Tombini esclarece declaração de Dilma e diz que BC subirá juro se necessário
Em entrevista ao Broadcast, presidente do BC informou que Dilma pediu que ele esclarecesse suas declarações
- SÃO PAULO - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em entrevista exclusiva ao Broadcast - serviço de informações financeiras em tempo real da Agência Estado - disse que as declarações da presidente Dilma Rousseff na manhã desta quarta-feira, 27, foram entendidas de forma equivocada. Tombini afirmou que Dilma pediu que o "mal entendido fosse desfeito e que não há tolerância em relação à inflação".
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Mais tarde, por meio do blog do Planalto, a presidente disse que "houve interpretações equivocadas" sobre seus comentários a respeito de inflação. "Foi uma manipulação inadmissível de minha fala. O combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente do meu governo."
Na manhã desta quarta, em encontro de chefes de Estado dos Brics - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - na África do Sul, a presidente Dilma disse que "não acredita em políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico" (veja abaixo a declaração da presidente).
As declarações da presidente reduziram as apostas de elevação da Selic, a taxa básica de juros da economia. As taxas futuras, que já caíam desde a abertura do mercado, encerraram o dia em queda. As apostas na curva a termo na elevação da Selic em abril foram quase zeradas e analistas se questionam sobre a possibilidade de o ciclo de aperto monetário, de fato, começar em maio - como atualmente é precificado pelo mercado.
Com as declarações de Dilma, os analistas do mercado financeiro entenderam que o governo acredita que a inflação no Brasil seja algo temporário e que o Banco Central poderá adiar o início do aperto monetário. As palavras de Dilma, na véspera da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, também foram criticadas por alguns agentes, porque atrapalharia o esforço do presidente do BC, Alexandre Tombini, em ancorar as expectativas do mercado.
Na semana passada, Tombini voltou a alertar que a instituição está atenta à evolução da inflação, e caso necessário, vai agir para coibir sua alta. O presidente do BC retomou o termo "resistência da inflação". "A maior dispersão recentemente observada de aumentos de preços ao consumidor, pressões sazonais e pressões localizadas, entre outros fatores, contribuem para esse quadro de maior resistência", disse.
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