Coreia do Norte anuncia 'estado de guerra' com Sul
Pyongyang ameaça reagir a qualquer provocação militar na região fronteiriça
Soldados norte-coreanos
compareceram à praça Kim Il Sung, no centro de Pyongyang, nesta comemorar sucesso do lançamento do foguete Unha-3 - Ng Han
Guan/AP
A Coreia do Norte reforçou sua retórica
beligerante e provocativa na manhã neste sábado, horário local. O governo de Kim
Jong-un anunciou que o país entrou no que chamou de "estado de guerra" com a
Coreia do Sul. Os dois países estão tecnicamente em guerra desde 1953 pois o
conflito entre as duas nações foi encerrada por meio de um armistício e não de
um tratado de paz. Há três semanas, o regime norte-coreano já havia anunciado
que considerava nulo o cessar-fogo com o país vizinho.
"Qualquer provocação militar próxima às fronteiras terrestres e marítimas levará a um conflito em grande escala e a uma guerra nuclear", advertiu o comunicado oficial. "A partir de agora, todas as questões de estado entre as duas Coreias serão tratadas sob o protocolo de guerra. A situação que prevaleceu por muitos anos em que a península da Coreia não estava nem em paz nem em guerra acabou."
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O anúncio norte-coreano, no entanto, não deve representar nenhuma mudança substancial no cenário regional. Na opinião de analistas e do próprio governo da Coreia do Sul, trata-se de mais uma manobra do regime de Pyongyang que segue a tendência observada nas últimas semanas de adotar um discurso belicista apostando em efeitos psicológicos, como ressaltou um representante do Ministério da Defesa sul-coreano. "Acreditamos que ao revelar (o "estado de guerra") à imprensa e divulgá-lo pelo mundo, a Coreia do Norte esteja jogando psicologicamente", afirmou o porta-voz do ministério, Kim Min-seok.
O mais provável, acreditam os Estados Unidos, é que o jovem ditador Kim Jong-un, que herdou o governo há pouco mais de um ano, busque com a guerra de palavras se firmar no comando do país e mostrar sua capacidade de liderança à cúpula das Forças Armadas. "Estamos convencidos de que Kim está solidificando sua posição junto a seu próprio povo e aos militares, que ainda não o conhecem", disse um alto funcionário do governo Barack Obama ao jornal The New York Times. Segundo a fonte, cuja identidade não foi revelada, a Casa Branca está preocupada com o que virá pela frente, mas não com o que o governante norte-coreano ameaça fazer.
Os norte-coreanos elevaram ainda mais o tom das
provocações nos últimos dois dias por causa dos exercícios militares realizados
pelos Estados Unidos e Coreia do Sul em região fronteiriça, inclusive com uso
dos bombardeiros americanos B-52, de capacidade nuclear. Na sexta-feira, Kim
Jong-un ordenou que as plataformas de mísseis entrassem em estado de alerta e
que os foguetes fossem posicionados contra
alvos dos Estados Unidos na Coreia do Sul e no Pacífico. O disparo
de míssies, como ameaça a Coreia do Norte, é considerado improvável pelas
próprias consequências que isso teria para o país comunista. Mas ataques
cibernéticos como o que atingiu bancos e TVs da Coreia do Sul na semana
passada, e que ainda não foi totalmente esclarecido, estão no foco das
atenções americanas.
Protesto – Na tarde de
sexta-feira, dezenas de milhares de militares e civis norte-coreanos marcharam
no centro de Pyongyang em uma demonstração de apoio ao governo,
afirmou a imprensa estatal. A magnitude da manifestação não pode ser confirmada
por meios independentes, já que a censura no país é generalizada. O ato teria
sido realizado na praça Kim Il-sung, e o ditador Kim Jong-un não estava
presente.
Sob as imagens gigantes do pai de Kim Jong-un, Kim Jong-il, e de seu avô, Kim Il-sung, civis e soldados juraram obediência ao presidente. "A declaração foi um ultimato do Exército coreano contra os imperialistas americanos", declarou um porta-voz no início da manifestação. "Vamos pegar em armas e bombas por nosso respeitado líder Kim Jong-un."
Desde o início de março, quando a ONU
adotou sanções contra a Coreia do Norte por causa da realização de
um novo teste nuclear no mês anterior, o governo
norte-coreano vem aumentando sua retórica belicista. Embora especialistas
duvidem que o país tenha capacidade para atingir a área continental dos EUA,
afirmam que bases no Japão e na ilha americana de Guam estão no alcance das
armas convencionais de Pyongyang. Washington afirma que tem total condição de
proteger seu território e o de seus aliados.
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