Reunião em Brasília serve mais a Dilma do que a governadores
Encontro teve poucos resultados concretos, mas permitiu que a presidente vendesse a imagem de que mantém as rédias do governo e conta com respaldo
Dos cinco governadores escalados para falar à imprensa após o encontro, três eram governistas e dois eram tucanos: Marconi Perillo, de Goiás, e Geraldo Alckmin, de São Paulo. Ambos tentaram caminhar sobre a corda e não posar de apoiadores do governo nem de adversários do Planalto, de quem dependem financeiramente para implementar projetos importantes em seus Estados. "Isso não foi tema da reunião e nem esta em discussão", limitou-se a dizer Alckmin a respeito do impeachment.
Coube a outro governador, fora da coletiva oficial, uma análise mais realista do evento. Pedro Taques (PDT), de Mato Grosso, foi indagado sobre o que havia saído do papel e respondeu de forma irônica: "Ainda não foi nem escrito, então não pode sair nada do papel". Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco, também não parecia entusiasmado: "É o inicio de conversas e de uma forma de relação mais próxima".
O objetivo principal do governo com o encontro desta quinta-feira era construir a tese que o ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante, fez questão de enfatizar após o encontro: a de que os governadores defendem uma espécie de pacto de governabilidade em um momento de crise como o atual: "Temos que fazer um grande esforço (...) para encontrar caminhos, superarmos as dificuldades e, ao mesmo tempo, consolidarmos a democracia brasileira, as instituições, a governabilidade, a estabilidade política e econômica do país", disse ele.
Por trás do discurso, no entanto, há a clara preocupação do governo de sofrer novas derrotas no Congresso, comandado por um rebelde PMDB. O ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) chegou a citar uma lista de projetos que causam temor ao Planalto por aumentar os gastos dos cofres públicos, as chamadas "pautas bomba", e promete enviá-las com detalhes aos chefes do Executivo. "Na agenda do Congresso, precisamos buscar a cultura da responsabilidade fiscal. O país precisa de decisões responsáveis. Nós temos alguns projetos que impactam de forma muito comprometedora o equilíbrio das contas públicas", disse Mercadante.
Os governadores também fizeram apelos à presidente e seus ministros - todos sem uma resposta satisfatório. Entre eles está o pedido pela sanção do projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que permite que Estados e municípios usem parte dos depósitos judiciais e administrativos para custear determinados gastos, como precatórios judiciais e dívida pública. O retorno do Planalto, porém, foi apenas a promessa de uma reunião para discutir o tema. O Senado ameaça barrar a pauta do governo caso o projeto seja vetado.
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