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PT tenta ligar coquetel molotov atirado contra prédio do partido a manifestantes que se opõem ao governo. É uma atitude irresponsável. Ah, sim, petistas: chamem a Polícia para tentar botar os vagabundos na cadeia!

O PT informa em seu site que a sede do Diretório Regional do Partido em São Paulo foi atacada por uma “bomba” — na verdade, um coquetel molotov — na madrugada desta quarta, isto é, nas primeiras horas do dia 25. Foi? Que o partido acione a Polícia Federal. Se alguém fez isso, não passa de um bandido. E tem de ser mandado para a cadeia. O xilindró é um bom lugar para intolerantes, para fascistoides, para pessoas que perseguem quem pensa de modo diferente, que estimulam o molestamento e assédio de adversários nos espaços públicos.
O partido não pode brincar com isso nem ser omisso. O PT fez muito mal, por exemplo, em ter comunicado o “atentado” quase 24 horas depois do ocorrido. A informação entrou no site do partido apenas as 22h06 desta quinta. É tempo demais, não é?
O texto (link aqui) não informa se o partido fez ao menos um Boletim de Ocorrência. Espero que não tenha demorado tanto tempo para chamar a polícia como demorou para dar publicidade a algo assim.
Paulo Fiorilo, presidente do Diretório Municipal de São Paulo, deu uma declaração complicada a respeito. No site do PT, leio isto: “Para Fiorilo, o ataque é prova contundente da ‘onda de intolerância e ódio contra o PT’ que se espalha pelo País”.
Aí, não! De que ódio Fiorilo está falando. Daquele das pessoas que saem pacificamente às ruas, protestando contra a roubalheira na Petrobras, contra o estelionato eleitoral e contra a impunidade? Das pessoas que saem às ruas manifestando seu descontentamento com Dilma e com o PT, assim como o PT, no passado, saiu às ruas para expressar sua oposição a Figueiredo, Sarney, Collor, Itamar e FHC? Dois milhões saíram às ruas sem incidentes. Cadê o ódio? Incrível: já procurei notas de repúdio do PT aos black blocs. Nunca vi. Gilberto Carvalho confessou que conversava com eles quando era ministro. Mas o partido já se manifestou mais de uma vez contra os “green and yellow blocs”, que não batem em ninguém, que não matam ninguém, que não quebram nem incendeiam nada.
Ainda no texto do PT, pode-se ler:
“No dia 15 deste mês, data em que aconteciam manifestações contra o governo em diversas partes do País, o Diretório Regional do PT em Jundiaí, no interior de São Paulo, também foi alvo de um coquetel molotov.”
A associação do episódio com as manifestações do dia 15 é uma provocação e uma irresponsabilidade. O que pretende o PT? Há gente por lá insatisfeita com as manifestações de caráter pacífico? Pois insatisfeita continuará, já que pacíficas elas serão. E sempre.
De resto, convém não ficar gerando onda com essas coisas. Até hoje não se sabe quem incendiou o Reichstag em 27 de fevereiro de 1933. Mas se sabe que os nazistas usaram o episódio para perseguir seus adversários, não é? Em menos de dois meses, com o auxilio da SA, a tropa de assalto, 25 mil pessoas foram presas e interrogadas.
Fiorilo tem tanto direito de acusar manifestantes do dia 15 pelo coquetel molotov como manifestantes do dia 15 têm o direito de desconfiar de que isso é coisa de petistas para incriminar adversários. Como nem uma coisa nem outra são prudentes, convém o PT chamar a Polícia, fazer boletim de ocorrência e ser mais rápido na divulgação de evento tão grave.
Não posso crer que os petistas só atentaram às 22h06 de ontem para algo acontecido na madrugada.
Texto publicado originalmente às 3h18
Por Reinaldo Azevedo
27/03/2015
às 4:00

Minha coluna na Folha: “Petistas têm de ler Marx”

