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Em 72 horas, policiais foram atacados em 11 favelas "pacificadas" do Rio. Ouça gravação de PM pedindo socorro

Três delas são consideradas de risco mínimo para os policiais, inclusive no Morro dos Prazeres, onde PMs fizeram áudio dramático pedindo socorro. Soldados foram feridos sem gravidade no Jacarezinho e na Cidade de Deus, ocupada há sete anos

Policiamento reforçado no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, Zona Sul do Rio de Janeiro (RJ), após troca de tiros entre traficantes e policiais da UPP - 22/09/2015
Policiamento reforçado no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, Zona Sul do Rio de Janeiro (RJ), após troca de tiros entre traficantes e policiais da UPP - Folhapress)
Um áudio dramático (clique no player abaixo para ouvir) começou a se espalhar pelas redes sociais no final da noite da última segunda-feira. A gravação de uma conversa via rádio dava uma noção do desespero de um grupo de policiais militares que, encurralado por traficantes, pedia ajuda. "Chama o Bope também!", dizia um. Mas a demora pela resposta era angustiante. Até que outro soldado bradou: "Informe aí: Vai esperar acontecer uma tragédia aí, companheiro? Porra, vamos sair aí...". O apelo vinha seguido de uma explicação: a base da UPP do Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, estava sendo atacada, e os policiais estavam com o estoque de munição praticamente zerado. Uma hora depois, os tiros cessaram e ninguém se feriu. O que deveria ser um caso isolado, na verdade, foi apenas mais um, no cotidiano de tensão de quem patrulha as 38 regiões consideradas pacificadas pela Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro. Somente num período de 72 horas, houve ataques em pelo menos 11 dessas favelas.
Na maioria dos casos, como o do Prazeres, os policiais não se feriram. O levantamento feito pelo site de VEJA começa no dia 26 de dezembro, pouco depois das 7 horas da manhã, quando policiais da UPP Manguinhos foram checar uma denúncia de que traficantes estavam armados numa boca de fumo da localidade conhecida como Barrinho. Ao chegaram, os soldados foram atacados. Houve intenso tiroteio e...pronto. Ninguém se feriu, cada um foi para um lado e os moradores, depois de se abrigarem por alguns minutos, retomaram suas rotinas. Doze horas mais tarde, em Vila Isabel, policiais tentaram abordar uma moto suspeita num dos acessos ao Morro dos Macacos. Mais tiros. Seguindo a orientação do secretário de segurança, José Mariano Beltrame, os policiais se abrigaram e sequer reagiram.
Ainda houve ataques sem feridos em áreas sempre problemáticas como Mangueira, Vila Cruzeiro e nos Complexo do Alemão e do Lins, além de locais como Ladeira dos Tabajaras, em Copacabana, e Morro do Adeus, em Ramos, que a Polícia Militar considera em suas avaliações internas como UPPs de bandeira verde, ou seja, de risco mínimo para operar.
Neste período de 72 horas, dois policiais ficaram feridos. O primeiro foi identificado apenas como soldado Umberto, lotado na Cidade de Deus, que conta com uma UPP desde janeiro de 2009. Ele patrulhava pela Avenida Miguel Salazar Mendes de Morais, pouco depois da meia noite do dia 27, quando criminosos começaram a fazer disparos. Uma das balas passou raspando por sua testa. Medicado, ele passa bem. O confronto, no entanto, obrigou a polícia a fechar o tráfego numa das principais vias que ligam Jacarepaguá à Barra da Tijuca.
O outro policial baleado foi o soldado Bruno de Freitas Cardoso, lotado na UPP do Jacarezinho, atingido por uma bala na perna esquerda ao ser surpreendido por criminosos na Rua Esperança, no início da madrugada desta terça-feira. O jovem policial foi socorrido com a ajuda de policiais do Batalhão de Choque, que utilizaram um veículo blindado para conseguir progredir na favela. Somente neste mês de dezembro, dez policiais foram atingidos em diferentes ataques. Dois deles, os soldados Inaldo Pereira Leão e Marcos Santana Martins, acabaram mortos no mesmo Jacarezinho, no último dia 6.
A cronologia dos 11 ataques
26 de dezembro
7h15: Na Favela de Manguinhos, policiais são atacados por bandidos na localidade conhecida como Barrinho. Ninguém ficou ferido
20h30: No Morro dos Macacos, policiais abordaram suspeitos numa moto na Rua Petrocochino e foram atacados a tiros. Ninguém ficou ferido.
27 de dezembro
0h10: Na Ladeira dos Tabajaras, bandidos fizeram disparos e arremessaram uma bomba que acertou a parte traseira da viatura, próximo ao Beco do Hostel. Ninguém ficou ferido
14h30: Na Cidade de Deus, o soldado Umberto foi ferido de raspão na testa ao ser atacado por um grupo de pelo menos cinco traficantes com fuzis e pistolas, na Avenida Miguel Salazar Mendes de Morais, que em virtude do intenso tiroteio ficou fechada. Levado para o Hospital Lourenço Jorge, o policial passa bem
20h: Na Favela da Grota, no Complexo do Alemão, bandidos começam a atacar policiais que estavam baseados próximo à antiga sede do AfroReggae. O confronto durou algumas horas e assustou moradores, mas ninguém ficou ferido.
28 de dezembro
8h50: No Morro da Mangueira, policiais faziam um patrulhamento quando foram atacados a tiros na localidade dos Três Tombos. Ninguém ficou ferido
18h50: Na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, uma equipe que fazia uma ronda pela região do Ferro Velho foi atacada a tiros, mas ninguém se feriu
20h30: No Morro dos Prazeres, várias equipes foram atacadas na base da UPP e na Praça Doce Mel. Encurralados, os policiais pediam reforços, mas o 5ºBPM só teve autorização para ficar no entorno da favela. Ninguém ficou ferido
23h: No Morro do Adeus, policiais foram atacados por traficantes armados na Rua Arapá. Ninguém ficou ferido
29 de dezembro
1h30: Na Favela do Jacarezinho, o soldado Bruno de Freitas Cardoso foi ferido na perna esquerda durante um ataque de bandidos na Rua Esperança. O BPChoque foi acionado e socorreu o policial com um veículo blindado
14h: No Morro da Cachoeirinha, no Complexo do Lins, policiais foram atacados a tiros na na Rua Heráclito Fortes, mas ninguém ficou ferido

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