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Aumento do juro é o melhor remédio para a inflação, diz diretor do BC


Escalada dos preços levou a autoridade monetária a piorar suas projeções de inflação para este e o próximo anos

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, afirmou que o aumento da taxa básica de juros é o melhor remédio para combater a inflação, num momento em que a escalada dos preços levou a autoridade monetária a piorar suas projeções de inflação para este e o próximo ano.

Em entrevista após a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, o diretor disse que há possibilidade de haver convergência para o centro da meta de 4,5% no fim de 2014, desde que medidas sejam tomadas, apesar das previsões do Banco Central apontarem em direção diversa.
No relatório, que contempla como hipótese de trabalho a Selic inalterada em 7,25%, a inflação ficará em 5,7% neste ano pelo cenário de referência, caindo para 5,3%, em 2014, e avançando para 5,4% no primeiro trimestre de 2015.
"É irrealista o cenário de convergência para a meta em 2013. Mas, em 2014, muita coisa pode ser feita para garantir que a convergência ocorra ao final do ano", disse o diretor aos jornalistas.
Ao ser questionado especificamente sobre o que poderia ser feito para garantir que esse processo culmine na convergência no fim do ano que vem, Carlos Hamilton escorou-se no ex-premiê britânico Winston Churchill: "Várias coisas podem ser feitas. Mas consta que certa oportunidade, Churchill disse que a democracia é o pior dos regimes, excetuando todos os outros. Para combater a inflação, o juro é o pior remédio, à exclusão dos demais. Mas sobre o que vai ser feito o Copom vai definir."
O diretor não fez referência direta aos efeitos defasados da política monetária, mas economistas acreditam que o reflexo de uma decisão sobre a taxa de juros leva cerca de nove meses para ser totalmente absorvida pela economia. Isso significa que mesmo que o BC eleve a Selic já na próxima reunião em abril, o efeito total seria sentido apenas em janeiro de 2014.
Dentro do mercado financeiro, a maioria dos agentes acredita que o BC manterá os juros em 7,25% ao ano na próxima reunião em abril, devendo elevar a taxa apenas no encontro de maio.
O Relatório reforçou a mensagem do comunicado divulgado após a última reunião do Copom repetindo que "o comitê irá acompanhar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária".
Política fiscal
Mesmo ao afirmar ser irreal a possibilidade de a inflação convergir para o centro da meta de 4,5% já neste ano, Carlos Hamilton disse que o cumprimento da meta cheia do superávit primário do setor público, estabelecido em R$ 155,9 bilhões, ou cerca de 3,1% do PIB, ajudaria no combate à inflação.
Mas, segundo ele, caso o governo faça um superavit primário de 2,2% do PIB neste ano, o impacto no combate da alta de preços seria neutro, de acordo com o modelo introduzido pelo relatório de inflação.
O efeito nocivo viria no caso de o governo optar por fazer uma política expansivos. "A depender da execução fiscal, podemos ter uma política neutra que do ponto de vista da inflação não ajuda nem atrapalha, contorcionista que ajuda ou expansivos que não ajudaria, como tem sido recentemente", disse.
Para fazer essa classificação de contorcionista, neutra e expansivos, o Relatório de Inflação trouxe também um novo modelo de análise de política fiscal. Por ele, o BC desconsidera efeitos de despesas e receitas extraordinárias, além de alterações em receitas e despesas decorrentes da posição cíclica da economia.
Desoneração
O diretor de Política Econômica aproveitou também para minimizar o impacto das desonerações tributárias no controle da inflação, como a que reduziu o custo de energia elétrica e dos preços de produtos da cesta básica.
"As políticas de desoneração (...) sem dúvida tem impacto de curto prazo nos índices de preços. Mas como a alta é generalizada, o alcance da desoneração é limitado", afirmou o diretor.
Entre as causas desse aumento generalizado dos preços, ele destacou os alimentos, o aumento real dos salários nos últimos acima do ganho de produtividade e a desvalorização do real em relação ao dólar no ano passado.
"Evidências de que reajustes salariais acima dos ganhos de produtividade tendem a gerar pressões inflacionista", disse Carlos Hamilton, lembrando que a previsão para os próximos anos é de moderação nos aumentos.
Ele disse também que o cenário base do BC não aponta para aumento dos preços de alimentos este ano e que considera uma taxa de câmbio menos volátil

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