Leiam trecho:
Com todos os equívocos que abriga, o “18 Brumário de Luís Bonaparte”, de Karl Marx, é um dos grandes livros de política. É leitura obrigatória para esquerdistas e conservadores. Nos anos recentes, estes têm se dedicado mais à teoria do que aqueles, o que é natural: os oprimidos costumam se preparar intelectualmente para a luta com mais afinco do que os opressores, que tendem a substituir a formação pelo proselitismo arrogante.
Quando eu era trotskista e quase criança, havia uma disputa para ver quem sabia quase de cor “O Programa de Transição”. Hoje em dia, já percebi, as pessoas não decoram nem a batatinha-quando-nasce da “revolução permanente”, apesar da crença fervorosa. Ocorre que a convicção que nasce da ignorância só produz fundamentalismo burro. Adiante.
Por que o “18 Brumário”? Lá está uma das boas frases sobre Luís Bonaparte, o sobrinho que seria o tio redivivo como farsa. O tirano da oportunidade, segundo Marx, vestindo a máscara napoleônica, “se torna vítima de sua própria concepção de mundo” e se transforma no “bufão sério que não mais toma a história universal por uma comédia, e sim a sua própria comédia pela história universal”. A síntese, concorde-se ou não com ela, é genial no sintagma, no arranjo de palavras. Acho fascinante esta imagem: pessoas que se tornam “vítimas de sua própria concepção do mundo”.
Tenho lido o que escrevem esquerdistas ilustrados sobre a derrocada do petismo. É evidente que não perco meu tempo com blogs sujos, com pistoleiros da internet, com gente incapaz de pensar com a coluna ereta –ou, nos termos celebrizados pelo documento da Secom, ignoro a “munição” que é “disparada” pelos “soldados de fora”. Não! Se André Singer escreve nestaFolha, no entanto, presto atenção ao que diz. Não lamento pelos outros. A Singer, dedico duas furtivas lágrimas.
(…)
Íntegra aqui
Por Reinaldo Azevedo
27/03/2015
às 3:57

PMDB quer estabelecer prazo para Dilma fazer indicações para o Supremo e para agências reguladoras

Por Vera Magalhães, na Folha:
Em nova investida contra Dilma Rousseff, o PMDB prepara a apresentação de PECs (Propostas de Emenda Constitucional) fixando prazos para que o presidente da República indique ocupantes de cargos no Judiciário, no Ministério Público e nas agências reguladoras –sob pena de, se não o fizer, o Congresso avocar a prerrogativa. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), afirmou à Folha que, quando apresentadas, as PECs seguirão o “rito normal” de tramitação. “Não vejo inconstitucionalidade. Isso, PEC da Bengala, mudança nos mandatos dos ministros de tribunais, são todas medidas passíveis de debate”, disse o peemedebista.
O pano de fundo de mais essa estocada do Congresso em Dilma é a demora da presidente em apontar o indicado para o lugar de Joaquim Barbosa no STF (Supremo Tribunal Federal). Barbosa se aposentou em 31 de julho. O vice-presidente Michel Temer foi comunicado da movimentação. Ponderou que, ao avocar para si a responsabilidade do presidente, o Legislativo poderia ferir a independência dos Poderes. O argumento dos parlamentares para justificar a medida é o oposto: que, ao não indicar, Dilma está interferindo no Judiciário e no funcionamento de instituições como as agências reguladoras.
Líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE) disse à Folha que apresentará PEC concedendo 90 dias para que o presidente indique diretores de agências reguladoras, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade. Diz também que o partido trabalhará para dar celeridade à tramitação de outra proposta de emenda, do senador Blairo Maggi (PR-MT), fixando prazos para o Judiciário. O projeto de Maggi fixa os mesmos 90 dias para o governo indicar um substituto ao STF e, caso não o faça, o Senado assume a prerrogativa.
Também dá prazo de 20 dias para o Planalto indicar membros correspondentes ao quinto constitucional para Tribunais Regionais Federais. Sem isso, o Senado também assumiria a prerrogativa. “Precisamos que o Executivo cumpra prazo. Hoje há um vácuo, uma lacuna. Há, por exemplo, agências com vagas abertas desde 2012″, diz o líder do PMDB.
(…)
Por Reinaldo Azevedo
26/03/2015
às 23:05

