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Em gravações, Jucá sugere pacto para deter Lava Jato, diz jornal

Defesa do atual ministro alega que ele "jamais pensaria em fazer qualquer interferência" na Operação

Entrevista coletiva com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o ministro do Planejamento, Romero Jucá, sobre a nova meta fiscal de 2016, em Brasília (DF) - 20/05/2016
Entrevista coletiva com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o ministro do Planejamento, Romero Jucá, sobre a nova meta fiscal de 2016, em Brasília (DF) - 20/05/2016(Adriano Machado/Reuters)
O atual ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-RR), sugeriu em conversas com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma possível mudança no governo federal resultaria em um pacto para "estancar a sangria" feita pela Operação Lava Jato, que investiga ambos. O diálogo foi gravado em março. A reportagem é do jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira.
A conversa ocorreu semanas antes da votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. O áudio tem mais de uma hora duração e está em posse da Procuradoria Geral da República (PGR). O advogado do atual ministro, Antonio Carlos de Almeida Castro, disse ao jornal que Jucá "jamais pensaria em fazer qualquer interferência" na Lava Jato "porque essa não é a postura dele".
"Estancar essa sangria" - Em um dos trechos revelados pelo jornal, Machado diz: "O Janot [procurador-geral da República] está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o caminho". Logo em seguida, Jucá afirma "Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria". Machado acredita que o envio de seu caso do Supremo Tribunal Federal para o juiz federal Sergio Moro, em Curitiba, seria uma estratégia para que ele fizesse delação premiada e, com isso, incriminasse líderes do PMDB. Outro trecho da conversa revela o receio de novos acordos com a Justiça. Machado afirma que novas delações não deixariam "pedra sobre pedra". Jucá completa dizendo que o caso "não pode ficar na mão desse [Moro]".
Adiante, Machado diz: "Então eu estou preocupado com o quê? Comigo e com vocês. A gente tem que encontrar uma saída".
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"Delimitava onde está" - Machado ainda afirma que "a solução mais fácil era botar o Michel [Temer]". Jucá acrescenta que um eventual governo de Temer poderia construir um pacto nacional "com o Supremo, com tudo" e Machado responde "aí parava tudo". "É, delimitava onde está, pronto", diz Jucá. Quando Machado afirma que "o caminho é buscar alguém que tenha relação com Teori [Zavascki]", que é o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Jucá classifica o ministro como "um cara fechado".
Ainda durante a conversa, Machado afirma que a situação é grave. "Eles querem pegar todos os políticos", diz, logo em seguida, acrescentando que precisa da inteligência de Jucá, e o ministro se põe à disposição: "Veja a hora que você quer falar".
"O primeiro a ser comido" - Em outro trecho, Machado afirma que o senador Aécio Neves vai ser o primeiro "a ser comido" referindo-se às investigações da Lava Jato. Jucá afirma que todos serão. O ex-senador ainda diz que não há muito tempo, o ministro concorda "Não, o tempo é emergencial". Em seguida, Machado afirma que precisa de uma "conversa emergencial com vocês".
O juiz federal Sergio Moro é mencionado na conversa como "uma 'Torre de Londres'", em uma referência ao castelo da Inglaterra onde ocorreram torturas e execuções entre os séculos 15 e 16, já que, segundo Jucá, os suspeitos eram enviados até Moro "para o cara confessar".
"Poucos caras ali" - O ministro Jucá afirmou também que havia mantido conversas com "ministros do Supremo", porém não os mencionou nominalmente. Segundo Jucá, os ministros relacionaram o afastamento de Dilma com o fim de pressões da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da Operação Lava Jato, e em seguida afirmou que tem "poucos cara ali [no STF]" dos quais não tem acesso.
"Boi de piranha" - Machado cita o presidente do Senado Renan Calheiros como "voador" ao mencionar que depois da cassação de Eduardo Cunha, ele é o "próximo alvo" e ainda não percebeu. "Então quanto mais vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor pra ele". Jucá afirma em seguida é preciso "um boi de piranha" para que eles possam "chegar do outro lado da margem" em alusão ao fato de saírem ilesos das investigações.
O ex-senador, Sérgio Machado é afilhado político de Renan Calheiros. Em novembro de 2014, citado nas investigações da Operação Lava Jato como um dos integrantes do esquema de corrupção na Petrobras, pediu licença do cargo de presidente da Transpetro, que ocupou por mais de dez anos. No STF, Machado é alvo de inquérito junto com Renan Calheiros.
Jucá teve seu nome citado em delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa. Desde então, ele é alvo de inquérito no STF por suspeita de recebimento de propina, além ser investigado na Operação Zelotes.

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