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Reunião em Brasília serve mais a Dilma do que a governadores

Encontro teve poucos resultados concretos, mas permitiu que a presidente vendesse a imagem de que mantém as rédias do governo e conta com respaldo

Dilma Rousseff se reúne com governadores para discutir um "pacto de governabilidade", no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF)
Dilma Rousseff se reúne com governadores para discutir um "pacto de governabilidade", no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF)Folhapress)
A reunião de Dilma Rousseff com 26 governadores nesta quinta-feira serviu exatamente para o que a presidente desejava: passar uma imagem de normalidade democrática, com direito a uma foto oficial ao lado dos representantes dos Estados. Como era previsível, entretanto, os chefes dos governos Estaduais saíram do Palácio da Alvorada sem nada concreto do Executivo federal.
Dos cinco governadores escalados para falar à imprensa após o encontro, três eram governistas e dois eram tucanos: Marconi Perillo, de Goiás, e Geraldo Alckmin, de São Paulo. Ambos tentaram caminhar sobre a corda e não posar de apoiadores do governo nem de adversários do Planalto, de quem dependem financeiramente para implementar projetos importantes em seus Estados. "Isso não foi tema da reunião e nem esta em discussão", limitou-se a dizer Alckmin a respeito do impeachment.
Coube a outro governador, fora da coletiva oficial, uma análise mais realista do evento. Pedro Taques (PDT), de Mato Grosso, foi indagado sobre o que havia saído do papel e respondeu de forma irônica: "Ainda não foi nem escrito, então não pode sair nada do papel". Paulo Câmara (PSB), de Pernambuco, também não parecia entusiasmado: "É o inicio de conversas e de uma forma de relação mais próxima".
O objetivo principal do governo com o encontro desta quinta-feira era construir a tese que o ministro da Casa Civil, Aloízio Mercadante, fez questão de enfatizar após o encontro: a de que os governadores defendem uma espécie de pacto de governabilidade em um momento de crise como o atual: "Temos que fazer um grande esforço (...) para encontrar caminhos, superarmos as dificuldades e, ao mesmo tempo, consolidarmos a democracia brasileira, as instituições, a governabilidade, a estabilidade política e econômica do país", disse ele.
Por trás do discurso, no entanto, há a clara preocupação do governo de sofrer novas derrotas no Congresso, comandado por um rebelde PMDB. O ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) chegou a citar uma lista de projetos que causam temor ao Planalto por aumentar os gastos dos cofres públicos, as chamadas "pautas bomba", e promete enviá-las com detalhes aos chefes do Executivo. "Na agenda do Congresso, precisamos buscar a cultura da responsabilidade fiscal. O país precisa de decisões responsáveis. Nós temos alguns projetos que impactam de forma muito comprometedora o equilíbrio das contas públicas", disse Mercadante.
Os governadores também fizeram apelos à presidente e seus ministros - todos sem uma resposta satisfatório. Entre eles está o pedido pela sanção do projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que permite que Estados e municípios usem parte dos depósitos judiciais e administrativos para custear determinados gastos, como precatórios judiciais e dívida pública. O retorno do Planalto, porém, foi apenas a promessa de uma reunião para discutir o tema. O Senado ameaça barrar a pauta do governo caso o projeto seja vetado.

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