Mal se começou a investigar o escândalo do petrolão, e outro roubo mais alto se alevanta

Que coisa, não? Daqui a pouco falta Polícia Federal para tanto crime… A Operação Lava Jato mal começou o seu trabalho de faxina, e uma outra já foi deflagrada, a tal “Zelotes”, que investiga nada menos do que lavagem de dinheiro, advocacia administrativa, corrupção, tráfico de influência, associação criminosa… E vai por aí.  E tudo acontecendo, ora vejam!, no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). O Carf, meus caros, é uma espécie, assim, de “Poder Judiciário” da Receita Federal. É lá que os recursos de empresas e pessoas físicas são julgados. É formado por funcionários do Ministério da Fazenda e por representantes da sociedade. A PF estima que a fraude chegue a R$ 19 bilhões em 70 processos que foram analisados, o que superaria, em volume, as safadezas do… petrolão. Em matéria de corrupção, batemos recordes com espantosa facilidade.
Segundo a PF, o esquema articula escritórios de advocacia, de assessoria e de consultoria para atuar junto a conselheiros com o objetivo de diminuir o valor das multas — algumas dessas empresas pertencem aos próprios conselheiros, que se dividem em três Câmaras de análise: a primeira se encarrega do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL); a segunda, do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) e contribuições previdenciárias, e a terceira, das questões relativas a PIS/Cofins, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Imposto de Importação (II) e Imposto de Exportação (IE).
O que é um tanto surpreendente nesse caso? Embora em país nenhum do mundo o Fisco seja admirado — nem deve ser mesmo; quem paga imposto com prazer? —, a Receita era tida como uma área profissionalizada, moralmente respeitável. O escândalo deixa claro que não é bem assim.
A Polícia Federal recolheu, só nesta quinta, R$ 2 milhões em dinheiro. Desse total,  R$ 800 mil estavam num único cofre na casa Leonardo Manzan, genro do ex-secretário da Receita Otacílio Cartaxo e um dos ex-conselheiros do Carf investigados. Outros assessores de Cartaxo, que já presidiu o Carf, e ex-conselheiros também são suspeitos de participação no golpe.
Só para lembrar: Cartaxo substituiu, em agosto de 2009, a então secretária Lina Vieira, aquela que disse numa entrevista que Dilma, ministra da Casa Civil à época, havia lhe pedido para aliviar uma investigação que envolvia a família Sarney. Foi na gestão Cartaxo que se deu o vazamento de dados das declarações de renda de pessoas ligadas ao candidato presidencial do PSDB à época, José Serra. Um vazamento criminoso e que nunca foi esclarecido.
O então corregedor da Receita, Antônio Carlos D’Ávila, e Cartaxo vieram a público para negar o caráter político do vazamento — que era óbvio —, apontando, para espanto de todos, que “nas investigações, que poderão ser ratificadas pela Polícia Federal, há indícios de um balcão de compra e venda de dados sigilosos”. O curioso é que os dois falaram isso e não pediram demissão.
Tudo indica que a outrora nunca amada, mas respeitada, Receita Federal não resistiu à degradação dos costumes, dos valores, da ética e da moral.
Ah, sim! A operação se chama “Zelotes” para indicar o falso zelo, a falsa moralidade. Convém não fazer ilações de outra natureza, que podem remeter até à história de resistência dos judeus. Estou entre aqueles que acham que a Polícia Federal poderia escolher nomes mais simples para suas operações. Essa poderia se chamar “Caça-Safados”.
Por Reinaldo Azevedo

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