Pular para o conteúdo principal

Em meio a aperto, Congresso triplica verbas para partidos políticos

Valor a ser distribuído entre as legendas por meio do fundo partidário subiu de uma previsão de 289,5 milhões de reais para 867,5 milhões

Plenário da Câmara dos Deputados durante solenidade de posse da Presidente da República, Dilma Rousseff - 01/01/2015
Plenário da Câmara dos Deputados -
No momento em que o Congresso articula a implantação de medidas de arrocho fiscal defendidas pelo governo, deputados e senadores aprovaram na noite desta terça-feira, em votação simbólica, uma medida que triplica a verba específica para o fundo partidário, recurso público dividido entre os partidos políticos. A proposta integra o Orçamento de 2015, aprovado nesta noite com três meses de atraso.
A injeção de recursos destinados aos partidos não estava prevista no texto aprovado em dezembro pela Comissão Mista de Orçamento (CMO). O repasse inicial estimado às 32 legendas atualmente registradas no país era de 289,5 milhões de reais. Agora, o valor subiu para 867,5 milhões.
Para o senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator da proposta, não há contradição em elevar os recursos aos partidos no momento de restrição financeira. "Todo ano o fundo partidário é aumentado. Esse ano nós aumentamos mais porque havia condições de aumentar mais, foi uma decisão política que o Congresso tomou e que é legítima. Isso é importante para os partidos. Não se faz democracia sem partido e o modelo de financiamento da campanha vai ser discutido agora. Esse é um bom momento para se discutir isso", disse Jucá.
Leia também:
Governo entrega pacote anticorrupção ao Congresso
Bate-boca atrasa de novo votação da maioridade penal
De acordo com a Lei 9.096/95, que rege a aplicação do fundo partidário, o recurso pode ser utilizado na manutenção das sedes e serviços do partido, para o custeio das propagandas políticas e em campanhas eleitorais. Somente em 2014, as agremiações receberam 308,2 milhões de reais do dinheiro público, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Por ter eleito a maior bancada da Câmara nas eleições de 2010, o PT foi o principal beneficiado: recebeu 16% de todo o fundo - 50,3 milhões de reais -, o que explica a ambição do partido em instituir o financiamento exclusivamente público de campanha, passando a receber a fatia mais gorda entre todas as legendas. Depois do PT, os principais beneficiados pelo recurso partidário foram o PMDB (11,46%) e o PSDB (10,84%).
De acordo com Jucá, se o financiamento exclusivamente público de campanha for aprovado, o que levaria ao fim das doações privadas, os cofres públicos terão de passar a custear entre 5 e 7 bilhões de reais por ano "para atender toda a demanda". A proposta já tem maioria no Supremo Tribunal Federal (STF), mas ainda não foi concluída por um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. O Congresso também delibera sobre o tema no âmbito da reforma política.
Orçamento - Além dos 578 milhões de reais a mais no fundo partidário, os congressistas aprovaram medida que dá aos novos parlamentares, que representam 45% do Congresso, o direito a obter recursos por meio das emendas parlamentares. Os novatos, que estariam fora da peça orçamentária se ela tivesse sido aprovada dentro do prazo, terão direito a até 10 milhões de reais para serem investidos em suas bases eleitorais. A mudança também não estava prevista no texto aprovado na CMO, e foi vista como um afago do governo aos novos deputados e senadores. O gasto estimado nessa categoria é de 2,7 bilhões de reais, remanejados da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
O Orçamento de 2015 confirma o salário mínimo para este ano em 790 reais e o estipula o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,8%. Há ainda a previsão da inflação medida pelo Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) de 6,5% e o câmbio a 2,67 reais. A peça orçamentária segue para a análise da presidente Dilma Rousseff.
Conforme determina a Constituição, o Orçamento para 2015 deveria ter sido aprovado até o fim de dezembro do ano passado. No entanto, os parlamentares não concluíram a votação a tempo e a presidente Dilma Rousseff iniciou seu segundo mandato sem a peça orçamentária, ficando autorizada a gastar apenas 8% da previsão financeira para custear o salário do funcionalismo, ações de prevenção de desastres e medidas consideradas emergenciais.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Procurador do DF envia à PGR suspeitas sobre Jair Bolsonaro por improbidade e peculato Representação se baseia na suspeita de ex-assessora do presidente era 'funcionária fantasma'. Procuradora-geral da República vai analisar se pede abertura de inquérito para apurar. Por Mariana Oliveira, TV Globo  — Brasília O presidente Jair Bolsonaro — Foto: Isac Nóbrega/PR O procurador da República do Distrito Federal Carlos Henrique Martins Lima enviou à Procuradoria Geral da República representações que apontam suspeita do crime de peculato (desvio de dinheiro público) e de improbidade administrativa em relação ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). A representação se baseia na suspeita de que Nathália Queiroz, ex-assessora parlamentar de Bolsonaro entre 2007 e 2016, período em que o presidente era deputado federal, tinha registro de frequência integral no gabinete da Câmara dos Deputados  enquanto trabalhava em horário comerci
Atuação que não deixam dúvidas por que deveremos votar em Felix Mendonça para Deputado Federal. NÚMERO  1234 . Félix Mendonça Júnior Félix Mendonça: Governo Ciro terá como foco o desenvolvimento e combate às desigualdades sociais O deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) vê com otimismo a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. A tendência, segundo ele, é de crescimento do ex-governador do Ceará. “Ciro é o nome mais preparado e, com certeza, a melhor opção entre todos os pré- candidatos. Com a campanha nas Leia mais Movimentos apoiam reivindicação de vaga na chapa de Rui Costa para o PDT na Bahia Neste final de semana, o cenário político baiano ganhou novos contornos após a declaração do presidente estadual do PDT, deputado federal Félix Mendonça Júnior, que reivindicou uma vaga para o partido na chapada majoritária do governador Rui Costa (PT) na eleição de 2018. Apesar de o parlamentar não ter citado Leia mais Câmara aprova, com par
Estudo ‘sem desqualificar religião’ é melhor caminho para combate à intolerância Hédio Silva defende cultura afro no STF / Foto: Jade Coelho / Bahia Notícias Uma atuação preventiva e não repressiva, através da informação e educação, é a chave para o combate ao racismo e intolerância religiosa, que só em 2019 já contabiliza 13 registros na Bahia. Essa é a avaliação do advogado das Culturas Afro-Brasileiras no Supremo Tribunal Federal (STF), Hédio Silva, e da promotora de Justiça e coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Proteção dos Direitos Humanos e Combate à Discriminação (Gedhdis) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lívia Vaz. Para Hédio o ódio religioso tem início com a desinformação e passa por um itinerário até chegar a violência, e o poder público tem muitas maneiras de contribuir no combate à intolerância religiosa. "Estímulos [para a violência] são criados socialmente. Da mesma forma que você cria esses estímulos você pode estimular