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FMI ameaça Argentina com censura pública

Desconfiança em relação às estatísticas econômicas motivou decisão do Fundo, que criticou também a Venezuela por falta de transparência

WASHINGTON - O Fundo Monetário Internacional (FMI) ameaça apresentar uma censura pública à Argentina em setembro, caso não haja acordo com Buenos Aires sobre a revisão de suas estatísticas econômica. Há anos, o FMI apresenta uma ressalva sobre os dados argentinos em seus documentos, por considerá-los inseguros, e informa ter usado uma combinação de cálculos oficiais e de instituições privadas. Até setembro, a Argentina será alvo também de uma avaliação criteriosa de sua economia pelo FMI. A medida será estendida à Venezuela e a outros cinco países que não aceitam a revisão anual aplicada a todos os sócios da instituição.
A possível censura pública foi admitida em uma carta enviada pela secretária de Estado, Hillary Clinton, com respostas às perguntas pontuais do senador americano Richard Lugar. O Estado teve acesso à missiva, enviada no último dia 28 de fevereiro.
No texto, Clinton informa que o FMI vai realizar uma reunião em maio para "discutir o fracasso da Argentina em divulgar estatísticas e se reunirá formalmente em setembro para decidir se censura" o país. "Nós não esperamos nenhuma diluição das exigências (do FIM sobre as estatísticas de seus membros) no caso da Argentina", afirmou a secretária de Estado.
A desconfiança do Fundo e do Banco Mundial sobre os dados oficiais argentinos acentuou durante o governo de Néstor Kirchner, nos anos 2000, quando o Instituto de Estatística e Censo (Indec) passou a sofrer ingerência do governo. Suas estatísticas de inflação, em especial, tornaram-se cada vez discrepantes com as calculadas por institutos privados. Essa situação continua no atual governo de Cristina Kirchner.
Nesta sexta, o vice-diretor de Hemisfério Ocidental do FMI, Gilbert Terrier, confirmou ter havido conversas entre especialistas do Fundo e negociadores argentinos nas últimas duas semanas. "Espero que possamos avançar até setembro", limitou-se.
A diretoria-executiva do FMI, em paralelo, encomendou a avaliação da economia dos sete membros que se recusam a cumprir com as regras do artigo 4 do compromisso de adesão dos países ao Fundo. A Argentina e a Venezuela são os únicos da América Latina nessa lista. O artigo 4 prevê a avaliação anual da economia de cada sócio do FMI e é realizado com base no estudo de dados oficiais e da visita de uma missão. O trabalho será feito em parceria com o Banco Mundial e será entregue em setembro, na época da reunião anual de ambas as instituições.
"Não terá a qualidade de uma avaliação com base no artigo 4", lamentou o diretor do FMI para Hemisfério Ocidental, Nicolas Eyzaguirre. Conforme acrescentou, o governo argentino pediu ao Fundo a realização de uma auditoria do setor financeiro no país, o que deve ocorrer entre o final deste ano e o início de 2013.
Em sua carta ao senador Lugar, Hillary Clinton havia opinado sobre o tema. "Estamos extremamente desapontados com o fato de a Argentina não ter completado as consultadas do artigo 4 desde 2006. Nós apoiamos e continuaremos a apoiar a política do FMI de cobrar da Argentina o cumprimento de suas obrigações", afirmou.
Expropriação. A Argentina foi alvo anteontem de críticas duras do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, pela iniciativa de expropriar a parcela majoritária da espanhola Repsol na YPF, a maior petroleira do país. Ontem, o editorial "A Argentina Escolheu seu Passado", o jornal Washington Post sugeriu a exclusão do país do G20, o grupo das economias avançadas e emergentes, e sua substituição pelo Chile, "que superou de longe a Argentina em desenvolvimento econômico e político".
Questionado sobre a ideia, o chileno Eyzaguirre afirmou que não a comentaria. Ao final do encontro do G20, na tarde de ontem, o ministro de Finanças do México, José Antonio Meade, escapou dizendo não ser esse o fórum adequado para tratar de uma disputa bilateral. No dia anterior, em uma conferência do Banco Mundial na qual estava ao lado do ministro argentino de Economia, Hernán Lorenzini, Meade disse que seria breve em seus comentários finais para "não correr o risco de ser expropriado" pelo colega.

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