Jucá: "Não há a mínima chance de interferência na Lava Jato"
Ministro do Planejamento nega que tenha tentado obstruir investigação e afirma que vai continuar no cargo enquanto tiver a confiança do presidente interino Michel Temer
O ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB), negou nesta segunda-feira que tenha tentado interferir ou obstruir a Operação Lava Jato. Investigado na Lava Jato e na Operação Zelotes, ele foi flagrado em conversas com o ex-senador e ex-dirigente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, Sergio Machado. Na conversa, revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, ele fala em "delimitar" e "estancar essa sangria". Jucá disse que vai continuar no cargo de ministro enquanto tiver a confiança de Temer. Nas primeiras declarações públicas, Temer afirmou que não iria poupar ministros envolvidos em irregularidades.
Jucá disse que esteve com Temer pela manhã e que o presidente interino pediu a ele que se explicasse publicamente. "Não vejo motivo para afastamento. Eu me vejo ajudando o governo a melhorar a economia. O cargo de ministro é uma decisão do presidente Temer. Vou exercê-lo na plenitude enquanto entender que tenho a confiança de Temer. Estou ministro. A minha função é de senador da República."
Segundo Jucá, "não há a mínima chance de interferência do poder Executivo sobre a Operação Lava Jato". "O presidente Michel Temer reafirma seu compromisso com a Operação Lava Jato e vai apoiar como puder para que seja feita de forma célere sem proteger quem quer que seja," disse o ministro.
O ministro afirmou que a publicação da conversa "é algo desconfortável, mas não me compromete" e que também não atribui a ele "nenhum ato ilícito". "Não há demérito em ser investigado, o demérito é ser condenado. Não tenho temor em ser investigado na Lava Jato ou qualquer outra investigação. Não tenho nada a temer, não devo nada a ninguém."
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Ao explicar o trecho da conversa em que fala em "estancar essa sangria", Jucá disse que estava se referindo a "estancar a paralisia do Brasil, a sangria da economia e do desemprego". Sobre a passagem em que fala em "delimitar onde está", o ministro afirmou: "Delimitar responsabilidade é definir quem tem culpa e quem não tem. Não é paralisar a investigação. Ninguém em sã consciência pode entender que há como barrar a Lava Jato." Jucá declarou que "o governo do PT e da presidente Dilma Rousseff estava paralisado pela Lava Jato", com ministros investigados, e só se preocupava com as consequências da operação.
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O ministro relatou que não teve acesso aos áudios e que não sabe se houve vazamento. Jucá disse que as frases estão fora de contexto e que a conversa "não tem consequência prática, apenas faz uma onda" em meio à votação de matérias econômicas, como a revisão da meta fiscal de 170,5 bilhões de reais no Congresso Nacional.
"Quero repelir a leitura dada pelo jornal dos diálogos com o ex-senador Sergio Machado. Ele foi à minha casa numa manhã, na hora do café e me procurou para conversar. É membro do PMDB, foi líder do PSDB, pessoa com quem convivi durante muitos anos", disse, acrescentando que Machado deveria explicar a conversa em suas próprias palavras.
Jucá também negou ter consultado os ministros do Supremo Tribunal Federal sobre a investigação. "Nunca tratei com ninguém no STF e no MP para interferir numa investigação. Nunca cometi e não cometeria qualquer ato para paralisar investigação, seja a Lava Jato ou qualquer outra." Segundo a transcrição da conversa, o peemedebista disse a Machado que tinha acesso a ministros do Supremo Tribunal Federal.
"É desconfortável que a maioria da classe política esteja com uma nuvem negra sob a cabeça", disse o ministro. "Fazer com que todos pareçam iguais não é um bom caminho."
Por ordem de Temer, Jucá convocou a coletiva de imprensa para dar sua versão sobre o diálogo com Machado. Nervoso, ele falou por 50 minutos e repetiu diversas vezes que a versão da reportagem não é verdadeira. Enquanto ele se explicava, cerca de trinta sindicalistas defensores do PT montaram um protesto e pediram "fora Temer e fora Jucá" do lado de fora do Ministério do Planejamento, em Brasília. A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Federais do DF, filiado à CUT.
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