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Bento XVI poderá manter nome e será papa emérito


Hoje, pontífice enviará última mensagem aos fiéis; amanhã terá reunião com cardeais e seguirá para casa de verão da Santa Sé 





Bento XVI poderá manter seu nome. Mas não seus sapatos. Em uma liturgia repleta de símbolos e protocolo, o papa começa hoje sua fase final de despedidas e amanhã abandona definitivamente o cargo. Hoje, o pontífice falará para milhares de pessoas na Praça São Pedro e percorrerá o local pela última vez no papamóvel, cercado de um forte esquema de segurança. Ontem, o Vaticano anunciou que o alemão poderá conservar o nome de Bento XVI, porém, passará a ser chamado de "papa emérito".

O cuidado com os detalhes não é apenas um preciosismo por parte de uma instituição que tem mais de 2 mil anos. Pela primeira vez em séculos, a Igreja terá como morador dois papas e as regras e procedimentos precisarão ficar claros. Às vésperas de se submeter a uma cirurgia, nos anos 90, João Paulo II chegou a tratar do assunto, em conversa com seu médico: "O senhor precisa me curar. Não há lugar na Igreja para um papa emérito".
Agora, o Vaticano está tendo de se recriar para conviver com essa nova realidade. Apesar de viver dentro do Vaticano, o papa emérito poderá usar uma roupa branca, mas não com os detalhes de um pontífice (mais informações nesta pág.). O anel de pescador que o alemão recebeu ao ser escolhido será destruído, como ocorre quando um papa morre. Bento XVI, no entanto, terá o direito de usar outro anel.
Além de papa emérito e Bento XVI, ele poderá ser chamado de "pontífice romano emérito" e "sua santidade". Na prática haverá duas "suas santidades".
Programa. Ontem, Bento XVI passou parte do dia separando os papéis que terá direito de levar; os demais serão arquivados. Entre os documentos que ficarão está o dossiê explosivo de cerca de 300 páginas sobre os escândalos da Igreja, que será dado ao próximo papa. Segundo o Vaticano, o dia também foi de "fazer as malas e rezar".
Hoje ocorrerá a última audiência pública de Bento XVI e será a oportunidade de enviar uma mensagem aos fiéis. Normalmente, o evento seria realizado em um local fechado. Mas, como será sua última audiência, o Vaticano espera pelo menos 50 mil pessoas, além de alguns chefes de Estado, como o de Andorra e da Eslováquia, além do presidente de sua região de origem, a Bavária.
Segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, Bento XVI tem recebido "dezenas de cartas" de chefes de Estado.
Amanhã, Bento XVI se encontrará com cardeais, muitos dos quais apontados como seu sucessor. Às 17 horas (13 horas de Brasília), ele deixará o Vaticano e voará em um helicóptero para a casa de verão da Santa Sé, uma viagem de cerca de 15 minutos. Lá, aparecerá na janela para saudar a população local, no que deve ser sua última aparição em público. "Vou me esconder do mundo", prometeu o papa dias após ter anunciado que renunciaria.
Às 20 horas, entregará seu cargo e a Guarda Suíça que o acompanha deixará de fazer a vigilância na porta de sua casa, ainda que o Vaticano assegure que Bento XVI continuará a ser "protegido".
Se o protocolo exige diversas medidas, uma de suas marcas terá de ser abandonada: seus sapatos vermelhos, reservado apenas aos pontífices. Em seu lugar, passará a usar pares marrons, doados por sapateiros mexicanos. A quem duvida da escolha, o Vaticano tratou de esclarecer: "Eles são muito confortáveis".
Na sexta-feira, os cardeais começarão a determinar a data do conclave, que muitos já apontam que começaria no dia 10. O anúncio oficial deve ser feito apenas no dia 4

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