Contrária a Angra 3 em 2005, Dilma passou a defender obra em 2007
Quando ministra de Minas e Energia do governo Lula, Dilma resistiu à realização da obra. Na Casa Civil, deu voto favorável à retomada da construção da usina
Composto por 14 conselheiros, sendo nove ministros de Estado, o CNPE tem a função de assessorar a presidência da República sobre questões nacionais de energia. Em 2007, a recomendação favorável do órgão possibilitou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizasse oficialmente a retomada do projeto, paralisado desde a década de 1980.
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Dilma considerava a energia nuclear muito cara e dava preferência a outras alternativas existentes, como hidrelétricas e térmicas. Segundo um representante de ministério que participou das reuniões do CNPE, Dilma levava muito em consideração a questão dos custos na definição de políticas energéticas. Por essa razão, não deu prioridade ao uso de energia eólica e de biomassa, que eram mais caras na época.
Em declaração de 2005, a então ministra de Minas e Energia justificou sua opinião contrária à conclusão do projeto da terceira usina nuclear no complexo de Angra: "Do ponto de vista do meu ministério, não tem o menor sentido escolher Angra 3 como a fonte que seja economicamente a mais barata neste momento. É essa a nossa posição".
Com a saída de Dirceu do governo e a ida de Dilma para a Casa Civil, chegou-se a especular que Angra 3 não sairia do papel. Casa Civil e Minas e Energia eram considerados os ministérios de voz mais ativa no âmbito do CNPE. Em 2007, Dilma adotou uma nova posição no conselho, favorável à obra. O único voto contrário veio de Marina Silva, que deixaria o Ministério do Meio Ambiente no ano seguinte.
O ministro de Minas e Energia na ocasião era Nelson Hubner, que havia sido chefe de gabinete de Dilma na pasta. Ele assumiu o cargo interinamente, após a saída de Silas Rondeau, envolto em investigações sobre fraude em licitações. Rondeau indicou para a presidência da Eletronuclear o vice-almirante Othon Pinheiro, personagem central nas investigações da Polícia Federal. As investigações apontam pagamento de, ao menos, R$ 4,5 milhões em propina ao "Almirante" de grandes empreiteiras ganhadoras do consórcio para realizar as obras de Angra 3. A suspeita é de que a propina pelo negócio chegue na casa dos R$ 30 milhões.
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