Pular para o conteúdo principal

Novos áudios mostram que Jucá não falava sobre economia ao citar "sangria"

No contexto em que as gravações foram feitas, o ex-presidente da Transpetro e o ministro do Planejamento discutiam formas de evitar que o caso envolvendo Sergio Machado fosse parar nas mãos do juiz Sergio Moro

Ministro do Planejamento Romero Jucá participa de coletiva de imprensa em Brasília
Ministro do Planejamento Romero Jucá participa de coletiva de imprensa em Brasília - Reuters)
Novos áudios da conversa gravada entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado, revelados pelo jornal Folha de S. Paulo, mostram que o peemedebista não estava falando sobre a economia brasileira quando disse que era preciso "mudar o governo para poder estancar essa sangria", conforme ele mesmo alardeou ao justificar as gravações bombásticas nesta segunda-feira.
O diálogo sugere que Machado e Jucá discutem formas de impedir que o caso do ex-presidente da subsidiária da Petrobras "desça" para as mãos do juiz federal Sergio Moro. Na visão de Machado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não teria encontrado "nada" contra ele e, por isso, remeteria o caso a Moro na tentativa de que o juiz conseguisse alguma "conexão".
"Não encontrou nada, não tem nada. O que é que faz? Como tem aquela delação do Paulo Roberto [dirigente da Petrobras] dos 500.000 e tem a delação do Ricardo [Pessoa, da UTC], que é uma coisa solta, ele quer pegar essas duas coisas. Não tem nada contra os senadores, joga ele para baixo. Tem que encontrar uma maneira", diz Machado no áudio.
Nesse contexto, Jucá responde: "Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. [...] Tem que ser política, advogado não encontra.... Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra... Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria". A continuação da conversa reforça ainda mais a tese de que o ministro não falava sobre a crise econômica: "Tem que ser uma coisa política e rápida. Eu acho que ele está querendo... o PMDB. Prende e bota lá embaixo. Imaginou?", completa Machado.
Nesta manhã, ao ser confrontado com os trechos, Jucá explicou que estava se referindo a "estancar a paralisia do Brasil, a sangria da economia e do desemprego". Presidente do PMDB e um dos maiores aliados do presidente interino Michel Temer, Jucá anunciou que se licenciará do cargo amanhã para aguardar manifestação do Ministério Público Federal sobre o caso.
A conversa entre o peemedebista e Machado ocorreram semanas antes da votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. O diálogo, que tem mais de uma hora de duração, está em posse da Procuradoria-Geral da República, que investiga Jucá por suposto recebimento de propina no petrolão. Segundo o Radar On-line, a gravação faz parte de um acordo de delação premiada que o ex-presidente da Transpetro negocia com o MPF.
Machado foi indicado ao cargo pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a cúpula do PMDB da Casa bancou a sua permanência no cargo por cerca de dez anos.
O advogado do ministro, Antonio Carlos de Almeida Castro, afirmou à Folha que Jucá "jamais pensaria em fazer qualquer interferência" na Lava Jato "porque essa não é a postura dele".
Nos áudios, Jucá e Machado ainda são flagrados comentando sobre a prisão do ex-senador Delcídio do Amaral, que estava preso na época sob acusação de obstruir os desdobramentos da Operação Lava Jato. Os dois classificam a detenção do ex-líder do governo Dilma como uma "cagada geral", junto com a mudança da jurisprudência do STF de determinar o começo do cumprimento de pena após condenação em segunda instância.
Jucá diz: "Não adianta soltar o Delcídio, aí o PT dá uma manobra, tira o cara, diz que o cara é culpado, como é que você segura uma porra dentro do plenário". Machado, então, comenta, criticando aparentemente a decisão do STF de prender Delcídio: "Mas o cara não foi preso em flagrante, tem que respeitar a lei. Respeito à lei...". Jucá responde: "Pois então. Ali não teve jeito, não. A hora que o PT veio, entendeu, puxou o tapete dele, o Rui [Falcão, presidente do PT], a imprensa toda, os caras não seguraram, não", ao que Machado responde: "Eu sei disso, foi uma cagada". "Foi uma cagada geral", conclui Jucá.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p