Brasileiro observa galáxia com "dupla personalidade"
Galáxia Sombrero, a 28 milhões de anos-luz da Terra, é uma das primeiras conhecidas a possuir características de dois tipos diferentes: elíptica e espiral
O telescópio Spitzer, da Nasa, revelou que a galáxia Sombrero é, na verdade, duas em uma. É uma galáxia elíptica (a parte azul-esverdeada) que envolve um disco fino (em vermelho). Estudos anteriores levaram os astronômos a acreditar que a Sombrero era apenas uma galáxia espiral, como a Via Láctea (NASA/JPL-Caltech)
Algumas galáxias têm a forma aproximada de uma bola de futebol americano. Outras são achadatas como um disco - é o caso da Via Láctea. Já a galáxia Sombrero, a 28 milhões de anos-luz da Terra, pode ser vista tanto de uma forma como de outra. É o que diz estudo é assinado pelo astrônomo brasileiro Dimitri Gadotti, do ESO (Observatório Europeu do Sul), publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. A pesquisa ajuda a entender como as galáxias evoluem, tópico ainda pouco conhecido pelos cientistas.Saiba mais
TIPOS DE GALÁXIAGadotti explica que as galáxias são divididas em dois tipos: as elípticas e as espirais. O primeiro grupo tem a forma mais avolumada, como se fossem bolas de futebol americano. As outras galáxias são como a Via Láctea — discos achatados com braços que giram em torno de um núcleo. A galáxia Sombrero tem as duas características, é elíptica e espiral.GALÁXIA SOMBREROA galáxia Sombrero, também conhecida como NGC 4594, está localizada a 28 milhões de anos-luz, na constelação de Virgem. A partir da Terra, é possível ver o formato de disco achatado e um bojo central repleto de estrelas, como se fosse um chapéu de abas enormes. O disco está inserido em um globo brilhante.
Antes de ser tratada como duas galáxias em uma, a Sombrero era um poço de mistérios para a astronomia. Ninguém conseguia explicar como uma galáxia espiral possuía tantos grupos de estrelas, mais de 2.000, enquanto outras galáxias desse tipo têm, em média, 200. "Agora que ela também é vista como uma galáxia elíptica, o mistério se desfez", diz Gadotti. O grande número de grupos estelares é característica comum das galáxias elípticas.
Gadotti e o coautor do estudo, o espanhol Rubén Sánchez-Janssen, também do ESO, usaram um telescópio da Nasa, a agência espacial americana, chamado Spitzer. Esse telescópio não enxerga os astros da mesma forma que o olho humano. Na luz visível, a Sombrero parece um disco imerso em um pequeno globo brilhante. O Spitzer, contudo, enxerga na faixa infravermelha do espectro. Ele é capaz de revelar estrelas mais velhas através da poeira espacial e descobriu que o brilho da Sombrero tem o mesmo tamanho e massa de uma galáxia elíptica.
Os astrônomos descartam a ideia de que a galáxia Sombrero tenha se formado a partir da colisão de outras duas, uma com forma elíptica que teria engolido uma em espiral, como a Via Láctea.
Os cientistas não sabem como a galáxia Sombrero se formou, mas já consideram algumas hipóteses. Uma delas é que ela foi inundada por gás há nove bilhões de anos. As nuvens de gás eram comuns no início do universo e algumas ajudaram na formação das galáxias, aumentando sua massa e volume. Esse gás teria entrado em órbita em volta do centro da galáxia até formar um disco achatado.
Os pesquisadores acreditam que entender a formação da galáxia Sombrero vai ajudar a desvendar como outras galáxias evoluem. A Centaurus A, por exemplo, também tem as mesmas características da Sombrero. Contudo, o disco central não possui tantas estrelas. Os astrônomos supõem que a Centaurus A poderia estar em um estágio de evolução anterior à Sombrero e, com o passar do tempo, assumiria as mesmas características.
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