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Derrocada de premiê holandês evidencia crise em um dos países mais austeros da Europa

Renúncia, apesar de esperada, preocupa investidores; temor é que a Holanda 'flexibilize' sua postura de grande defensora da responsabilidade fiscal

O ex-primeiro ministro da Holanda Mark Rutte Renúncia marca crise da coalização que estava a apenas um ano e meio no poder                                     
Já era esperada pelo mercado a renúncia nesta segunda-feira do primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte. A expectativa não significa, contudo, que os investidores estejam tranquilos com a mudança. Pelo contrário, investidores vêm na derrocada de Rutte um sinal de dificuldades na administração da crise europeia nas próximas semanas. A explicação é que um dos países mais estáveis da união monetária, que vinha adotando duro discurso em favor da austeridade fiscal, dá sinais de mudança de rumo. Neste final de semana, o ex-premiê não obteve apoio para realizar cortes adicionais nas finanças públicas e analistas já dizem que o país pode perder sua nota de crédito AAA caso não consiga realizar os ajustes.
Leia também: Premiê holandês apresenta renúncia de gabinete à rainha
Final de semana tenso – O governo de Rutte não conseguiu alcançar neste final de semana um acordo com seu principal aliado político sobre novos cortes orçamentários, considerados cruciais. Diante do impasse, o primeiro-ministro holandês decidiu abandonar o governo. A renúncia marca o fim de uma coalizão que deu forte apoio ao tratado fiscal da União Europeia e que passava sermões na Grécia sobre a necessidade de arrumar as finanças domésticas. A crise política num país tradicionalmente visto como um dos mais estáveis e prósperos da zona do euro vinha sacudindo os mercados financeiros nos últimos dias.
As turbulências na Holanda aprofundaram-se quando o Partido da Liberdade, de viés populista e anti-UE, rejeitou neste fim de semana as propostas da coalizão centro-direitista para cortar entre 14 bilhões de euros e 16 bilhões de euros do orçamento com o objetivo de adequar o déficit nacional às metas da UE no ano que vem. Novas eleições devem ser anunciadas já nesta segunda e podem ser realizadas em setembro ou outubro, dizem analistas.
Bolsas europeias – Nesta segunda-feira, ante a má notícia vinda da Holanda e o clima de incerteza política na França, dado o resultado disputado do primeiro turno das eleições no país, os principais índices acionários das bolsas europeias registraram as mínimas em três meses. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações de empresas do continente, fechou em queda acentuada de 2,39%, aos 1.021 pontos.
"Pecadores orçamentários" – Rutte e o ministro das Finanças, Jan Kees – que abandonou reuniões com o FMI em Washington por causa do surgimento da crise – estão entre os maiores críticos de "pecadores orçamentários" como Grécia e Portugal dentro da zona do euro.
A coalizão está no poder desde 2010, e seu fracasso em definir medidas que levem o déficit holandês a 3% do PIB provocou comentários críticos em Bruxelas, onde fica a sede da UE. "Primeiro você tem uma ‘boca grande’ para violadores orçamentários, e aí você mesmo não consegue cumprir. Em vez disso, precisa ter novas eleições apenas um ano e meio depois de o novo governo tomar posse", disse um diplomata.
Assim como outros países da zona do euro, a Holanda tem até 30 de abril para explicar à Comissão Europeia como pretende reduzir seu déficit. Investidores se desfizeram na segunda-feira de títulos da Holanda e de países periféricos do euro, o que elevou para mais de 6% o ágio pago pela endividada Espanha sobre os seus papéis.

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