Pular para o conteúdo principal

Moro libera parte dos autos da Acarajé à defesa de Odebrecht

Advogados do empreiteiro terão acesso a investigações contra o marqueteiro João Santana, Mônica Moura e o operador de propinas Zwi Skornicki

O empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso desde junho do ano passado em Curitiba(Heuler Andrey/AFP)
O juiz Sergio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato em Curitiba, deferiu a maior parte dos pedidos da defesa do empreiteiro Marcelo Odebrecht por acesso aos autos da 23ª fase da Lava Jato, a Operação Acarajé. Os advogados de Odebrecht avisaram à Polícia Federal no Paraná que o empresário vai colaborar com as investigações da mais recente operação, que levou para a prisão o marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura. A defesa de Santana e Mônica, que havia pedido acesso aos mesmos autos, também poderá analisá-los. Outras solicitações da defesa do marqueteiro não foram deferidas integralmente por Moro.
O magistrado liberou às defesas o acesso ao inquérito que investiga o marqueteiro e sua esposa e à investigação contra o operador de propinas Zwi Skornicki, que teria pago 4,5 milhões de dólares a uma offshore controlada por Santana e Mônica no Panamá. Moro deferiu parcialmente o acesso ao processo de rastreamento financeiro de contas mantidas no exterior, já que há "diligências em andamento". O juiz federal indeferiu o acesso dos advogados de Odebrecht e Santana a uma interceptação telefônica "cujas diligências estão sendo ultimadas".
Além dos pedidos comuns aos da defesa de Marcelo Odebrecht, os advogados de João Santana fizeram outras solicitações a Moro. O inquérito que investiga o operador Nelson Martins Ribeiro foi liberado pelo juiz federal. Já o acesso às delações premiadas do ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, e do ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa, contudo, foi negado por Sergio Moro, que se justificou argumentando que "a praxe do Juízo é limitar o acesso do processo à Defesa do colaborador, por questão inclusive desse". Ele afirma, entretanto, que "os termos do acordo e depoimentos pertinentes a cada ação penal e investigação foram nelas anexados", de modo que as defesas poderiam encontrar neles "material probatório relevante".
LEIA MAIS:
Marcelo Odebrecht anuncia que pretende colaborar com a Justiça
Marcelo Odebrecht diz que só fala quando tiver acesso aos autos da Acarajé
Marqueteiro do PT recebeu 1,5 milhão de dólares na Suíça durante campanha de Dilma
Nesta quarta, Moro determinou que a PF flexibilize os horários na carceragem da superintendência para que Marcelo Odebrecht possa se encontrar mais vezes com os advogados. As últimas alegações do empreiteiro antes da sentença do primeiro processo a que responde no petrolão devem ser apresentadas até o dia 29. "Apesar de não existirem dificuldades reais para o exercício da ampla defesa, como, de fato, está em curso o prazo das alegações finais nesta ação penal, é o caso de determinar à autoridade policial alguma flexibilização dos horários de contato de Marcelo Odebrecht com seus defensores", disse Moro. De acordo com a decisão, o empreiteiro deve ter garantidos pelo menos 30 minutos por dia para discutir estratégias finais de defesa com seus advogados.
