Pular para o conteúdo principal

Equipe econômica é alinhada e tem diálogo estreito com mercado, dizem analistas

Diferentemente do que se via nos últimos momentos do governo Dilma Rousseff, integrantes da nova equipe econômica sinalizam ter agenda única, o que deve agilizar decisões

Henrique Meirelles, Ilan Goldfajn, Mansueto de Almeida Júnior e Maria Silvia Bastos Marques
Henrique Meirelles, Ilan Goldfajn, Mansueto de Almeida Júnior e Maria Silvia Bastos Marques(AF)
A credibilidade dos nomes escolhidos, a aparente sintonia de ideias que têm e a capacidade de diálogo com o setor privado são algumas das características citadas por economistas de fora do governo para definir a equipe econômica anunciada nesta terça-feira pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Essas características tendem a agilizar a tomada de decisões, ao menos de acordo com a primeira leitura sobre o time feita por analistas.
Meirelles como ministro da Fazenda, Ilan Goldfajn na presidência do Banco Central (BC), Mansueto de Almeida Júnior como secretário de Acompanhamento Econômico e Maria Sílvia Bastos Marques como presidente do BNDES são nomes familiares e benquistos pelo mercado. A considerar o perfil de cada um, afirmam analistas ouvidos pelo site de VEJA, pela primeira vez em anos o país terá a chance da construir uma agenda única capaz de dar início a reformas duras, porém necessárias, para o equilíbrio das contas públicas e a retomada da atividade.
"O governo anterior não tinha uma agenda devido às divergências entre os intregrantes da equipe econômica e o governo. Tínhamos BC e Fazenda em direções opostas. O ex-ministro Nelson Barbosa, por exemplo, chegou a dizer que era preciso fazer uma reforma da Previdência, e sofreu forte resistência por parte de integrantes do PT, como o presidente da legenda Rui Falcão. Não havia consenso", diz Celson Plácido, estrategista-chefe da XP Investimentos.
Plácido enfatizou a importância estratégica do cargo de Mansueto - a quem se referiu como um dos maiores especialistas em contas públicas do país - na identificação de onde estão os problemas da área fiscal. "Esse diagnóstico é importante, para começar a agir com poucas, mas eficientes medidas", disse.
A dúvida que fica, segundo o sócio da 4E Consultoria Juan Jensen é a capacidade de articulação do novo governo no Congresso. "O ex-ministro Joaquim Levy também montou uma equipe muito qualificada tecnicamente, fez propostas, mas não conseguiu avançar por problemas de articulação política", disse. "Mas é indiscutível que fica mais fácil fazer o trabalho, sentar na cadeira, com o respeito dos mercados."
Até agora, nenhuma medida concreta foi anunciada pela nova equipe econômica. Um dos mantras repetidos por Meirelles em entrevistas recentes é "vamos devagar que eu estou com pressa". Em compasso de espera, os mercados reforçam a cautela. Nesta tarde, a Bovespa caía mais de 1,50% e o dólar também operava em baixa, de cerca de meio porcento.
LEIA TAMBÉM:
Ilan Goldfajn assume o BC sob apostas de que ciclo de corte de juros se aproxima
Mansueto: carga tributária 'é menor do que se pensava', mas pior do que deveria
Prova de fogo - A capacidade de articulação da equipe econômica do presidente interino Michel Temer será posta à prova já na semana que vem, quando deverá ocorrer no Congresso a votação da nova meta fiscal. A votação está prevista para ocorrer até quarta-feira.
Para o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, a expectativa é de que, restabelecido o comando do país, a economia possa ganhar alguma tração e, eventualmente, evitar uma queda do PIB em 2017. "Fechamos 2015 com queda e, mesmo estando ainda em abril, já é absolutamente certo que fecharemos com queda forte neste ano. Com a troca de governo, existe alguma chance de revertermos isso e acreditamos que a recuperação da economia tenda a elevar os negócios em todos os segmentos, incluindo o nosso", avaliou.
Em nota, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, classificou a nova equipe como "robusta, homogênea e de credibilidade". "Tarcísio Godoy (secretaria executiva), Carlos Hamilton (secretaria de Política Econômica), Mansueto Almeida e Marcelo Caetano (secretaria de Previdência) são nomes da confiança do ministro Meirelles e expoentes em suas atividades", resumiu.
Para Trabuco, a nomeação de Ilan será a a "chave" para o sucesso da nova equipe econômica "no desafio de alcançar a condição de relançar a economia brasileira a um novo tempo de crescimento, emprego e conquistas sociais". Já Maria Silvia, que assumirá o BNDES, foi definida como uma "profissional de qualidade, incansável e exemplar na busca dos objetivos traçados".
O presidente do BC, Alexandre Tombini, também elogiou a nomeação do novo dirigente da autoridade monetária. Segundo ele, Ilan é um "profissional reconhecido, com larga experiência no setor financeiro brasileiro e ampla visão da economia nacional e internacional (...) Suas qualidades e sua formação o credenciam a uma bem-sucedida gestão frente à autoridade monetária brasileira", disse.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com...
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estim...
Lula se frustra com mobilização em seu apoio após os primeiros dias na cadeia O ex-presidente acreditou que faria do local de sua prisão um espaço de resistência política Compartilhar Assine já! SEM JOGO DUPLO Um Lula 3 teria problemas com a direita e com a esquerda (Foto: Nelson Almeida/Afp) O ex-presidente  Lula  pode não estar deprimido, mas está frustrado. Em vários momentos, antes da prisão, ele disse a interlocutores que faria de seu confinamento um espaço de resistência política. Imaginou romarias de políticos nacionais e internacionais, ex-presidentes e ex-primeiros-ministros, representantes de entidades de Direitos Humanos e representantes de movimentos sociais. Agora, sua esperança é ser transferido para São Paulo, onde estão a maioria de seus filhos e as sedes de entidades como a CUT e o MTST.