Um amigo que Israel nunca teve
Obama dirigiu-se aos israelenses como nenhum presidente dos EUA tinha feito antes, para motivá-los a fazer algo pela paz
Nenhum outro presidente americano se dirigiu aos israelenses da maneira como
Barack Obama o fez na quinta-feira em Jerusalém.
E mais importante, o presidente começou dizendo que, sem nenhuma dúvida, entende as necessidades de segurança de Israel e assimilou o discurso judaico-israelense.
Obama prestou homenagem à história judaica e reconheceu não apenas que os judeus têm o direito de exercer sua autodeterminação nacional em sua pátria histórica, mas que Israel é uma realidade viva e pulsante que não vai desaparecer.
Obama também reconheceu que os amigos precisam falar a verdade para os amigos; oferecer conselhos honestos de coração. Desafiar o amigo a ser o melhor possível.
É por isso que Obama prosseguiu falando, como somente um amigo consegue, sobre o desafio crucial enfrentado pelos israelenses nesta geração: que Israel só poderá sustentar o sonho dos seus fundadores de uma democracia e uma pátria judaica se a população palestina também tiver o seu próprio Estado seguro e viável.
A paz é necessária para Israel prosperar, mas ela é também justa e possível.
Poucos antecessores de Obama se expressaram com tamanha sinceridade, clareza ou equilíbrio ao se referir a este desafio. E jamais um presidente dos Estados Unidos expôs com uma honestidade tão realista, quase brutal, o futuro que Israel tem pela frente se a paz não for conquistada.
Obama não hesitou em retratar o lado terrível da ocupação de terras palestinas por Israel: crianças que não podem crescer num Estado que seja seu e precisam viver com a presença de um Exército estrangeiro que controla os movimentos diários dos seus pais; colonos que praticam violências contra palestinos e não são punidos; camponeses palestinos que não podem cultivar sua terra; famílias desalojadas de suas casas.
No fundo muitos israelenses sabem que Obama simplesmente disse a verdade. Uma maioria da população israelense apoia uma solução de dois Estados. O que falta é liderança política.
Alguns confessam sua decepção com o fato de Obama não ter aprofundado o discurso, talvez expondo os parâmetros específicos de um acordo de paz, ou apresentando um real plano de paz. Mas o objetivo do discurso foi usar o poder e a clareza moral das suas palavras para mudar a situação política na região.
Obama quis motivar israelenses e palestinos a exigir mais dos seus líderes e se concentrar nos desafios históricos o e não em querelas mesquinhas que caracterizam a vida política.
Cobrança. É correto exigirmos mais do presidente Obama também. Suas palavras históricas precisam ser acompanhadas de uma atividade diplomática séria, sustentada e imaginativa conduzida pelo secretário de Estado americano, John Kerry.
O objetivo não deve ser apenas levar as partes à mesa de negociações.
Não precisamos de conversações ou processos que não conduzam a nada.
Cabe a John Kerry acompanhar o discurso com medidas diplomática vigorosas, possivelmente através de canais onde as negociações de fato possam ser feitas longe dos holofotes da TV.
E esperemos que ele consiga envolver os líderes árabes e europeus numa iniciativa sustentada, que possa avançar desta vez.
Esperemos ainda que ele entenda que uma intermediação ativa dos Estados Unidos será fundamental diante da suspeita recíproca que as partes nutrem ao longo dos anos.
O discurso de Obama conseguiu algo importante: provou que estavam errados todos aqueles especialistas que afirmaram que ele não tinha aptidão para encarar o desafio nem vontade de despender muito tempo ou capital político nele. O próprio presidente admitiu que o caminho politicamente fácil seria contentar-se com a declaração usual, previsível, de amor eterno por Israel e em seguida partir.
Mas isto não está no DNA do presidente americano. Agora, no seu segundo mandato, Obama está de olho na história e no seu legado. Sabe que o tempo está correndo para alcançar uma solução de dois Estados e não pretende ser o presidente em cujo mandato esta solução morreu.
