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Dilma queima Levy e pode desgastar Wagner

Demora em decidir destino da Fazenda afeta bom efeito de boa escolha para Casa Civil
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KENNEDY ALENCAR
BRASÍLIA
Se demorar a resolver problemas na economia, a presidente Dilma Rousseff queimará o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, que começou a arrumar as coisas na política. O governo só superará a crise em definitivo se sinalizar alguma solução para a economia, mas o que faz a presidente? Ela é a principal responsável pela fritura de Joaquim Levy.
Nesta semana, ela não deu uma palavra a favor do ministro da Fazenda, mesmo diante do bombardeio contra o ministro. Ao longo do ano, a presidente deixou de apoiar Levy em discussões importantes. Exemplo: Levy era contra a desastrada decisão de apresentar um orçamento deficitário ao Congresso.
Foi Dilma quem permitiu o desgaste da autoridade do ministro da Fazenda. Ela brincou de enfraquecer o comandante da economia. Ao não defender Levy, a presidente fez com que ele perdesse credibilidade e condição política de permanecer.
O sentido de uma eventual troca seria tirar alguém que está queimado por um nome novo, que pudesse sinalizar esperança de recuperação econômica e recomeçar negociações com o Congresso e com os empresários a partir de um novo plano de trabalho.
Quando a presidente Dilma se reelegeu, o ex-presidente Lula, que havia ouvido queixas de petistas e peemedebistas sobre a inabilidade política do então ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, fez uma sugestão a ela. Reconduzir Mercadante para o Ministério da Educação e colocar Jaques Wagner, que deixaria o governo da Bahia, na chefia da Casa Civil.
Dilma ignorou a sugestão e ampliou a crise política desde então. Só realizou a troca em outubro. Por teimosia, jogou fora um ano.
No mínimo, Lula sugeriu três vezes a Dilma nomear Meirelles para a área econômica. O primeiro conselho nesse sentido aconteceu no final de 2010, quando ele recomendou que ela mantivesse Meirelles no Banco Central e Guido Mantega na Fazenda. Ela segurou Mantega na Fazenda, mas tirou Meirelles do BC.
Juntos e afinados, Dilma e Mantega fizeram uma política econômica desastrosa, que gerou inflação de 10% ao ano, juros na Lua, crescimento baixo, desemprego e destruição da credibilidade fiscal.
Em 2013, logo após as manifestações de junho e julho, Lula voltou a sugerir Meirelles para o lugar de Mantega. Hoje, o país paga o preço daquela decisão de ter continuado com Mantega, que ficou demitido no cargo durante meses na campanha eleitoral.
Ou seja, a presidente esticou a corda com Mercadante e Mantega, só fazendo as trocas quando essas pessoas já estavam queimadas. Fez isso também com Maria das Graças Foster na Petrobras. Só a tirou do cargo depois de incinerada politicamente.
Agora, está repetindo o processo com Joaquim Levy, que não tem culpa pela atual crise econômica, que foi contratada no primeiro de mandato de Dilma. Chamado para consertar o estrago, Levy foi bombardeado por Dilma, Mercadante e Nelson Barbosa (Planejamento) antes de ser criticado por Lula e o PT.
Neste momento da crise, há um agravante. Jaques Wagner entrou na Casa Civil e melhorou a relação política do governo com o Congresso, com aliados e até com alguns oposicionistas. Só que tem de resolver a economia para o governo sobreviver politicamente.
Se a presidente demorar a tomar uma decisão sobre o Ministério da Fazenda, queimará Wagner. A presidente já fritou Levy. As previsões sobre emprego e queda da economia em 2016 só pioram.
A demora da presidente Dilma Rousseff em decidir custa muito caro ao Brasil.

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