E-mails revelam como Odebrecht planejava usar a influência de Lula para obter contratos na América do Sul
Nas mensagens, os executivos chegam a sugerir o que o petista deveria dizer nos encontros com outros chefes de Estado do continente
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Nos e-mails, os executivos demonstram ter plena influência sobre as ações de Lula nos encontros com outros chefes de Estado. Eles chegam a sugerir o que Lula deveria fazer ou dizer aos presidentes. Ainda em 2008, os executivos acertam os termos de um texto que deveria ser entregue para leitura do ex-presidente Lula durante viagem à Argentina. Marcelo Odebrecht ironiza: "Roberto. Um terço de página apenas ou o cara não lê". Há também mensagens trocadas entre os executivos da empresa e Marcelo Odebrecht abordando viagem de Lula à Argentina. "Pela dimensão e importância dos projetos atualmente em execução e em estudo pela Odebrecht na Argentina, havendo oportunidade, seria importante que o presidente Lula pudesse reforçar, junto à presidente Cristina, a confiança que tem na Odebrecht". E há ainda referência a viagem à Bolívia: "Sugere-se ao presidente Lula comentar com o presidente Evo Morales sua satisfação em relação a boa evolução do projeto". Várias trocas de e-mails mostram uma postura agressiva nos negócios por parte da Odebrecht, especialmente quando o assunto é a construção de sondas para a Petrobras. Em uma mensagem de 2011, Marcelo recebe de um dos executivos instruções sobre a construção de sondas para a estatal: "A divisão das 21 Sondas, caso ocorra a contratação, deverá ser a seguinte: 6 p/ nosso Consórcio + 6 Alusa Galvão + 6 Jurong".
Outro lado - O site de VEJA entrou em contato com a Odebrecht, que enviou o seguinte comunicado:
"A Construtora Norberto Odebrecht (CNO) lamenta que se repita o expediente do vazamento de mensagens descontextualizadas de ex-executivos da empresa sempre que se avizinha alguma decisão judicial envolvendo sua liberdade, como forma de pressionar e evitar a livre expressão de julgamento de magistrados.
As mensagens citadas expressam fatos absolutamente normais. Como no caso de contatos entre duas partes que mantêm conversas no sentido de emitir um posicionamento público. Ou do fornecimento de informações e subsídios para viagens oficiais para países onde as empresas brasileiras mantêm operações comerciais, como acontece na diplomacia de todas as nações do mundo. Finalmente, tenta-se promover uma leitura maliciosa de mensagens em que o ex-presidente da holding Odebrecht se mantém informado sobre investimentos do acionista (o que era parte de suas atribuições) em projetos que envolvem mais de uma empresa do Grupo, dando a entender que ele teria alguma ingerência sobre a autonomia da direção de cada uma das empresas. Previsões de mercado também são propositalmente confundidas com informações privilegiadas.
A CNO tem confiança de que magistrados não se deixarão influenciar pelo vazamento de véspera, malicioso, sobre comentários e mensagens que sequer constam do processo em questão."
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