Janot defende Lula ministro – mas investigado por Moro
Em parecer ao STF, procurador-geral apontou 'desvio de finalidade' na nomeação do petista à Casa Civil, mas defendeu, 'por ora', a prerrogativa da presidente de escolher seus ministros
"Com isso se preserva, ao menos por ora, a prerrogativa presidencial de nomear seu auxiliar, com base nos critérios próprios de confiança, mas ao mesmo tempo se evitam os efeitos negativos para o interesse público decorrentes do desvio existente no ato", escreveu Janot.
Do ponto de vista jurídico, segundo o procurador-geral, não há obstáculos para a nomeação de pessoa investigada criminalmente. Porém, ele sugere que existem elementos para apontar "ocorrência de desvio de finalidade" no ato da nomeação de Lula para determinar o foro perante o qual o petista seria investigado. Por esse motivo, o procurador-geral pede a manutenção do foro de Lula na Justiça de primeiro grau.
Janot aponta no parecer que Lula ganharia tempo com a remessa das investigações ao Supremo e que os processos criminais nos Tribunais são "sabidamente" mais lentos, o que poderia beneficiar o petista. "Diante desses fatores e da atuação inusual da Presidência da República em torno da nomeação, há elementos suficientes para afirmar ocorrência de desvio de finalidade no ato", escreveu Janot.
O procurador-geral também considerou "inegavelmente inusual" o fato de que a Presidência encaminhou a Lula o termo de posse para assinatura pelo ex-presidente antes da cerimônia oficial. "Se havia óbice à posse, por qualquer motivo, naturalmente existiria também à entrada em exercício, o que afastaria a urgência da remessa do termo à pessoa do nomeado, já que ele estaria impossibilitado de colaborar na qualidade de ministro, como almejava a nomeação", escreveu Janot.
Posse suspensa - O petista foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff para a Casa Civil no último dia 16. No dia 18, o ministro do STF Gilmar Mendes suspendeu a posse, aceitando o pedido do mandado de segurança de PSDB e PPS, que alegavam que Lula havia sido nomeada para ganhar foro privilegiado e ser julgado pelo Supremo, escapando do juiz Sergio Moro.
Mendes remeteu as investigações para primeira instância, sob comando de Moro. No dia 23, porém, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, determinou que o magistrado enviasse à Corte os processos que envolvem o ex-presidente. A decisão, porém, não anulou a liminar concedida por Gilmar Mendes que suspendeu a posse do petista para a Casa Civil. A questão da nomeação deve ser decidida no plenário do STF nesta semana.
(Com Estadão Conteúdo)
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