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Após acordo, Chipre confiscará 30% dos depósitos de seu maior banco


Acordo com credores estabeleceu que Bank of Cyprus será salvo da falência, mas o segundo maior banco do país, Laiki Bank, fechará as portas


Russa protesta em frente ao Parlamento de Nicósia no dia 24 de março
Russa protesta em frente ao Parlamento de Nicósia no dia 24 de março - país é um dos que mais saem perdendo com novo acordo do Chipre com credores

O confisco nos depósitos superiores a 100.000 euros no Bank of Cyprus, maior banco do Chipre, alcançará 30%, segundo o acordo concluído entre o governo do país e os credores europeus, anunciou nesta segunda-feira o porta-voz do governo cipriota, Christos Stylianidis, em entrevista à rádio estatal.

O Chipre concluiu na madrugada desta segunda-feira um acordo preliminar com os credores internacionais (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) para evitar sua falência ou saída da zona do euro. Pelo acordo, o governo cipriota será responsável por levantar 5,8 bilhões de euros em troca de um resgate de 10 bilhões de euros.

Fontes da UE afirmaram que, segundo o acordo alcançado, o maior banco da ilha, o Banco do Chipre – onde está a maior parte dos depósitos russos, está a salvo da falência. Depósitos acima de 100.000 euros em ambos os bancos, que não são garantidos pela lei da UE, serão congelados e usados para solucionar as dívidas do Laiki Bank, a segunda maior instituição financeira do país, e recapitalizar o banco do Chipre por meio de uma conversão de depósitos/ações.

O Laiki Bank será fechado, com milhares de pessoas a serem demitidas e fortes perdas por parte dos grandes depositantes, assim como os detentors de títulos senior notes. A dívida do Laiki soma, com o mecanismo de Assistência de Liquidez de Emergência (ELA) do BCE, quase 9,5 bilhões de euros. Autoridades disseram que detentores sêniors de títulos no Laiki serão extintos e aqueles no Banco do Chipre terão de fazer uma contribuição.

Reação - O ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, afirmou nesta segunda-feira que o acordo alcançado pelo Chipre e seus credores internacionais resolvem a crise, mas será difícil para os cipriotas. "Nós evitamos um desastre econômico", disse ele, acrescentando que o sistema do Chipre era insustentável por causa da grande dívida do país em comparação com a sua produção. A crise reforçou a necessidade de um regulador bancário único para os bancos europeus, incluindo os menores, disse Fabius. Um aspecto positivo do acordo é que ele protege os pequenos depositantes, acrescentou.

Fabius também alertou que a Rússia pode reagir de forma brusca ao acordo para salvar os bancos Chipre. "Eu não sei qual será a reação dos russos, mas pode ser dura de fato", afirmou Fabius em entrevista à rádio Europe 1. Grande parte dos depósitos confiscados são de origem russa. Estima-se que os russos tenham cerca de 20 bilhões de euros investidos na ilha.

De acordo com agências de notícias russas, o primeiro-ministro do país, Dmitry Medvedev, já manifestou seu descontentamento com o plano, ao comentar em reunião com autoridades do governo que "o roubo do que já foi roubado continua", de acordo com agências de notícias locais. Falando depois da reunião, o vice-primeiro-ministro Igor Shuvalov afirmou que as perdas para os investidores russos no Chipre ainda não estão claras. Contudo, na semana passada a Rússia recusou os pedidos desesperados por auxílio financeiro do governo cipriota.

Leia mais: BCE dá ultimato ao Chipre sobre resgate

Contexto - O acordo preliminar é fechado pouco mais de uma semana após as discussões com os credores começarem. Os oito dias foram marcados por protestos, manifestações, declarações de preocupação de autoridades europeias e holofotes mundiais voltados para a pequena ilha.

Inicialmente, ao aprovarem a ajuda financeira ao Chipre no dia 16 de março, os credores pediram que a ilha taxasse todos os depósitos bancários entre 6,75% e 9,9% de forma a arrecadar 5,8 bilhões de euros. O plano, rejeitado no Parlamento durante a semana, causou um descontentamento generalizado no país, e levou seus líderes a pensar em formas alternativas de levantar o dinheiro exigido. Os bancos estão fechados desde sábado passado e assim permanecerão até esta terça-feira. Somente os caixas eletrônicos estão funcionando. A bolsa de valores do país também não vai voltar a operar esta semana.

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