Governo americano se enfurece com fuga de delator
Presidente Obama diz que vai utilizar de “todas as vias legais” para trazer de volta ao país o ex-técnico da CIA que vazou documentos secretos
Jornalistas mostram foto de Edward Snowden a passageiros do voo de Hong Kong a Moscou
A busca por Snowden, de certa forma, tira um pouco os holofotes do presidente. O nerd que recentemente havia sido transferido para o Havaí para atuar como especialista em computação em uma unidade da NSA conseguiu reunir milhares de arquivos secretos antes de ir para Hong Kong, em meados de maio. Pouco antes de os jornais The Washington Post e The Guardian publicarem reportagens revelando que o governo americano recebe um inventário de todas as ligações telefônicas de clientes da Verizon, a maior operadora de celular do país, e recolhe dados de e-mails, informações de perfis sociais e conversas on-line de milhares de usuários de nove das maiores empresas de internet dos EUA. Na última semana, promotores federais acusaram Snowden de espionagem, furto e apropriação indevida de propriedade do governo. Também foi feita uma solicitação de prisão provisória a Hong Kong.
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Neste fim de semana, autoridades locais disseram que o americano viajou para Moscou. O curioso é que não foram registradas imagens de Snowden em Hong Kong nem em Moscou. Nesta segunda-feira, a expectativa era que o ex-técnico da CIA embarcasse num voo rumo a Havana, o que não ocorreu. A ausência levantou a possibilidade de que o governo russo o tenha detido, seja para considerar as demandas apresentadas por Washington para que ele seja enviado de volta aos EUA, ou para interrogá-lo por interesse próprio, afirmou o jornal The New York Times.
A busca por Snowden dominou a entrevista coletiva do porta-voz da Casa Branca nesta segunda-feira. Jay Carney disse que os Estados Unidos acreditam que o ex-técnico continua na Rússia. E fez críticas ao governo chinês, ao reiterar que a avaliação do governo americano é que Hong Kong, região administrativa da China, deveria ter detido o americano e teve tempo de sobra para fazê-lo. “Vemos isso como um passo atrás nos esforços para construir uma confiança mútua”, disse. Ele acrescentou que “foi uma escolha deliberada libertar um fugitivo e isso inquestionavelmente tem um impacto negativo nas relações Estados Unidos-China”. “Se não podemos contar com eles para honrar sua responsabilidade legal de extradição, então isso é um problema”, concluiu.
Rumo ao Equador – Na manhã desta segunda, o chanceler equatoriano Ricardo Patiño disse que Snowden enviou um pedido de asilo que está sendo analisado. Na carta, o americano diz que está “sob risco de ser perseguido por agentes americanos”. Na carta, ele diz temer por sua vida se voltar aos Estados Unidos e que dificilmente terá um julgamento justo “ou um tratamento humano” em território americano. Patiño não disse se o governo equatoriano já se decidiu sobre a solicitação, mas questionou quem está errado no caso, ao afirmar que os programas de vigilância revelados por Snowden “violaram os direitos” de pessoas no mundo todo. “Temos que nos perguntar: quem traiu quem?”. Enquanto isso, o presidente Rafael Correa escreveu, em sua conta no Twitter, que o pedido do americano será analisado “com muita responsabilidade”. O WikiLeaks, fundado pelo hacker australiano Julian Assange, diz estar ajudando Snowden a conseguir asilo político no Equador. O próprio Assange conseguiu e está há um ano morando na embaixada do país em Londres.
O porta-voz da Casa Branca disse que as autoridades de Cuba, Equador e Venezuela (por onde Snowden também poderia passar) foram alertadas de que o ex-técnico da CIA é um fugitivo da Justiça americana. “Se ele preza pela liberdade de imprensa e liberdade da Internet, então ele escolheu os guardiões errados”, disse Carney, em referência aos constantes abusos cometidos pela ditadura dos irmãos Castro, em Cuba, por Nicolás Maduro, na Venezuela, e por Rafael Correa, no Equador.
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