Pular para o conteúdo principal

ANÁLISE: resiliência constitucional

 
  •  
A Constituição de 1988 tem se demonstrado um instrumento altamente resiliente nestas duas últimas décadas. Permitiu a estabilização de nossa democracia, a superação de crises políticas e econômicas e avanços importantes no campo social. Neste processo foi alterada mais de 70 vezes. Vergou, mas não quebrou- e isto não é pouco!

Problemas centrais como o da falta de legitimidade do sistema político não foram, entretanto, superados. Pedir aos partidos no poder que alterem as regras que os beneficiaram é algo ingênuo, para dizer o mínimo. A regra de ouro da política é que ninguém abre mão de parcela do poder que tem, exceto sob o risco de perdê-lo por completo. Daí ter surgido a proposta da presidente de um processo constituinte específico, como resposta à ira das ruas.
A ideia de devolver ao povo a possibilidade de se autodeterminar não é absurda ou antidemocrática. Ela é, no entanto, problemática. Não há hoje qualquer protocolo constitucional para viabilizá-la. O único mecanismo juridicamente estabelecido para alterar a Constituição é a emenda, protegido por um conjunto de salvaguardas procedimentais e substantivas.
É importante que o corpo político tenha clareza de que o povo, titular do poder constituinte, pode convocar uma nova assembleia constituinte no momento que quiser. Seria mais prudente, portanto, que o Congresso, ainda que a fórceps, produzisse um arranjo político mais democrático e representativo e o submetesse imediatamente à sociedade, por intermédio de referendo. Teríamos, assim, um novo pacto político, selado pelo povo, sem a necessidade de colocar em risco nossa valiosa Constituição.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...