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Santana omitiu offshore mesmo depois de retificar declarações à Receita Federal

Em 2015, enquanto a Lava Jato avançava, marqueteiro modificou declarações de Imposto de Renda e adicionou a seu patrimônio empresas em El Salvador, República Dominicana, Panamá e Argentina

O marqueteiro João Santana, preso na 23ª fase da Operação Lava Jato(Reuters)
Preso na Operação Acarajé, a 23ª fase da Lava Jato, o marqueteiro João Santana, responsável pelas últimas três campanhas do PT à Presidência da República, retificou em 2015 suas declarações de Imposto de Renda de 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014. Nas declarações retificadoras à Receita Federal, o publicitário acrescentou a seus bens quatro empresas no exterior, mas omitiu do fisco brasileiro a posse da empresa offshore Shellbill Finance S.A, por meio da qual recebeu 7,5 milhões de dólares no exterior de offshores da Odebrecht e do operador de propinas Zwi Skornicki.
Na retificação enviada à Receita no ano passado, João Santana adicionou a sua declaração de 2010 60% de participação societária na Polistepeque Comunicacion y Marketing S.A, aberta em junho de 2009 em El Salvador com capital de 2.000 dólares. Ainda na correção da declaração de 2010, Santana informou ao fisco ser um dos donos da Polis Caribe Comunicacion y Marketing, sediada na República Dominicana, onde o marqueteiro trabalhava na campanha do presidente Danilo Medina até o mandado de prisão emitido por Sergio Moro. Em El Salvador, João Santana trabalhou na campanha que elegeu o ex-presidente Mauricio Funes, em 2009.
O marqueteiro retificou à declaração de imposto de renda de 2013 ser dono de 60% da Polis America S.A, com capital declarado de 10.000 dólares. A empresa está sediada no Panamá, país onde, em 2014, pela primeira e única vez, um candidato conduzido por Santana sofreu uma derrota no plano presidencial. João Santana também declarou ser dono de 90% do capital de 80.000 dólares da Polis Propaganda na Argentina, constituída em abril de 2003.
Assim como o marido e sócio, Mônica Moura também retificou em 2015 suas declarações dos cinco anos anteriores. À declaração de 2011, ela adicionou uma fatia de 40% na Polistepeque e participação societária na Polis Caribe; na de 2013, a mudança feita pela mulher de João Santana foi a inclusão de 38% do capital da Polis America. Mônica Moura também declarou controlar 10% da filial argentina da Polis Propaganda.
"Em relação a offshore Shellbill Finance S/A citada na decisão judicial cujos beneficiários são João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura não está declarada em sua DIRPF", relata a Receita Federal, segundo a qual o patrimônio do marqueteiro cresceu 5.758% entre os anos de 2004 e 2014. Os dados foram levantados a partir da quebra do sigilo do publicitário.
O fisco indica que, em 2004, Santana tinha patrimônio de cerca de 1 milhão de reais, patamar que saltou para expressivos 59,12 milhões de reais em 2014, declarados como resultado de "lucros e dividendos recebidos pelas suas empresas de publicidade". A esposa dele, por sua vez, declarou patrimônio de aproximadamente 19,5 milhões de reais em 2014, diante de pouco mais de 56.000 reais em 2004.
Para os investigadores da Lava Jato, os vultosos valores nas contas de João Santana, majoritariamente resultado do trabalho em campanhas políticas do PT, levam à conclusão de que os recursos encontrados em contas secretas do marqueteiro no exterior também têm relação com os quadros petistas e com o escândalo do petrolão.

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