Pular para o conteúdo principal

Jucá: "Não há a mínima chance de interferência na Lava Jato"

Ministro do Planejamento nega que tenha tentado obstruir investigação e afirma que vai continuar no cargo enquanto tiver a confiança do presidente interino Michel Temer

Romero Jucá, ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão
Romero Jucá, ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão durante coletiva em Brasília (DF) - 13/05/2016(Evaristo Sa/AFP)
O ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB), negou nesta segunda-feira que tenha tentado interferir ou obstruir a Operação Lava Jato. Investigado na Lava Jato e na Operação Zelotes, ele foi flagrado em conversas com o ex-senador e ex-dirigente da Transpetro, subsidiária da Petrobras, Sergio Machado. Na conversa, revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, ele fala em "delimitar" e "estancar essa sangria". Jucá disse que vai continuar no cargo de ministro enquanto tiver a confiança de Temer. Nas primeiras declarações públicas, Temer afirmou que não iria poupar ministros envolvidos em irregularidades.
Jucá disse que esteve com Temer pela manhã e que o presidente interino pediu a ele que se explicasse publicamente. "Não vejo motivo para afastamento. Eu me vejo ajudando o governo a melhorar a economia. O cargo de ministro é uma decisão do presidente Temer. Vou exercê-lo na plenitude enquanto entender que tenho a confiança de Temer. Estou ministro. A minha função é de senador da República."
Segundo Jucá, "não há a mínima chance de interferência do poder Executivo sobre a Operação Lava Jato". "O presidente Michel Temer reafirma seu compromisso com a Operação Lava Jato e vai apoiar como puder para que seja feita de forma célere sem proteger quem quer que seja," disse o ministro.
O ministro afirmou que a publicação da conversa "é algo desconfortável, mas não me compromete" e que também não atribui a ele "nenhum ato ilícito". "Não há demérito em ser investigado, o demérito é ser condenado. Não tenho temor em ser investigado na Lava Jato ou qualquer outra investigação. Não tenho nada a temer, não devo nada a ninguém."
Publicidade
Ao explicar o trecho da conversa em que fala em "estancar essa sangria", Jucá disse que estava se referindo a "estancar a paralisia do Brasil, a sangria da economia e do desemprego". Sobre a passagem em que fala em "delimitar onde está", o ministro afirmou: "Delimitar responsabilidade é definir quem tem culpa e quem não tem. Não é paralisar a investigação. Ninguém em sã consciência pode entender que há como barrar a Lava Jato." Jucá declarou que "o governo do PT e da presidente Dilma Rousseff estava paralisado pela Lava Jato", com ministros investigados, e só se preocupava com as consequências da operação.
LEIA TAMBÉM:
O ministro relatou que não teve acesso aos áudios e que não sabe se houve vazamento. Jucá disse que as frases estão fora de contexto e que a conversa "não tem consequência prática, apenas faz uma onda" em meio à votação de matérias econômicas, como a revisão da meta fiscal de 170,5 bilhões de reais no Congresso Nacional.
"Quero repelir a leitura dada pelo jornal dos diálogos com o ex-senador Sergio Machado. Ele foi à minha casa numa manhã, na hora do café e me procurou para conversar. É membro do PMDB, foi líder do PSDB, pessoa com quem convivi durante muitos anos", disse, acrescentando que Machado deveria explicar a conversa em suas próprias palavras.
Jucá também negou ter consultado os ministros do Supremo Tribunal Federal sobre a investigação. "Nunca tratei com ninguém no STF e no MP para interferir numa investigação. Nunca cometi e não cometeria qualquer ato para paralisar investigação, seja a Lava Jato ou qualquer outra." Segundo a transcrição da conversa, o peemedebista disse a Machado que tinha acesso a ministros do Supremo Tribunal Federal.
"É desconfortável que a maioria da classe política esteja com uma nuvem negra sob a cabeça", disse o ministro. "Fazer com que todos pareçam iguais não é um bom caminho."
Por ordem de Temer, Jucá convocou a coletiva de imprensa para dar sua versão sobre o diálogo com Machado. Nervoso, ele falou por 50 minutos e repetiu diversas vezes que a versão da reportagem não é verdadeira. Enquanto ele se explicava, cerca de trinta sindicalistas defensores do PT montaram um protesto e pediram "fora Temer e fora Jucá" do lado de fora do Ministério do Planejamento, em Brasília. A manifestação foi organizada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Federais do DF, filiado à CUT.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.