Pular para o conteúdo principal

Fachin vai propor ao STF ‘rito de impeachment’

Ministro rechaçou que liminar concedida por ele para paralisar o processo na Câmara seja ingerência do Judiciário sobre o Poder Legislativo

Ministro Luiz Edson Fachin durante cerimônia de posse no STF - 16/06/2015
Ministro Luiz Edson Fachin: 'STF é guardião das regras do jogo.
Depois de ter paralisado o andamento do processo político que pode levar ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira que pretende apresentar ao plenário da corte na próxima semana um "rito de impeachment", unificando as legislações em vigor, a Constituição e os regimentos da Câmara e do Senado para evitar uma maior judicialização do caso. O magistrado rejeitou a tese de que a liminar que concedeu na noite de ontem tenha representado uma ingerência do Poder Judiciário nos trabalhos do Congresso e disse que, na proposta que apresentará aos outros dez integrantes do STF, levará em conta como parâmetro o ritual de afastamento do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992.
"O STF é, antes de tudo, guardião das regras do jogo. Entendi que essa matéria [impeachment] merece uma deliberação do pleno, que é o que faremos semana que vem, bem como o rito por inteiro", disse Fachin.
Na noite desta terça, o ministro suspendeu, em decisão monocrática, a formação e a instalação da comissão especial da Câmara que analisará o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A decisão foi publicada horas depois de a oposição impor uma derrota ao governo e eleger a chapa indicada com dissidentes de partidos da base aliada. Fachin suspendeu o funcionamento da comissão - e todo o andamento do impeachment - até a próxima quarta-feira, 16 de dezembro, quando o plenário do Supremo analisará a ação de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) protocolada pelo PCdoB em defesa de Dilma.
No processo, os comunistas questionam a ausência de um rito claro para o processo de impeachment e a legalidade de apresentação de uma chapa de oposição para a comissão que dará o parecer prévio sobre Dilma. O partido quer ainda que o Supremo afirme que a Constituição não recepcionou em seus textos trechos da lei 1079, de 1950, que define os crimes de responsabilidade e foi utilizada para embasar o pedido de deposição de Dilma. Na avaliação dos comunistas, como processos de impeachment não são invocados frequentemente, o Congresso não atualizou a lei de 1950 às normas da Constituição de 1988 e, por isso, o STF deveria avaliar que parcelas da legislação sobre crime de responsabilidade estão em vigor e que parcelas não estão.
"Vou propor, em relação ao exame da constitucionalidade e da recepção, no todo ou em parte, da lei de 1950, um rito que vai do começo até o final do julgamento do Senado. É isso que trarei na proposta de voto na quarta-feira. Rito, na verdade, significa o encaminhamento que examina o que está na lei de 1950 à luz da Constituição. Desse exame derivará um conjunto de procedimentos já previstos na lei, alguns já recepcionados pela Constituição, outro não", explicou o ministro, que é relator do caso. "Disso resultará um procedimento que permitirá que o impeachment seja desenvolvido e processado sem nenhuma arguição de mácula porque, como mecanismo constitucional que ele é, evidentemente que integra o Estado Democrático de Direito".
Em uma avaliação inicial, Edson Fachin disse que, em termos gerais, o caso Collor será o parâmetro para o julgamento da próxima semana, mas "é possível que haja alguma mudança". Em um primeiro momento, o magistrado disse ser "plausível" o argumento de que a eleição secreta da comissão seja feita apenas para presidente e vice-presidente, e não para todos os integrantes, como ocorreu na tumultuada sessão desta terça no plenário da Câmara dos Deputados.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular