Pular para o conteúdo principal
França tem de cortar € 28 bi para cumprir meta fiscal até 2015

Estagnação da economia deve obrigar governo a aprofundar os cortes no orçamento para reduzir dívida a 3% do PIB 

  •  
O governo socialista de François Hollande terá de aprofundar a austeridade fiscal na França cortando € 28 bilhões em gastos e investimentos públicos nos próximos dois anos se quiser cumprir as metas de redução do déficit acordadas com a União Europeia. A advertência foi feita ontem pelo Tribunal de Contas francês, que advertiu sobre a incapacidade de o país reduzir o déficit a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2015 com o atual cenário de estagnação econômica.

O relatório provocou um terremoto político ontem, porque o governo Hollande não aceita mais aprofundar a política de austeridade fiscal.
De acordo com os peritos do tribunal, o Executivo não tem alternativa porque, pelos cálculos do próprio tribunal, a taxa de impostos média da França já alcançou 45% do PIB, e não tem mais como crescer.
Para cumprir a meta de déficit na atual conjuntura econômica, a única saída apontada pelo documento - que serve de base das discussões sobre a lei orçamentária - seria insistir em novas medidas de rigor fiscal.
Para reduzir o déficit a 3% do PIB, diz o tribunal, será necessário economizar € 13 bilhões em 2014 e € 15 bilhões em 2015. Os cortes seriam a única alternativa porque em 2012 o governo já elevou ao limite a carga tributária, estratégia que respondeu por 80% do programa de ajuste realizado até aqui por Hollande.
Medidas. A corte propõe que o governo francês mantenha pelos próximos dois anos o congelamento de vagas no funcionalismo público e acabe com a indexação de programas sociais, aposentadorias e seguro desemprego.
"Cada reajuste de 1% no funcionalismo aumenta em € 1,8 bilhão as despesas públicas", adverte o tribunal.
Além disso, Hollande não poderá escapar de reformas estruturais, como a da previdência social e a do mercado de trabalho. Diante de opções tão escassas, o primeiro-ministro da França, Jean-Marc Ayrault, admitiu ontem que terá dificuldades de buscar alternativas. "Diante da ausência de crescimento, o que o Tribunal de Contas diz é verdade", reconheceu o premiê, garantindo no entanto que seu gabinete tentará não aprofundar as medidas de rigor. "O Tribunal de Contas é independente e faz observações, faz seu diagnóstico, mas não faz a política do governo. Cabe ao governo e ao Parlamento encontrar as boas soluções."
Caso as novas medidas de austeridade fiscal não sejam adotadas, a tendência é de que o déficit ultrapasse em 2013 a meta de 3,7% do PIB fixada por Bruxelas, estimulando nos mercados financeiros a dúvida sobre se a França - segunda maior economia da Europa - é capaz ou não de alcançar o equilíbrio fiscal. As dúvidas já vêm sendo levantadas por investidores. Para Fabrice Montagné, economista do banco Barclays, o mercado já começa a projetar um déficit em torno de 3,8% a 3,9% para a França neste ano, provocando risco para a dívida soberana do país. "O impacto sobre as taxas de juros dependerá da credibilidade do governo, até mais do que do nível de déficit", entende.
Para analistas econômicos, é justamente a credibilidade de Hollande que está em questão. Até aqui, Hollande vem sendo o maior opositor da política de austeridade fiscal defendida pela chanceler da Alemanha, Angela Merkel.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular