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Odebrecht ataca Moro e não explica mensagens cifradas

Prazo para justificar mensagens codificadas de Marcelo Odebrecht terminava hoje, mas defensores optaram por confrontar Lava Jato

Marcelo Odebrecht da construtora Odebrecht é encaminhado para o IML de Curitiba (PR), na manhã deste sábado (20)
Defesa não explicou anotações cifradas de Marcelo Odebrecht (VEJA)
A defesa do empreiteiro Marcelo Odebrecht decidiu atacar nesta segunda-feira o juiz Sergio Moro, integrantes do Ministério Público e a Polícia Federal em petição enviada à Justiça Federal em Curitiba (PR). Os advogados se recusaram a explicar as mensagens cifradas encontradas no telefone celular do empreiteiro e as referências a siglas que, segundo os investigadores, podem estar relacionadas a políticos como o ex-presidente Lula, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), o senador José Serra (PSDB) e o governador de Minas Gerais Fernando Pimentel (PT). Terminava hoje o prazo para que os defensores explicassem o contexto de cada mensagem apreendida.
Relatório da Polícia Federal com base em mensagens extraídas do celular de Marcelo revela o amplo leque de políticos com os quais ele tinha contato e seu esforço para utilizar siglas e mensagens codificadas para anotar as ações. De acordo com o documento, ele lançou mão de uma estratégia de confrontar as investigações da Lava Jato que contaria com "policiais federais dissidentes", dupla postura perante a opinião pública, apoio estratégico de integrantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ataques às apurações internas da Petrobras. A PF avalia que o empreiteiro buscava criar "obstáculos" e "cortinas de fumaça" contra a operação Lava Jato.
Em manifestação entregue a Moro, a defesa de Odebrecht classificou a atuação do MP como "intolerável" por ter utilizado "documentos velhos de autenticidade duvidosíssima" e uma "artificiosa correlação entre telefonemas" para incriminar o empreiteiro. Depois de identificar 135 telefonemas entre o diretor da Odebrecht Rogério Araújo e o operador de propinas da empreiteira Bernardo Freiburghaus, a Lava Jato também mapeou que o executivo da construtora manteve conversas com o presidente do grupo, Marcelo Odebrecht, poucas horas depois de ter falado com Freiburghaus. De dezessete conversas telefônicas ou mensagens de texto entre Araújo e Odebrecht, quatro delas aconteceram em dias nos quais o executivo também havia conversado com Freiburghaus. Para os investigadores do petrolão, a coincidência entre os telefonemas e mensagens indica que Marcelo Odebrecht tinha amplo conhecimento e atuação na negociação de propinas pagas pela empreiteira.
O juiz Sergio Moro também é alvo das críticas por ter decretado nova prisão preventiva do executivo e por ter utilizado as mensagens do celular do empresário no decreto que determinou sua nova detenção.
A defesa do empresário, preso desde 19 de junho, também atacou a Polícia Federal e acusou o órgão de ter violado o sigilo dos advogados ao apreender um manuscrito em que o executivo havia registrado a mensagem "destruir e-mail sondas". "Em seu afã de incriminar Marcelo a todo custo, a Polícia Federal nem se deu ao trabalho de tentar esclarecer as anotações com a única pessoa que poderia interpretá-las com propriedade - seu próprio autor", criticou.
Os advogados também contestam a revelação de informações supostamente confidenciais da empresa e criticam a divulgação de mensagens de familiares nos autos. A Odebrecht pede a decretação de sigilo nos documentos. "Lamentavelmente, a obstinação investigativa e persecutória de autoridades que atuam na Lava Jato parece ter turvado sua compreensão de que o país não se resume a um caso criminal. Há indivíduos, famílias, empresas, finanças, obras e empregos em jogo - no caso das empresas do grupo Odebrecht, são mais de 160.000! -, que deveriam impor um mínimo de cuidado na análise e divulgação de documentos e informações por parte dos agentes públicos, ao menos até que bem esclarecidos seu conteúdo e eventual pertinência com as apurações", atacam os defensores de Marcelo Odebrecht.
"Impressiona, igualmente, a dubiedade do discurso de vossa excelência. De um lado, quando intima a defesa, assevera que 'tudo está sujeito à interpretação'. De outro, porém, antes mesmo de ouvir explicações, prende novamente quem já está preso dando por certo aquilo tudo que estava sujeito a interpretação!", escreveram.
 

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