Jato contra o senador. O conteúdo dos documentos encaminhados à Corte é mantido sob sigilo e será encaminhados ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos sobre o esquema de corrupção na Petrobras.
Pelo sistema do STF, até o momento, só é possível saber que os dois novos casos são apurações sobre corrupção passiva. Os novos inquéritos têm como base duas petições mantidas ocultas no Supremo - procedimento que costuma ser usado para abrigar delações premiadas ainda em segredo.
A denúncia feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Collor aponta para um esquema de uso de carros de luxo para lavagem de dinheiro. Segundo reportagem da Folha, a PF quebrou o sigilo de 110.000 operações bancárias em onze contas do parlamentar, de sua mulher e de empresas dele. Agentes identificaram depósitos em dinheiro vivo fracionados para o senador - os valores eram geralmente baixos, para não levantar suspeitas. A ação, de acordo com a PF, é indicativo de lavagem de dinheiro.
Foram identificados 469 depósitos de 2.000 reais, num total de 938.000 reais. Todos eles foram feitos da mesma agência do banco Itaú em Brasília. Justamente a que aparece nos comprovantes apreendidos com o doleiro Alberto Youssef, pivô do esquema de corrupção desvendado pela Lava Jato. "Os pagamentos dos veículos podem ser inequivocadamente associados aos depósitos em espécie", diz o documento, de acordo com o jornal.
Os veículos que teriam sido pagos com dinheiro sujo são uma Lamborghini Aventador, uma Ferrari 458, um Bentley Flying e um jipe Range Rover. A coleção custou 6,2 milhões de reais. A Polícia Federal chegou a apreender cinco carros de luxo de Collor durante uma das fases da Lava Jato. No mês passado, no entanto, o ministro Teori Zavascki atendeu a um pedido feito pela defesa do senador, que alegou que os veículos demandam cuidados especiais, e devolveu quatro carros à guarda do senador.
Em acordo de delação premiada, o doleiro Alberto Youssef apontou o senador alagoano como beneficiário de propina em uma operação da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras. A distribuição do dinheiro sujo contava com a participação do ex-ministro de Collor, Pedro Paulo Leoni Ramos, dono da GPI Investimentos e amigo de longa data do senador. Na triangulação do suborno, foi fechado um contrato com uma rede de postos de combustível de São Paulo e que previa a troca de bandeira da rede, para que o grupo se tornasse um revendedor da BR Distribuidora. O negócio totalizou 300 milhões de reais, e a cota de propina, equivalente a 1% do contrato, foi repassada a Leoni Ramos, que encaminhava finalmente a Collor. Na explosiva delação premiada do empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da UTC Engenharia, Fernando Collor também foi citado como o destinatário de 20 milhões de reais em propina, pagos pela construtora entre 2010 e 2012, para que o senador defendesse interesses da companhia com a BR Distribuidora.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular