Parlamento predomina em ministério de Temer
O deputado Fernando Bezerra Filho, e o ex-parlamentar Helder Barbalho foram empossados nesta sexta-feira pelo presidente interino, Michel Temer. No total, dos 23 ministros, 19 são políticos
O peemedebista almejava o que foi definido como Ministério de "notáveis", mas acabou cedendo à pressão dos partidos para manter o compromisso de reduzir o tamanho do primeiro escalão. O principal exemplo se deu com a Saúde. Temer queria que o PP avalizasse o nome do cirurgião paulista Raul Cutait. A bancada da sigla na Câmara não gostou da ideia e ameaçou boicotar o novo governo em votações na Casa. Com a pressão, o deputado Ricardo Barros (PR) levou o cargo.
A pressão dos partidos fez com que o desenho da Esplanada mudasse constantemente. O PRB, por exemplo, começou pedindo a Agricultura. Após pressão do setor por um nome ligado à área, Temer ofereceu em troca Ciência e Tecnologia. A legenda anunciou para o posto o presidente do partido, o advogado e bispo licenciado da Igreja Universal Marcos Pereira. Nova leva de críticas. Por fim, com a fusão da pasta com Comunicações, Pereira foi para o Ministério do Desenvolvimento.
O PMDB de Temer ficou com sete ministérios. Desses, três são parlamentares: os deputados Leonardo Picciani (Esporte) e Osmar Terra (Desenvolvimento Agrário e Social) e o senador Romero Jucá (Planejamento). Também há os ex-deputados Helder Barbalho (Integração Nacional) e Henrique Alves (Turismo).
Um dos principais fiadores do impeachment de Dilma, o PSDB terá três integrantes no governo Temer. Desses, dois são parlamentares: o senador José Serra (Relações Exteriores) e o deputado Bruno Araújo (Cidades), próximo do presidente da sigla, senador Aécio Neves (MG). A legenda indicou o ministro da Justiça: o ex-procurador de Justiça e advogado Alexandre de Moraes, que deixou a pasta da Segurança Pública do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
PP e PSD indicaram cada um dois representares. No caso do PP, são dois parlamentares: o deputado Ricardo Barros (Saúde) e o senador Blairo Maggi (Agricultura), que deixou o PR e se filiou ao partido na quarta-feira.
Ainda assim, Temer não conseguiu agradar a todos. Um dos principais articuladores do impeachment na Câmara, o presidente do Solidariedade, deputado Paulo Pereira da Silva (SP), reclamou porque o partido ficou sem ministério. Paulinho da Força chegou a negociar com Temer o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Com a fusão da pasta com o Desenvolvimento Social, o partido, que tem catorze deputados, ficou sem vaga na Esplanada.
A equipe de Temer também tem três alvos da Operação Lava Jato: Romero, Jucá, Henrique Alves e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (BA), que assumirá a Secretaria de Governo. Os dois últimos passam a ter foro privilegiado e, agora, só podem ser investigados perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Às vésperas de assumir o cargo, Temer disse que o fato de ser investigado não seria impeditivo para a nomeação de seus auxiliares.
Jucá é investigado por suposto recebimento de dinheiro desviado da Petrobras e do setor elétrico. Um inquérito apura se ele cometeu crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Recentemente, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de novas linhas de investigação contra Jucá e outros integrantes da cúpula do PMDB por possível envolvimento em desvio de recursos das obras da Hidrelétrica de Belo Monte e outros projetos do Ministério de Minas e Energia. Jucá também é alvo de inquérito ligado à Operação Zelotes, esquema de lobby envolvendo MPs. Jucá nega envolvimento em qualquer crime.
Henrique Alves teve a casa como alvo de busca de uma fase da Lava Jato, batizada de Catilinárias. Geddel foi citado em mensagens interceptadas, mas não é alvo direto de investigação. Tanto Alves quando Geddel admitem ter tratado com o empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, de questões de interesse dele, mas negam irregularidades.
(Com Estadão Conteúdo)
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