DAMASCO - O frágil cessar-fogo de menos de três semanas na Síria sofreu nesta
quinta-feira, 26, seu mais duro abalo com a morte de dezenas de civis em Hama.
Em meio ao aumento da violência, a Liga Árabe anunciou que pedirá ao Conselho de
Segurança da ONU que reveja sua política sobre a Síria se o governo não honrar a
trégua. Nos últimos dias, líderes de EUA e França defenderam uma ofensiva
diplomática para permitir uma intervenção militar no país.
Mesmo com a presença na Síria do primeiro time de observadores das Nações Unidas, agora com 15 integrantes, violações à trégua têm sido registradas. Nesta quinta, um voluntário do Crescente Vermelho (versão islâmica da Cruz Vermelha) foi morto a tiros dentro de uma ambulância em Douma, subúrbio de Damasco. A oposição acusa forças do regime de deliberadamente impedir ambulâncias de retirar feridos de regiões de protestos. Segundo o governo Assad, o voluntário foi morto por "terroristas" – nome que o regime usa para designar todos os opositores, armados ou desarmados.
Os observadores da ONU estiveram nesta quinta-feira no local da tragédia em Hama, afirmou o porta-voz de Annan, Ahmad Fawzi. Ele não revelou a que conclusões chegaram os funcionários após a visita. Imagens de vídeos postadas no YouTube mostram uma densa fumaça branca e amarela saindo do bairro atingido. Outros vídeos exibem supostos moradores buscando pertences entre os escombros e o corpo ensanguentado de uma garota.
Reforço. Espera-se que o contingente de observadores das Nações Unidas chegue a 300 nas próximas semanas. Fontes da ONU afirmaram à agência Reuters que o plano é enviar todo reforço até o dia 12 – um mês após o início do cessar-fogo.
A Síria supostamente está impondo restrições à escolha dos observadores, o que atrasaria o processo. Damasco não quer que, entre os funcionários militares e civis a caminho, estejam cidadãos de países que integram o grupo Amigos da Síria, que dá forte apoio à oposição a Assad. O porta-voz da chancelaria russa, Alexander Lukashevich, acusou a oposição síria de usar "táticas terroristas". Moscou é o principal aliado de Assad no Conselho de Segurança da ONU. "Muitos governos estão ajudando a oposição síria com armas e dinheiro. Isso deixa uma solução política muito mais difícil de ser alcançada."
A embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, condenou o governo Assad por supostamente manter os ataques a civis em Hama
Reprodução/AFP
Observadores da ONU em
Hama
Veja também:
Explosão com dezenas de mortos põe em xeque cessar-fogo na Síria Síria e rebeldes trocam acusações sobre explosões em áreas residenciais Forças sírias retomam ataques contra oposição
O grupo de países árabes pretende usar o Marrocos, seu representante entre os 15 membros do órgão da ONU, para levar sua demanda à reunião do CS no dia 5. É provável que qualquer iniciativa de aprovar uma intervenção estrangeira seja barrada por China e Rússia. Para os países árabes, Assad está negociando enquanto "mata seu próprio povo".
Há duas versões para as mortes desta quinta em Hama. A oposição acusa Damasco
de ter "massacrado" 70 moradores de um bairro pobre ao abrir fogo
indiscriminadamente. A imprensa estatal síria fala que uma bomba explodiu
enquanto estava sendo montada por "terroristas", matando 16. O episódio deu
força às vozes céticas em relação aos esforços para encontrar uma solução
política para a crise na Síria, que em 13 meses teria deixado quase 10 mil
mortos. O cessar-fogo é o primeiro dos seis pontos que constam no plano de Kofi
Annan, emissário da Liga Árabe e da ONU. Explosão com dezenas de mortos põe em xeque cessar-fogo na Síria Síria e rebeldes trocam acusações sobre explosões em áreas residenciais Forças sírias retomam ataques contra oposição
O grupo de países árabes pretende usar o Marrocos, seu representante entre os 15 membros do órgão da ONU, para levar sua demanda à reunião do CS no dia 5. É provável que qualquer iniciativa de aprovar uma intervenção estrangeira seja barrada por China e Rússia. Para os países árabes, Assad está negociando enquanto "mata seu próprio povo".
Mesmo com a presença na Síria do primeiro time de observadores das Nações Unidas, agora com 15 integrantes, violações à trégua têm sido registradas. Nesta quinta, um voluntário do Crescente Vermelho (versão islâmica da Cruz Vermelha) foi morto a tiros dentro de uma ambulância em Douma, subúrbio de Damasco. A oposição acusa forças do regime de deliberadamente impedir ambulâncias de retirar feridos de regiões de protestos. Segundo o governo Assad, o voluntário foi morto por "terroristas" – nome que o regime usa para designar todos os opositores, armados ou desarmados.
Os observadores da ONU estiveram nesta quinta-feira no local da tragédia em Hama, afirmou o porta-voz de Annan, Ahmad Fawzi. Ele não revelou a que conclusões chegaram os funcionários após a visita. Imagens de vídeos postadas no YouTube mostram uma densa fumaça branca e amarela saindo do bairro atingido. Outros vídeos exibem supostos moradores buscando pertences entre os escombros e o corpo ensanguentado de uma garota.
Reforço. Espera-se que o contingente de observadores das Nações Unidas chegue a 300 nas próximas semanas. Fontes da ONU afirmaram à agência Reuters que o plano é enviar todo reforço até o dia 12 – um mês após o início do cessar-fogo.
A Síria supostamente está impondo restrições à escolha dos observadores, o que atrasaria o processo. Damasco não quer que, entre os funcionários militares e civis a caminho, estejam cidadãos de países que integram o grupo Amigos da Síria, que dá forte apoio à oposição a Assad. O porta-voz da chancelaria russa, Alexander Lukashevich, acusou a oposição síria de usar "táticas terroristas". Moscou é o principal aliado de Assad no Conselho de Segurança da ONU. "Muitos governos estão ajudando a oposição síria com armas e dinheiro. Isso deixa uma solução política muito mais difícil de ser alcançada."
A embaixadora dos EUA na ONU, Susan Rice, condenou o governo Assad por supostamente manter os ataques a civis em Hama
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