Pular para o conteúdo principal

Moro rejeita pedido de aliado de Cunha para investigar advogada de delatores

Juiz da Lava Jato diz que requerimento do peemedebista Celso Pansera para apurar se Beatriz Catta Preta foi paga com recursos ilícitos parte de 'especulação abstrata'

Advogada Beatriz Catta Preta
Advogada Beatriz Catta Preta(AFP)
O juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, rechaçou pedido do deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) para apurar na CPI da Petrobras se a criminalista Beatriz Catta Preta, que renunciou à defesa de delatores petrolão, recebeu recursos ilícitos pagos como honorários advocatícios. Em despacho publicado nesta quinta-feira, Moro afirmou que "não é o caso" de atender ao requerimento de Pansera, aprovado pela comissão parlamentar. O juiz considerou que o documento parte de uma "especulação abstrata", sem indícios ou provas de que Catta Preta teria recebido pagamentos de origem criminosa.
Aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Pansera também é autor do requerimento de convocação da advogada para depor na CPI e de pedidos para quebrar o sigilo bancário de familiares do doleiro Alberto Youssef. O doleiro afirma que vem sendo intimidado pelo parlamentar a mando de Cunha.
Beatriz Catta Preta defendeu delatores do petrolão, como Paulo Roberto Costa (na fase em que firmou a colaboração premiada), Pedro Barusco, Augusto Ribeiro de Mendonça e Julio Camargo. Youssef e Camargo disseram à Justiça que Eduardo Cunha cobrou propina em contratos de navios sonda da Petrobras. Segundo Camargo, o presidente da Câmara pediu 5 milhões de dólares. Cunha nega.
Leia também:
"Não se vislumbra motivo concreto para, entre tantos e tantos acusados e investigados em situação similar, ter sido selecionada pelo referido deputado federal exatamente a advogada Beatriz Catta Preta", escreveu o juiz. "O atendimento da solicitação, assim como outras similares, por exemplo para investigação de familiares de acusados colaboradores, quando ausentes indícios concretos de seu envolvimento em atividade criminosa, (...) apenas causaria constrangimentos aos acusados e seus defensores, não se vislumbrando, com facilidade, o seu propósito, especialmente quando concentradas, pelo menos os requerimentos do aludido deputado, somente sobre os acusados que resolveram colaborar com a Justiça e nenhum outro."
Antes de rejeitar por completo o requerimento da CPI, Moro pediu que o Ministério Público Federal e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se manifestem sobre o pedido em cinco dias.
No início deste mês, Pansera justificou a convocação da advogada para depor na CPI como uma forma de apurar a origem dos recursos pagos a ela por seus clientes. O peemedebista afirma que é "incongruente" que réus com bens bloqueados paguem a defesa com dinheiro próprio.
"Muitos destes acusados tiveram seus bens bloqueados ou se disponibilizaram a devolver elevadas quantias em dinheiro, como manda a lei. Por outro lado, algumas destas pessoas também declararam a esta CPI que estão custeando sua defesa com recursos próprios, o que representa uma incongruência. Como é de conhecimento público, a advogada ora convocada patrocina a grande maioria dos delatores. Para se ter uma ideia, apenas o senhor Pedro Barusco viabilizou a repatriação de 97 milhões de dólares, lembrando que o senhor Paulo Roberto Costa, outro grande pilar do esquema de corrupção, também figura como seu cliente. Nesse sentido, a convocação da referida advogada é de suma importância para verificar a origem dos recursos com que seus clientes têm custeado os respectivos honorários, à luz dos novos preceitos de combate à lavagem de dinheiro no Brasil", explicou o parlamentar.
 
 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular