S&P altera perspectiva do Brasil para negativa, mas mantém rating em "BBB-"
Nota da agência representa o último degrau na escala com grau de investimento, espécie de selo de bom pagador, reconhecido por investidores
A agência citou que a série de investigações de corrupção entre certas empresas e políticos, no âmbito da Operação Lava Jato, pesa cada vez mais sobre os cenários econômico e fiscal brasileiros. Mencionou ainda que o país enfrenta circunstâncias políticas e econômicas desafiadoras "apesar do que consideramos ser uma correção de política significativa durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff". "Apesar das mudanças generalizadas de política em andamento, que continuamos a acreditar que tem o apoio da presidente, os riscos de execução aumentaram. Na nossa visão, esses riscos derivam tanto do front econômico quanto político", afirmou a S&P em nota.
Mercado vê impeachment como saída 'positiva'
A agência lembra ainda que a dinâmica complexa entre o PT e o PMDB, que havia diminuído sob a coordenação política do vice-presidente Michel Temer, reapareceu. "Isso gera a perspectiva de apoio no Congresso um pouco menos consistente para aprovar as medidas necessárias de ajuste fiscal, até mesmo um pouco diluído, em comparação com o que já tínhamos observado e esperado no início deste ano", afirma.
A S&P destaca ainda os desafios enfrentados pela presidente Dilma Rousseff para angariar apoio para a "correção de rumo na política" e uma "reviravolta na economia". A agência diz ainda que não trabalha com um cenário base de impeachment de Dilma
Para a Moody's, o rating do Brasil é Baa2, com perspectiva negativa, dois degraus acima do grau especulativo. Para a Fitch, o rating do Brasil é BBB, com perspectiva negativa, e também dois degraus acima do grau especulativo. No início do mês, a equipe de analistas da Moody's esteve em Brasília reunida com ministros e o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, para entender os passos a serem percorridos pelo país para que a situação fiscal seja controlada.
Em teleconferência com analistas, a economista sênior da S&P, Lisa Schineller, reconheceu as mudanças na direção da política econômica no segundo mandato de Dilma Rousseff, porém, afirma que a execução da nova estratégia está cada vez mais difícil, devido à falta de coesão política. "Como resultado, a retomada do crescimento vai demorar mais do que esperávamos. Vemos os riscos aumentando, sem perspectivas de melhora", afirma. A economista afirmou que a revisão da nota deve ocorrer em meados de março do ano que vem, e que um ponto crucial para que o Brasil não perca o grau de investimento é a percepção de que o governo terá mais apoio para aprovar a manter as medidas de ajuste.
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