Ele deu um primeiro passo crucial nesta viagem, provando que é realmente um amigo que Israel nunca teve na Casa Branca.
E mais importante, o presidente começou dizendo que, sem nenhuma dúvida, entende as necessidades de segurança de Israel e assimilou o discurso judaico-israelense.
Obama prestou homenagem à história judaica e reconheceu não apenas que os judeus têm o direito de exercer sua autodeterminação nacional em sua pátria histórica, mas que Israel é uma realidade viva e pulsante que não vai desaparecer.
Obama também reconheceu que os amigos precisam falar a verdade para os amigos; oferecer conselhos honestos de coração. Desafiar o amigo a ser o melhor possível.
É por isso que Obama prosseguiu falando, como somente um amigo consegue, sobre o desafio crucial enfrentado pelos israelenses nesta geração: que Israel só poderá sustentar o sonho dos seus fundadores de uma democracia e uma pátria judaica se a população palestina também tiver o seu próprio Estado seguro e viável.
A paz é necessária para Israel prosperar, mas ela é também justa e possível.
Poucos antecessores de Obama se expressaram com tamanha sinceridade, clareza ou equilíbrio ao se referir a este desafio. E jamais um presidente dos Estados Unidos expôs com uma honestidade tão realista, quase brutal, o futuro que Israel tem pela frente se a paz não for conquistada.
Obama não hesitou em retratar o lado terrível da ocupação de terras palestinas por Israel: crianças que não podem crescer num Estado que seja seu e precisam viver com a presença de um Exército estrangeiro que controla os movimentos diários dos seus pais; colonos que praticam violências contra palestinos e não são punidos; camponeses palestinos que não podem cultivar sua terra; famílias desalojadas de suas casas.
No fundo muitos israelenses sabem que Obama simplesmente disse a verdade. Uma maioria da população israelense apoia uma solução de dois Estados. O que falta é liderança política.
Alguns confessam sua decepção com o fato de Obama não ter aprofundado o discurso, talvez expondo os parâmetros específicos de um acordo de paz, ou apresentando um real plano de paz. Mas o objetivo do discurso foi usar o poder e a clareza moral das suas palavras para mudar a situação política na região.
Obama quis motivar israelenses e palestinos a exigir mais dos seus líderes e se concentrar nos desafios históricos o e não em querelas mesquinhas que caracterizam a vida política.
Cobrança. É correto exigirmos mais do presidente Obama também. Suas palavras históricas precisam ser acompanhadas de uma atividade diplomática séria, sustentada e imaginativa conduzida pelo secretário de Estado americano, John Kerry.
O objetivo não deve ser apenas levar as partes à mesa de negociações.
Não precisamos de conversações ou processos que não conduzam a nada.
Cabe a John Kerry acompanhar o discurso com medidas diplomática vigorosas, possivelmente através de canais onde as negociações de fato possam ser feitas longe dos holofotes da TV.
E esperemos que ele consiga envolver os líderes árabes e europeus numa iniciativa sustentada, que possa avançar desta vez.
Esperemos ainda que ele entenda que uma intermediação ativa dos Estados Unidos será fundamental diante da suspeita recíproca que as partes nutrem ao longo dos anos.
O discurso de Obama conseguiu algo importante: provou que estavam errados todos aqueles especialistas que afirmaram que ele não tinha aptidão para encarar o desafio nem vontade de despender muito tempo ou capital político nele. O próprio presidente admitiu que o caminho politicamente fácil seria contentar-se com a declaração usual, previsível, de amor eterno por Israel e em seguida partir.
Mas isto não está no DNA do presidente americano. Agora, no seu segundo mandato, Obama está de olho na história e no seu legado. Sabe que o tempo está correndo para alcançar uma solução de dois Estados e não pretende ser o presidente em cujo mandato esta solução morreu.
Ele deu um primeiro passo crucial nesta viagem, provando que é realmente um amigo que Israel nunca teve na Casa Branca.
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