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Bernanke sinaliza que Fed manterá programas de compras de bônus

Presidente do Fed argumentou que os benefícios para a economia ainda superam os potenciais riscos

WASHINGTON - O presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, sinalizou nesta terça-feira que o Banco Central norte-americano continuará com seus programas de compra de bônus, argumentando que os benefícios das políticas de relaxamento monetário da instituição para a economia mais ampla ainda superam os potenciais riscos.
Bernanke disse que a política de relaxamento monetário do banco central dos EUA não apenas auxiliou o crescimento da economia, como também evitou que o país enfrentasse o problema da deflação.

"Com a inflação em ou abaixo de nossa meta de 2%, nossas políticas também tiveram o efeito de reduzir bastante qualquer risco de deflação", disse Bernanke em depoimento ao Comitê Bancário do Senado.

Embora a deflação não seja um grande problema no momento, o risco fica maior quando a inflação se aproxima de zero, comentou o chefe do Fed. Segundo Bernanke, os formuladores de política querem evitar que a inflação recua muito para evitar o risco de sofrer um problema semelhante ao do Japão, com a deflação prolongada se tornando "uma barreira para o crescimento econômico e estabilidade".

Em um testemunho no Comitê Bancário do Senado, Bernanke disse que o Fed considera "muito seriamente" o risco de que suas políticas possam alimentar a tomada de riscos excessiva e está observando os mercados cuidadosamente. "Nesse ponto nós não vemos que os custos potenciais de elevada tomada de risco em alguns mercados financeiros estejam superando os benefícios de promover uma recuperação econômica mais forte e criação de empregos mais rápida".

Respondendo à pergunta, Bernanke disse que não vê muito evidência de superaquecimento dos mercados acionários.

A ata da reunião de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) de janeiro, divulgada na semana passada, surpreendeu os mercados ao mostrar que os membros do Fed expressaram preocupação de que as políticas não convencionais da instituição possam desencadear a instabilidade financeira e debateram se o Banco Central pode precisar interromper seus programas de compra de bônus sem prazo final determinado mais cedo que o esperado.

Bernanke fez também uma forte defesa dos benefícios que as políticas do Fed continuam a produzir, embora tenha destacado que o Banco Central está monitorando atentamente os potenciais riscos. Ele afirmou que as políticas de taxa de juros baixas da instituição ajudaram a desencadear uma recuperação do mercado imobiliário, estimularam as vendas de automóveis e de outros bens duráveis e os gastos dos consumidores. Ele destacou, no entanto, que o Fed não pode suportar a cara inteira de induzir uma recuperação econômica mais robusta.

Cortes automáticos

A apenas alguns dias dos cortes automáticos no orçamento federal dos EUA entrarem em vigor, Bernanke pediu que o Congresso e o governo Barack Obama substituam a medida por uma consolidação mais gradual.

Bernanke citou estimativas do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), de que os cortes automáticos de gastos podem reduzir o crescimento em 0,6 ponto porcentual. "Em função do ritmo subjacente ainda moderado do crescimento econômico, essa pressão adicional no curto prazo é significativa", afirmou. Além de afetar o nível de emprego e a rendas, a recuperação mais lenta manteria os déficits do governo mais altos.

O presidente do Fed disse que o PIB ficou "basicamente estável" no quarto trimestre de 2012, mas que essa pausa "não parece refletir uma protelação da recuperação" e os dados disponíveis indicam que o crescimento se acelerou de novo este ano.

Bernanke disse que os preços da gasolina têm subido recentemente, como resultado da alta no petróleo e do aumento nas margens de refino, o que afeta os orçamentos das famílias. "Entretanto, a inflação continua baixa". Segundo ele, a inflação no médio prazo deve ficar em ou abaixo de 2%, que é a meta do banco central.

Ele também abordou receios de que o Fed pode estar se encaminhando para uma situação na qual ficará um período com pouco ou nenhum dinheiro para repassar ao Tesouro, quando começar a encerrar seu programa de compras de bônus. O banco central é obrigado por lei a usar suas receitas para cobrir despesas operacionais e enviar o restante para o Tesouro. Esses pagamentos são chamados de "remessas".

Segundo Bernanke, os últimos anos têm sido extremamente lucrativos para o Fed, graças aos programas de compras de bônus. As remessas anuais quase triplicaram, sendo que entre 2009 e 2012 o Fed enviou ao Tesouro cerca de US$ 290 bilhões.

Alguns analistas dizem que a redução nas remessas pode causar dores de cabeça para o banco central e que os parlamentares podem estar tentando influenciar as decisões políticas do Fed, para manter os níveis atuais elevados desses pagamentos.

Mas Bernanke alertou que as remessas "provavelmente vão recuar nos próximos anos", com o fortalecimento da economia e o aperto na política monetária. Mesmo assim, diz ele, é "altamente provável" que o Fed envie mais dinheiro ao Tesouro a cada ano, durante o programa de compras de bônus, do que no período anterior a 2008.

"Além disso, ao passo em que a política monetária promove crescimento e geração de emprego, a redução resultante no déficit federal vai compensar qualquer variação nas remessas do Fed para o Tesouro", disse Bernanke

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