O herdeiro do Grupo Odebrecht deixou o Complexo Médico-Penal, na região de Pinhais (PR), e foi transferido para a PF após a deflagração da 23ª fase da Operação Lava Jato. Na etapa das investigações batizada de Acarajé, a força-tarefa do Ministério Público avalia que novas provas reforçam o envolvimento de Marcelo Odebrecht no escândalo do petrolão e escancara o pagamento de propina do conglomerado no exterior. Documentos comprovam que existia uma planilha de pagamentos ilícitos feitos pela Odebrecht, com destinatários como "Feira", uma referência ao marqueteiro João Santana, e JD, em alusão ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Segundo os investigadores, há indícios de que Marcelo Odebrecht detinha o controle do caixa de propina do grupo e conhecimento amplo do uso de offshores para o depósito de dinheiro a corruptos. Na 23ª fase da Lava Jato, as suspeitas são de que Hilberto Mascarenhas Alves Silva Filho e Luiz Eduardo Rocha Soares, que já foram ligados ao Grupo Odebrecht, e Fernando Miggliaccio da Silva, preso na Suíça, atuavam nos pagamentos no exterior por ordem da companhia.
Moro fala a Zavascki - Sergio Moro enviou um ofício hoje ao ministro do STF Teori Zavascki, responsável pelo julgamento de um habeas corpus do empreiteiro na Corte, informando-o dos fatos e investigações relacionados à Operação Acarajé. Moro relatou a Zavascki os pagamentos feitos por offshores da Odebrecht e o operador de propinas Zwi Skornicki a João Santana e Mônica Moura e detalhou ao ministro do STF a atuação do ex-executivo da Odebrecht Fernando Migliaccio, preso na Suíça, como operador de repasses. Segundo o magistrado, as mudanças de Migliaccio e do também executivo da empreiteira Luiz Eduardo da Rocha Soares ao exterior com o auxílio da Odebrecht são o que há de "mais relevante para [análise] do habeas corpus" na Operação Acarajé.
No ofício encaminhado ao ministro do Supremo, o magistrado alerta para o risco de fuga dos executivos, lembrando o caso do operador Bernardo Freiburghaus, "o agente da Odebrecht responsável por auxiliá-los na abertura de contas offshore no exterior, e que, durante o ano de 2014, refugiou-se na Suíça".
Na comunicação a Teori Zavascki, Sergio Moro também relata ter indeferido o pedido do Ministério Público Federal por nova prisão preventiva contra Marcelo Odebrecht no âmbito da 23ª fase da Operação Lava Jato.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
uspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco Há indícios de que alvos comandem Escritório do Crime, braço armado da organização, especializado em assassinatos por encomenda Chico Otavio, Vera Araújo; Arthur Leal; Gustavo Goulart; Rafael Soares e Pedro Zuazo 22/01/2019 - 07:25 / Atualizado em 22/01/2019 - 09:15 O major da PM Ronald Paulo Alves Pereira (de boné e camisa branca) é preso em sua casa Foto: Gabriel Paiva / Agência O Globo Bem vindo ao Player Audima. Clique TAB para navegar entre os botões, ou aperte CONTROL PONTO para dar PLAY. CONTROL PONTO E VÍRGULA ou BARRA para avançar. CONTROL VÍRGULA para retroceder. ALT PONTO E VÍRGULA ou BARRA para acelerar a velocidade de leitura. ALT VÍRGULA para desacelerar a velocidade de leitura. Play! Ouça este conteúdo 0:00 Audima Abrir menu de opções do player Audima. PUBLICIDADE RIO — O Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Rio de Janeiro (M
Nos 50 anos do seu programa, Silvio Santos perde a vergonha e as calças Publicidade DO RIO Para alguém conhecido, no início da carreira, como "o peru que fala", graças à vermelhidão causada pela timidez diante do auditório, Silvio Santos passou por uma notável transformação nos 50 anos à frente do programa que leva seu nome. Hoje, está totalmente sem vergonha. Mestre do 'stand-up', Silvio Santos ri de si mesmo atrás de ibope Só nos últimos meses, perdeu as calças no ar (e deixou a cena ser exibida), constrangeu convidados com comentários irônicos e maldosos e vem falando palavrões e piadas sexuais em seu programa. Está, como se diz na gíria, "soltinho" aos 81 anos. O baú do Silvio Ver em tamanho maior » Anterior Próxima Elias - 13.jun.65/Acervo UH/Folhapress Anterior Próxima Aniversário do "Programa Silvio Santos", no ginásio do Pacaembu, em São Paulo, em junho de 1965; na época, o programa ia ao ar p